Como Obama conseguirá convencer o Congresso a autorizar uma intervenção?
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Os republicanos de viés libertário e isolacionista, que estão cada vez mais fortes no Senado e na Câmara dos Deputados, são um dos maiores obstáculos da administração de Barack Obama no Congresso para conseguir a autorização para intervir na Síria.
Primeiro, apenas para ficar claro, embora sejam republicanos, eles não possuem nada em comum com George W. Bush em política externa. Adotam um tom mais moderado até mesmo do que a esquerda do Partido Democrata. Inclusive, são os maiores críticos dos falcões republicanos, como John McCain e Lindsay Graham. Hoje, o maior porta-voz dos libertários é o senador Rand Paul.
Na avaliação deles, os EUA não deveriam intervir na Síria por quatro motivos principais. Primeiro, a Síria não oferece ameaça aos americanos. Não existe, na avaliação dos libertários republicanos, a menor possibilidade de Assad agir contra os americanos neste momento.
Em segundo lugar, para os libertários, intervir na Síria significa se aliar com a Al Qaeda. Afinal, corretamente, eles lembram que alguns dos principais grupos da oposição são associados à rede terrorista de Bin Laden. Além disso, os cristãos, que deveriam ser protegidos pelos americanos na visão deles, apoiam o regime de Assad.
Terceiro, Ron Paul, pai de Rand e ídolo dos libertários ao redor do mundo, lembra que as recentes experiências americanas no Oriente Médio foram um desastre e quebraram o país. Para a Fox News, Paul afirmou que os líderes da intervenção contra Saddam Hussein, como Donald Rumsfeld, então secretário da Defesa, apoiavam o regime do ditador iraquiano nos anos 1980 quando este usou armamentos químicos.
Por último, os libertários afirmam que os EUA devem se preocupar com os problemas econômicos do país e questões de política doméstica. Com uma taxa de desemprego acima dos 7% há cinco anos, uma população economicamente ativa estacionada e Detroit quebrada, o que os americanos farão em Damasco?
Os libertários são do Partido Republicano por defenderem a menor intromissão do Estado na vida das pessoas. Isto é, em economia, são ultra a favor do livre mercado, sem burocratas em Washington interferindo na economia. Também não querem controle sobre armamentos, drogas (são a favor da legalização) e de quem pode se casar com quem. Em política externa, rejeitam o envolvimento dos EUA em temas que não afetam o país, sendo mais preocupados em estabelecer relações de livre mercado com nações ao redor do mundo. Seriam, hoje, o que há de mais pacifista na política americana. E são republicanos.
Uma frase, por outro lado, resume o pensamento dos isolacionistas (não necessariamente libertários) - "Se há uma guerra na Síria onde sírios matam sírios, por que os EUA se envolverão para matar mais sírios?"
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires