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Os Hermanos

Presidente mode mute: Cristina Kirchner bate recorde de silêncio (há um mês não pronuncia discursos)

Por arielpalacios
Atualização:

Cristina Kirchner falou em público por última vez no dia 10 de dezembro. A última ocasião na qual tuiteou foi no dia 13 do mês passado. O secretário da presidência, Oscar Parrilli, afirma que a presidente está governando e que "não precisa falar". Uma presidente verborrágica agora em inusitado mode mute.

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A presidente Cristina Kirchner foi operada de um hematoma no crânio no dia 8 de outubro, provocado por um traumatismo cuja origem o governo nunca explicou (embora tenha admitido que um 'acidente' ocorreu em agosto). Posteriormente, a presidente esteve de licença médica até o dia 18 de novembro, uns 10 dias a mais do que o originalmente previsto.

Cristina voltou ao trabalho, mas de forma low profile, sem a ostensiva presença de outrora. Seu último discurso em público ocorreu no dia 10 de dezembro, quando comandou as cerimônias do trigésimo aniversário da volta à democracia. Na ocasião discursou e dançou ao lado de uma veterana atriz do teatro de Revista, Moria Casán (que anos atrás defendeu a ditadura militar e o governo Menem) além de fazer um improvisado batuque em um palanque na frente da Casa Rosada, o palácio presidencial.

O silêncio presidencial manteve-se também no Twitter, rede social na qual a presidente - outrora ativa tuiteira - não escreve desde o dia 13 de dezembro.

No dia 19 de dezembro apareceu por última vez em público. Mas não falou. Foi para presidir a cerimônia de promoção de militares, entre eles, o general César Milani, chefe do exército, suspeito de ter torturado civis durante a ditadura.

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O baixo perfil de Cristina Kirchner é uma novidade na política nativa que era o cenário de constantes discursos que presidente argentina desde 2007 realizava várias vezes por dia (ou várias vezes por semana). De vários discursos diários nos mais diversos âmbitos (comícios, na Casa Rosada e qualquer tipo de prédio para inaugurar ou reinaugurar) além de dezenas de tuítes por dia a presidente passou a uma espécie de auto-ostracismo midiático.

Desde o dia 20 de dezembro Cristina Kirchner esteve reclusa em sua mansão no vilarejo de El Calafate, nos confins meridionais da Argentina, enquanto em Buenos Aires a população era assolada por apagões e falta de água no verão mais quente desde 1906. Cristina, ao contrário dos anos anteriores, não fez mensagens de Natal ou Ano Novo.

Enquanto os portenhos padeciam o calor e a falta de energia elétrica a presidente Cristina Kirchner passou o Natal em El Calafate, vilarejo do extremo sul da Argentina, onde ela possui uma mansão, além de ser dona de dois hotéis de luxo. "Meu lugar no mundo" é a forma como ela define esse paradisíaco vilarejo nas vizinhanças de uma das principais geleiras da Argentina. Ali, a presidente passeou pelo jardim de sua propriedade com temperaturas que oscilaram entre os 7º.C e 18º.C. Na foto acima a presidente com a atriz do Teatro de Revista Moria Casán no dia 10 de dezembro, minutos depois do discurso de Cristina Kirchner sobre os 30 anos da democracia.

Mariel Fornoni, diretora da consultoria Management & Fit, afirmou que a aprovação popular sobre a presidente Cristina Kirchner voltou a cair embalada pelos saques que ocorreram em 16 províncias argentinas no início de dezembro. Segundo Fornoni, Cristina, que com sua licença médica por causa de uma operação no crânio havia recuperado a popularidade perdida nos últimos anos e ostentava 42,4% em novembro, caiu para 30,6% em meados dezembro. No entanto, destaca que a imagem presidencial agravou sua queda por causa dos apagões nas últimas semanas.

"Atualmente a opinião pública percebe um governo ausente. Existe uma perda de gestão e na imagem associada à essa percepção", sustenta a analista, que destaca que, para os argentinos, não está claro se a presidente está de férias, se está sendo substituída pelo vice-presidente Amado Boudou ou pelo chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich. "Não está claro quem está no comando", avalia.

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A presidente, que nos anos anteriores fazia discursos em rede nacional de TV até para falar sobre o erotismo presidencial (em 2010 defendeu o consumo da carne de porco como alimento afrodisíaco e indicou que havia tido um 'weekend' de arromba com o marido, o ex-presidente Nestor Kirchner, graças ao sacrificado ungulado, ou em 2012 quando citou os tempos em que lavava as fraldas de pano de seu filho Máximo Kirchner) manteve silêncio sobre a falta de energia elétrica. Acima, Cristina no discurso no qual apresentou a bonequinha "Cristinita".

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O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich, tentou colocar panos quentes nas críticas da mídia e da oposição sobre a ausência da presidente Cristina durante o período dos apagões: "ela trabalha todos os dias na frente do governo federal, ela está o tempo todo tomando decisões". No entanto, Capitanich também sustentou que "a presidente é um ser humano que merece descanso e está em um processo de recuperação de sua saúde".

O secretário-geral da presidência, Oscar Parrilli, declarou há poucos dias que a presidente Cristina "está perfeitamente bem, governando, definindo coisas. Ela não precisa fazer declarações!"

Enquanto Cristina permanece em silêncio seus ministros protagonizam confrontos nunca antes imaginados. Nas épocas anteriores Cristina centralizava tudo e não permitia divergências entre seus subordinados. Agora o cenário é de um governo em processo de descentralização involuntária.

A deputada Gabriela Michetti, do partido Proposta Republicana (Pro), de oposição, afirma que "a presidente decidiu afastar-se do exercício operacional do poder". Cristina voltou na segunda-feira passada na Buenos Aires. Na terça-feira à noite retomou o trabalho.

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Nesta segunda-feira o site da Presidência da República indicava na sessão "Agenda presidencial" de forma suscinta o trabalho de Cristina: "sem atividades oficiais programadas".

Na foto acima a penúltima vez na qual falou aos argentinos. Foi em um vídeo feito por sua filha, Florencia Kirchner, que estudou cinema em Nova York. Ali apareceu ao lado de Simón, seu novo pet. E de um pinguim de pelúcia de alcunha desconhecida. 

CÚPULA - A saúde de Cristina Kirchner teria levado o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro a modificar pela terceira vez a data da reunião de cúpula de chefes de Estado do Mercosul, que será realizada em Caracas. Segundo o portal uruguaio de notícias Mercopress, o governo argentino pediu o novo adiamento por questões de saúde da presidente Cristina. Segundo a informação, o governo argentino solicitou a mudança da data para a mesma semana da realização da cúpula da Comunidade de Estados Latinoamericanos (Celac) prevista para os dias 28 e 29 deste mês em Havana, Cuba.

Desta forma, a presidente Cristina Kirchner poderia fazer uma única viagem, indo desde Buenos Aires para a ilha caribenha primeiro, e, na volta, passando por Caracas para o convescote presidencial do Mercosul no dia 31 de janeiro. O governo do presidente Nicolás Maduro não forneceu explicações sobre a mudança de data.

Meses atrás o governo da Venezuela marcou a cúpula do Mercosul para meados de dezembro. No entanto, Cristina Kirchner, embora com a licença médica concluída, não estava totalmente recuperada para fazer a viagem aérea. Por esse motivo, a reunião regional de presidentes foi adiada para o dia 17 de janeiro.

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...E falando em silêncio presidencial lembrei de "Silencio", canção de Carlos Gardel (letra de Alfredo Le Pera):

//www.youtube.com/embed/XYxMsBzKuj8

A mesma canção, mas com imagens alusivas ao assunto desse tango, a Primeira Guerra Mundial (aliás, neste ano completam-se 100 anos do início desse conflito bélico planetário):

//www.youtube.com/embed/Wzk4lBY1n8I

 

Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra).

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