Presidente argentina perderia eleição se pudesse disputar terceiro mandato. Argentinos não querem, segundo pesquisa, um terceiro mandato consecutivo de "La Pingüina" (A Pinguim-fêmea), tal como é apelidada.
A maioria dos argentinos rejeita os planos da Casa Rosada para relançar a campanha para modificar a constituição nacional de forma a permitir que a presidente Cristina Kirchner dispute sua segunda reeleição presidencial em outubro do ano que vem, de forma consecutiva. Isso é o que indica uma pesquisa elaborada pela consultoria de opinião pública Federico González & Cecilia Valladares, que sustenta que 67,5% dos entrevistados posicionam-se contra a possibilidade de habilitar a presidente para um novo mandato. Apenas 27,8% concordam com a ideia de uma mudança da lei que permita o que os argentinos ironicamente denominam de "re-releeição".
A ideia de mudar a carta magna para permitir um terceiro mandato consecutivo de Cristina Kirchner foi lançada em 2011, pouco após sua reeleição, com o slogan de "Cristina eterna". No entanto, o crescimento da inflação, os escândalos de corrupção envolvendo o vice-presidente Amado Boudou e empresários amigos do casal Kirchner, além da derrota nas eleições parlamentares de 2013, colocaram a pique a campanha.
Para conseguir uma modificação da constituição o governo Kirchner precisaria dois terços do Parlamento, algo que seria impossível atualmente, já que a Casa Rosada conta com uma maioria ajustada na Câmara e no Senado.
No entanto, há nove dias Máximo Kirchner, filho da presidente Cristina, em discurso perante os militantes de "La Cámpora" (denominação da juventude kirchnerista), lançou aos gritos um desafio à oposição: "ora, porque é que não concorrem contra Cristina e ganham dela?"
Máximo, que não possui cargo político algum, embora seja o líder simbólico de "La Cámpora", afirmou que a oposição "tem medo das urnas". O líder de facto desse grupo, o deputado Andrés Larroque, também desafiou: "que legitimidade poderia ter o próximo governo se não compete contra a pessoa (Cristina) que possui a maior adesão de nosso povo?"
Carlos Menem, eleito em 1989 e reeleito em 1995, quis driblar a constituição e tentar a re-reeleição em 1999. Não conseguiu e reclamou: "estou sendo proscrito!" Na foto, Menem no apogeu de seu poder nos anos 90 com seus aliados da época, o casal Néstor e Cristina Kirchner. Em 2003 Menem tornou-se inimigo do casal. Mas, desde 2010 o ex-presidente, atual senador, é um fiel aliado de Cristina (e é um voto crucial para o governo no Senado).
A pesquisa sustenta que, na hipótese em que a presidente Cristina disputasse uma nova eleição, perderia para o líder da Frente Renovadora, Sergio Massa, um peronista dissidente que foi ministro da presidente. Massa teria 45,1% dos votos, enquanto que Cristina contaria com 34,9%. Neste cenário, 13,8% votariam em branco.
Se a disputa fosse contra o líder do partido Proposta Republicana (PRO) e prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, Cristina teria 36,5% dos votos. Macri conquistaria 38,9%. Os votos brancos constituiriam 19%.
Até agora a presidente Cristina não emitiu sinais claros sobre um eventual candidato do kirchnerismo. No entanto, um dos nomes especulados dentro da Casa Rosada é o do governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, um kirchnerista "light" que os aliados da presidente não digerem facilmente, já que o consideram que "flerta" com o neoliberalismo. Mas, analistas consideram que eventualmente Scioli poderia afastar-se do kirchnerismo e apresentar uma candidatura por fora. A pesquisa indica que, se Cristina enfrentasse Scioli nas urnas, teria a única alternativa de vitória, com 32,7% dos votos, enquanto que Scioli conseguiria 28,8%. Neste caso 30,1% dos eleitores votariam em branco.
As normas da constituição nacional possibilitam que Cristina Kirchner possa ser candidata presidencial nas eleições de 2019 (ou dali para a frente).
Cristina Kirchner, em foto de novembro passado na residência presidencial de Olivos, com seu cão Simón e um pinguim de pelúcia.
Em 2009 "Os Hermanos" recebeu o prêmio de melhor blog do Estadão (prêmio compartilhado com o blogueiro Gustavo Chacra). Em 2013 publicou "Os Argentinos", pela Editora Contexto, uma espécie de "manual" sobre a Argentina. Em 2014, em parceria com Guga Chacra, escreveu "Os Hermanos e Nós", livro sobre o futebol argentino e os mitos da "rivalidade" Brasil-Argentina.