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Blog do Viagem & Aventura

Eu ainda prefiro o panetone

O homem mais viajado do mundo manda agradecer aos leitores que têm se manifestado sobre suas colunas e aproveita para dirigir um comentário ao leitor Norberto Margulies, que também perdeu uma longa amizade durante uma viagem em que o relacionamento entre os amigos foi colocado à prova e acabou reprovado. " Sinto muito por sua história, my fellow, mas coisas assim realmente acontecem, como pude relatar em crônica recente. O título de seu email, 'Amigos, amigos, viagens à parte' é muito espirituoso, ainda que ligeiramente exagerado." De Lanzarote, onde comeu um frango assado pelas emanações vulcânicas de uma cratera no Parque Nacional de Timanfaya, mr. Miles responde a correspondência da semana.

Por Tania Valeria Gomes
Atualização:

Mr. Miles: o senhor já passou o Natal em lugares onde o ritual é diferente do nosso? Como foram suas experiências?Isis Bachanello, por email Well, my dear, você ficaria espantada em ver como o Natal é comemorado de forma diferente em distintas partes do mundo. A gastronomia varia, a figura de Papai Noel muda de forma, de função e até de sexo conforme o país e as canções, of course, são outras de acordo com a latitude em que se está. Tenho tido a oportunidade de passar a noite do dia 24 de dezembro em muitos lugares desse planeta. Em muitos deles, by the way, não há sequer uma menção à data, exceto nas comunidades cristãs minoritárias. Você não poderia imaginar um Papai Noel muçulmano ou budista, could you? Anyway, já que você me pergunta, vou contar-lhe sobre duas inusitadas experiências natalinas dessa minha existência viajora. Não sei precisar o ano, mas era em um tempo em que o Iraque vivia em relativa paz. Ocorreu de eu estar na véspera de Natal, em Bagdá, na casa de Rachid Safadie, de tradição católica. Não havia árvore de Natal ou mesa posta com perús e nozes. Quando a noite chegou, Rachid pôs-se a ler uma Bíblia arábica enquanto os outros membros da família ¬- inclusive eu, muito honrado - ficamos segurando velas em um páteo ao ar livre. Later on, Rachid e a família acenderam uma fogueira com folhas muito espinhudas e esperaram até que ela se transformasse em cinzas, sinal de sorte e prosperidade. Enquanto o fogo queimava, todos entoavam belos salmos e, ao final, eram instados a pular sobre as cinzas ainda quentes, com o direito de fazerem seus desejos secretos para o novo ano. It was very charming. Quanto ao meu desejo, devo confessar que pedi para nunca mais ter de pisar de novo numa superfície tão quente. Can you understand?Muito mais estranho do que isso, my dear, foi o Natal que passei em certa tribo da Nova Guiné, durante uma longínqua expedição. Os nativos locais aprenderam noções de cristianismo com um missionário canadense mas, I´m afraid, entenderam tudo errado. Sabe o que eles fazem no dia de Natal? Um intercâmbio de crianças entre as tribos rivais. A criança escolhida, a partir de então chamada Criança da Paz, passa a viver no povoado rival e será bem tratada e protegida. Crêem as pessoas que, se algo de mal ocorrer a algum desses petizes eleitos, um novo período de guerras assolará a região. A intenção, as you see, é muito nobre. Mas, cá entre nós, eu ainda prefiro panetones. Don´t you agree?

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