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De Beirute a Nova York

Não, o Brasil não pode parar o Irã

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
Atualização:

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O New York Times publicou um artigo de Barnard Aronson com o título "Can Brazil Stop Iran?". Seu argumento é de que os brasileiros, com as recentes descobertas de petróleo, deveriam abdicar de seu programa de enriquecimento de urânio e pedir para outras nações, incluindo a iraniana, para seguir o seu exemplo.

Honestamente, esperava mais de um ex-secretário de Estado para assuntos inter-americanos na administração de George Bush (o pai), que foi uma das mais hábeis em política externa da história americana. Como ele pode querer que o Brasil abdique de sua soberania e de seus interesses estratégicos para agradar aos americanos? Aliás, Washington sequer cogita exigir isso de Dilma. E quem disse que o Irã seguiria nesta via apenas porque os brasileiros deram o exemplo?

O Brasil deve continuar com seu programa de enriquecimento de urânio, conforme é permitido pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Em relação ao Irã, no máximo, deveríamos servir como mediadores. Mas nem esta alternativa funcionou bem, conforme vimos em 2010. Resumindo, o programa nuclear de Teerã não é um problema brasileiro. Devemos apenas, dentro dos fóruns internacionais, exigir que o regime iraniano cumpra os acordos que assinou.

Lembro que a Líbia de Kadafi abandonou o seu programa nuclear, fez acordos comerciais com o Ocidente, patrocinou campanhas eleitorais na Itália e na França e ajudou os EUA na Guerra ao Terror. No fim, o ditador líbio acabou derrubado justamente pelas nações ocidentais através dos bombardeios da OTAN. Já o Paquistão e a Coréia do Norte fizeram o contrário e seguiram adiante na fabricação de uma bomba atômica. Nenhum deles é ameaçado.

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Portanto, qual o caminho que o Irã irá seguir?

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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