PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Blog do Viagem & Aventura

Grécia: em Atenas não se poupam noitadas

'Cortamos gastos com roupas novas, mas não com bares', diz uma moradora ao explicar as mesas apinhadas em bairros como Gazi e Monastiraki - e há acervos artísticos nababescos no horizonte

Por Fabio Vendrame
Atualização:

Panorâmica da Acrópole desde as mesas do A for Athens - Fotos: Thiago Momm  Foto: Estadão

ATENAS

PUBLICIDADE

Grécia em crise, museus e centros culturais atenienses em um universo paralelo, criados e reformados como se os melhores ventos soprassem na Ática. São um pouco anteriores ao colapso financeiro, é verdade, o Novo Museu da Acrópole e a nova sala do Museu Arqueológico. São posteriores, no entanto, o Centro Cultural da Fundação Stavros Niarchos e a reforma da Galeria Nacional, que, com EUR 45 milhões investidos, está ganhando anfiteatro, frente envidraçada e 11 mil metros quadrados a mais.

O centro da Stavros Niarchos, que deve ficar pronto em 2015, compete em relevância com o Novo Museu da Acrópole, de 2009. Estão sendo investidos EUR 566 milhões, 3,5 vezes o que custou o museu. Ficarão ali, em uma inclinação encontrando um parque de 170 mil metros quadrados criado nas proximidades do mar, a Biblioteca, a Escola de Balé e a Ópera nacionais. O projeto é de Renzo Piano, ganhador do prêmio Pritzker, o mais relevante da arquitetura mundial. Ele diz ver ali nada menos que a Ágora contemporânea.

De 2004, o Centro Cultural Onassis recebe concertos e expõe o melhor das artes cênicas e visuais de figuras gregas de destaque. No bairro Gazi, o destaque é o complexo Technopolis, que ocupa uma antiga estação de gás e é referência em exibições multimídia, shows e eventos de estilos variados.

Bem menos nababescos, lugares como o TAF e o Six Dogs são pequenas aldeias de arte no meio da cidade. Os dois mesclam pátios à meia-luz, DJs, casa cheia e um calendário frenético de exposições. A música eletrônica, mais para suave e algo xamânica, se funde perfeitamente com os ambientes, ideais para noites desaceleradas entre mezedes (as tapas gregas).

Publicidade

Além dos espaços culturais, resistem à crise os bares. "Nós, gregos", sorri a ateniense anfitriã para a reportagem, "cortamos gastos com roupas novas por causa da crise, mas não com bares". Sobre as roupas não se verificou. Sobre os bares estava óbvio: uma sexta-feira à noite maldosa do inverno e as mesas no bairro Gazi ali, apinhadas qual Grécia avançando para as semifinais em julho no Brasil. No sábado, de novo.

Praça de Monastiraki  Foto: Estadão

Em Monastiraki, igual. Tanto os bares pequenos Drachma e Karitsi Square como os vaidosos Kolokotroni e A for Athens seguem lotados. Para uma noite com vistas para a Acrópole, não hesite em subir neste último, o terraço de um hotel de seis andares. As mesas iluminadas apenas por velas em moldes de vidro são o mirante perfeito para o Partenon aceso como se esperasse uma festa de Jay Gatsby. O milionário de Fitzgerald não deve vir à cabeça à toa: no breve, mas eficiente, cardápio há coquetéis de EUR 10 a EUR 12.

Por mais onde ir. Os bairros centrais de Atenas têm personalidades muito claras, então conhecê-las ajuda a esboçar melhor a estada na cidade. No Kolonaki, mais residencial, às vezes são centenas de metros até que apareça a luz de um bar, um restaurante. Por lá ficam opções mais sofisticadas, como a taverna Oikeio, principalmente nas Ruas Ploutarhou e Skoufa. Quem sobe as escadas rolantes do metrô em Gazi é entregue nas quadras mais festeiras de Atenas. Embora alguns megaclubes dominem visual e sonoramente a paisagem, há bares silenciosos, bares com shows de rock alternativo, bares para comer no começo ou ao final da noite.

Plaka, rota turística e inevitável  Foto: Estadão

Plaka, menção obrigatória, pode ser visto com alguma relutância pelo excesso turístico, mas não tem jeito: relevada a overdose de souvenirs à venda, restam as ladeiras que transportam às ilhas gregas e ficam próximas das muitas ruínas do centro histórico.

Apesar do nome turístico em inglês, confie no empório Taste of Greece (Adrianou, 67) como uma fonte de bebidas, azeites, doces e outras iguarias gregas de preços ok e ótima qualidade.

Publicidade

Plaka avizinha Syntagma e Monastiraki. Sobre esses não há muito o que especificar: é onde ficam o furdunço cotidiano e várias das atrações históricas ou atuais. Mesmo sem escolher, qualquer visitante de Atenas acabará naturalmente por lá. / THIAGO MOMM, ESPECIAL PARA O ESTADO

NÃO PERCA:

1. Acrópole: veja flashes da história do marco neste vídeo. No verão, reserve ingressos para o teatro grego no Odeon de Herodes Ático como parte do Festival de Atenas

2. Noite: os bairros Syntagma e Monastiraki são para bater papo. Para noites trepidantes, siga para Gazi: o clube Socialista (Triptolemou, 33) é a dica dos nativos; o Tora K44 (Konstantinoupoleos, 44) tem rock grego. O Gkazaki (Triptolemou, 33) é tranquilo, e o Gazi College (Persefonis, 53), com café e petiscos, é para terminar a madrugada

3. Ficção: a cômica Lisístrata - A Greve do Sexo (L&PM, R$ 15,90), peça de Aristófanes, foi traduzida por Millôr Fernandes. A Atenas do começo do século 20 está em Six Nights on the Akropolis (Attica, US$ 25, via Amazon), do Nobel George Seferis. Petros Markaris mescla romance policial à crise em Pan, Educación, Libertad (livro eletrônico em espanhol, R$ 39,26)

Publicidade

4. Museus: o Museu Arqueológico Nacional, o maior do país, inaugurou seis novas salas em 2009. Se a dose não bastou, visite o Museu de Arte Cicládica

5. Restaurantes: em Plaka, o Yasemi (Mnisikleous, 23) tem pratos caseiros por EUR 5. No Gazochori (Dekeleon, 2), em Gazi, misture música, mezedes e vinhos no Gazochori. Na menos central Neo Psychiko, o Ramba (Dimitriou Vasileiou, 14) tem piano e vocal ao vivo. Espere gastar EUR 25

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.