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Blog do Viagem & Aventura

O grande viajante e a conquista da Lua

Nosso indiscutível viajante lamenta ter conquistado um pelotão de desafetos com suas duas últimas colunas sobre a questão da xenofobia na Itália. Reitera, contudo, que seu amor pela cultura, pela paisagem, pela gastronomia e pela "momentaneamente obnubilada" irreverência da Itália e dos italianos segue inalterada. Faz questão de dizer que concorda, "unfortunately" que a aversão por imigrantes é um comportamento amplamente espalhado pela Europa toda e explica que sua revolta é dirigida ao fato de Il Cavaliere haver promovido um sentimento moralmente condenável à categoria de política de estado, "estimulando a delação e outros valores condenáveis". Na correspondência desta semana, volta a enveredar por temas mais amenos.

Por Tania Valeria Gomes
Atualização:

Querido Mr. Miles: onde o senhor estava há 40 anos quando o homem chegou à Lua? E essa viagem? Faz parte de seus planos?Sophia Fortes, por email

Well, my dear, sua pergunta é mais que pertinente nesses dias em que se relembra a efeméride. Recordo-me, com detalhes, que naquele 20 de julho de 1969, eu estava em um hotel de Flagstaff, no Arizona, recuperando-me de um quite bumpy rafting no rio Colorado realizado nos dias anteriores. Como os demais circunstantes no living room do estabelecimento, meus olhos estavam grudados na televisão, apesar da péssima qualidade das imagens provenientes de nosso satélite. O clima, entre os espectadores, era de reverência e emoção. Muitos deles usavam camisetas com as cores da bandeira de nossa antiga colônia, outros tinham bandeirolas nas mãos. Quando my old friend Conkrite (N.da R.: Walter Conkrite, célebre jornalista americano recém-falecido), chamou a atenção para a abertura da cápsula e Neil Armstrong finalmente surgiu na telinha, houve uma profusão de hurras! e lágrimas. Confesso, darling, que contaminado pela atmosfera e amolecido por algumas doses de scotch, eu mesmo estava prestes a levantar-me e entoar nosso God save the Queen! However, dear Sophia, havia, ao meu lado, uma senhora com um elevado coque avermelhado sobre o cabelo que não cansava de emitir comentários pouco sagazes do tipo "look, guys: o astronauta está mancando" ou " Porque eles pousaram no deserto? Não seria mais bonito se tivessem escolhido uma praia ou um bosque?". Tentei concentrar-me na narração de Conkrite. E, in fact, estava prestes a sentir toda a grandeza daquela conquista histórica quando, com uma lógica irretocável, a senhora do coque comentou: " Que privilégio o desses astronautas! São as únicas pessoas do mundo que, se olharem para baixo, poderão ver a Terra". Foi quando pedi outro scotch e comecei a pensar em lunáticos. Do you know what I mean? Quanto a viajar para a Lua, well, não tenho nada contra a idéia, embora tudo leve a crer que, por habitado e variado em suas paisagens, nosso planeta é, indeed, muitissimo mais atraente. Unfortunately, parecem pequenas as chances de nossa Rainha enviar uma nave naquela direção. Besides, a perspectiva de passar dias em uma cápsula sem gravidade tomando whisky com canudinho parece-me verdadeiramente nasty. Don't you agree?

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