PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

A Liga Árabe deveria suspender não apenas a Síria, mas quase todos os seus membros

no twitter @gugachacra

Por gustavochacra
Atualização:

Outro dia falei do campeonato mundial de mentiras entre a Al Jazeera e a imprensa síria. Hoje falarei da Copa Árabe da hipocrisia. Nações ditatoriais e monarquias absolutistas queriam suspender a Síria pela repressão dos levantes e falta de diálogo com os opositores. No fim, pediram um cessar-fogo.

PUBLICIDADE

A iniciativa é elogiável. Mas por que estes países não dão o exemplo? Por que o Qatar, defensor da democracia em todos os cantos do mundo árabe e da liberdade de expressão através da Al Jazeera, reprime qualquer forma de oposição e não permite que a rede de TV critique a sua monarquia?

Por que estas nações não falaram da sanguinária repressão de Bahrain, com a ajuda da Arábia Saudita, contra os opositores em Manama, onde até mesmo médicos são presos por querer tratar feridos?

Por que estas nações não falam nada da Jordânia, onde os próprios partidários do rei Abdullah, o Playboy, o acusam de não dialogar com a oposição? Ou na Argélia, onde o regime ditatorial segue proibindo a liberdade de expressão?

Qual a moral de iraquianos e os egípcios depois de permitirem o assassinato de dezenas de cristãos diante de forças de segurança que nada fazem apesar de financiamentos bilionários dos EUA? Décadas atrás, existiam judeus iraquianos e egípcios. Todos foram expulsos ou fugiram devido à perseguição. Temo que um dia falaremos o mesmo dos cristãos árabes.

Publicidade

E, falando em liberdade religiosa, não podemos nos esquecer do mais horrendo regime da face da terra, onde mulheres são tratadas como animais, sem poder andar sozinhas ou dirigir. Falo da Arábia Saudita, descrita como moderada pelo Departamento de Estado dos EUA. Imaginem se fossem radicais.

Na Arábia Saudita, cristãos, ateus e qualquer pessoa que não seja muçulmana são proibidos de circular por Meca. Se você for xiita, prepare-se porque a chance de ser morto e torturado não é pequena. Não adianta tampouco ser sunita. Você precisa ser sunita e da corrente wahabita.

Nunca é demais lembrar que 15 dos 19 terroristas do 11 de Setembro eram sauditas. E Bin Laden, também. Nenhum deles era iraniano.

De verdade, dá vergonha alheia ver a reunião da Liga Árabe. Destes países, a única democracia e ainda assim sectária e repleta de problemas é o Líbano. A Tunísia tem chance e o Iraque também. O Egito, no longo prazo. O resto? Enfim, falarei no meu último post da Síria sobre a diferença entre liberdade e democracia.

Obs. A resposta do post da teoria dos jogos será publicada depois da série de matérias sobre a Síria

Publicidade

Leiam ainda o blog Radar Global. Acompanhem também a página do Inter do Estadão no Facebook

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.