PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Os Hermanos

Santo Imbróglio Epistolar: A carta do papa que era falsa mas que era verdadeira

Por arielpalacios
Atualização:

Comédia de enredos: A carta do papa Francisco que não era do papa Francisco...mas que depois era carta do papa.

PUBLICIDADE

O governo da presidente Cristina Kirchner nesta quinta-feira divulgou uma carta do papa Francisco. Durante o dia a Casa Rosada havia atarefado-se em comunicar pela agência estatal de notícias Télam e pelo próprio site da presidência argentina que o sumo pontífice, em um tom intimista (tratando a presidente Cristina de "vos", isto é, "você), havia remetido uma epístola à chefe de Estado argentina saudando-a pelo 25 de maio, uma das duas datas nacionais.

Nessa carta o santo padre também indicava que pedia a intercessão divina (especificamente, da Virgem de Luján), para que os argentinos encontrem "caminhos de convivência pacífica, diálogo construtivo e mútua colaboração, para que cresça a solidariedade, a concórdia e a Justiça".

O tom do governo ao divulgar a carta pontifícia, havia sido a de ressaltar a virtual proximidade entre o líder da Igreja Católica e a presidente Cristina.

No entanto, no fim do dia o secretário de protocolo do Vaticano, monsenhor Guillermo Karcher, afirmou que a carta do papa não era do papa. Isto é, essa epístola era falsa. "Ficamos supresos ao ver estas coisas. O papa não está com raiva disso, mas esta coisa é de muito mau-gosto". Depois, arrematou: "é uma picaretagem".

Publicidade

Karcher, agindo como porta-voz, sustentou, visivelmente irritado, que "com o nome do papa não se brinca". Segundo ele, o papa Francisco "ficou atônito" quando ficou sabendo da divulgação feita pela Casa Rosada da carta "falsa".

 

A carta do papa Francisco. Era carta verdadeira, era falsa, era a carta verdadeira, finalmente. 

Monsenhor Karcher também explicou que existiam discrepâncias naquela "suposta" epístola papal falsa, indicando que, se fosse oficial, ostentaria o timbre do Vaticano (mas na suposta carta falsa aparece o timbre da Nunciatura Apostólica).

À noite, perante o (suposto) papelão, integrantes do governo Kirchner tentaram justiticar a divulgação da carta. "Não sabemos porque o Vaticano diz que é falsa", balbuciou o secretário-geral da presidência, Oscar Parrilli. A seu lado, mais nervoso, Guillermo Olivieri, secretário de Culto (repartição encarregada da área religiosa dentro do Estado argentino), alegou que a missiva havia sido entregue na Casa Rosada em um envelope fechado da Nunciatura Apostólica.

"Não fazemos conjeturas nem sabemos o que foi que ocorreu", disse Parrilli. Segundo Olivieri, a carta foi entregue na Casa Rosada pela "pessoa" que sempre entrega a correspondência da Nunciatura.

Publicidade

Parrilli sustentou que leu a carta para a presidente Cristina. Esta, ao ouvir o conteúdo, considerou que era necessário divulgá-la.

No entanto, a carta tinha data do dia 15 de maio, possuía um erro de ortografia e não tinha um carimbo sequer. Parrilli explicou: "agora é que percebemos isso...".

CARTA SOME - Antes das declarações de Parrilli a Casa Rosada e a agência estatal Télam já haviam eliminado as informações sobre a carta papal, fazendo de conta que nunca havia existido.

O próprio governo Kirchner estava acreditando que havia sido enganado de alguma forma, possivelmente pela Nunciatura em Buenos Aires, à qual começava a acusar como a responsável pela primeira fase do imbróglio.

Mas, nesta quinta-feira de manhã, este vaticanáceo enredo - envolvendo um governo famoso por falsificar índices de inflação, pobreza e PIB - teve outra guinada: monsenhor Karcher retificou seu desmentindo, afirmando que a carta - ou telegrama - era verdadeiro. Na sequência, o porta-voz papal, Federico Lombardi, confirmou, por via das dúvidas, que a carta era verdadeira.

Publicidade

O governo Kirchner tentou usar a imagem do papa em diversas ocasiões: acima, o candidato kirchnerista das eleições parlamentares do ano passado, Martín Insauralde, que apertou a mão do papa durante 22 segundos no Rio de Janeiro durante a visita de Francisco ao Brasil. Esse exíguo tempo foi suficiente para fazer uma foto de valioso peso de marketing que foi transformada em outdoors espalhados em toda a província de Buenos Aires.

Embaixo, Dean Martin canta "Papa loves mambo". Em tempo, recado a todos: o papa em questão, que aprecia o ritmo caribenho, não é o sumo pontífice, mas sim, um pater familias.

//www.youtube.com/embed/bIT4Hk6YP5o

E aqui, "Papa don't preach". De novo, é preciso avisar: Não se trata do santo padre nesta canção de Madonna...

//www.youtube.com/embed/G333Is7VPOg

Publicidade

 

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

 
 

Publicidade

E, the last but not the least, siga o @inter_estadãoo Twitter da editoria de Internacional do estadão.com.br .

Conheça também os blogs da equipe de Internacional do portal correspondentes, colunistas e repórteres.

 

.......................................................................................................................................................................

Publicidade

Comentários racistas, chauvinistas, sexistas, xenófobos ou que coloquem a sociedade de um país como superior a de outro país, não serão publicados. Tampouco serão publicados ataques pessoais aos envolvidos na preparação do blog (sequer ataques entre os leitores) nem ocuparemos espaço com observações ortográficas relativas aos comentários dos participantes. Propaganda eleitoral (ou político-partidária) e publicidade religiosa também serão eliminadas dos comentários. Não é permitido postar links de vídeos. Os comentários que não tiverem qualquer relação com o conteúdo da postagem serão eliminados. Além disso, não publicaremos palavras chulas ou expressões de baixo calão (a não ser por questões etimológicas, como background antropológico).

 
 
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.