Ambiente. Pouco luxo e comida farta embalados pelo forró à noite. FOTO: Sérgio Castro/Estadão
O que não significa, contudo, que os dois lugares sejam antípodas, pelo contrário. São complementares, defensores de uma mesma cultura, talvez apenas representando momentos diferentes. Então, tratemos logo do Andrade, que é o tema da resenha. Criado em 1980, o espaçoso restaurante da R. Artur de Azevedo surgiu, declaradamente, como opção mais central para quem quisesse provar a comida típica das casas do Norte sem se deslocar à periferia. Em pouco tempo, trocou o enfoque sertanejo por uma abordagem pan-nordestina, com especialidades do interior e do litoral, aproximando a carne de sol da moqueca e do bobó, sempre com receitas tradicionais. Os pratos do Andrade continuam generosos, na dosagem e no destemor com os condimentos. Os bolinhos de mandioca com carne-seca (R$ 19, com quatro unidades), por exemplo, não têm pretensão de tira-gosto: matam fomes. O baião de dois (R$ 27) concentra energia para atravessar o Semiárido, com arroz e feijão reforçados por linguiça, toucinho, carne-seca, queijo coalho, tudo puxado na manteiga de garrafa e com cheiro-verde à mancheia. Clássico do restaurante, a carne de sol é apresentada em cortes de filé mignon e alcatra (preços de R$ 49 a R$ 109). É feita na frigideira (dá-lhe manteiga de garrafa!) ou, eventualmente, preparada no espeto, acompanhada por abóbora, mandioca e batata-doce. Uma densidade de sabores que só mesmo uma grande fatia de pudim de leite (R$ 7) consegue contrabalançar. Sobre as quantidades, tenha em vista que meia-porção dá para dois, quem sabe três comensais. Porções inteiras, de quatro para mais. Por fim, é bom lembrar que tem música ao vivo à noite e no almoço de domingo, com direito a casais rodopiando na pista. Mas não me arrisco a comentar a qualidade do arrasta-pé. Da minha parte, como vocês sabem, eu só queria jantar.
Por que este restaurante?
É um clássico da culinária nordestina.
Vale?
Os pratos não são lá muito baratos, considerando que a casa é simples. O segredo é compartilhar as porções. Sem bebidas, paga-se em torno R$ 50 por cabeça. O couvert artístico custa R$ 21. Vale conhecer.
SERVIÇO - Andrade
R. Artur de Azevedo, 874, Pinheiros Tel.: 3064-8644 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/1h (5ª, até 2h; 6ª e sáb., até 4h; dom., 12h/17h; fecha 2ª) Cc.: todos Estac.: manob. R$ 20