Se a lei eleitoral proíbe o humor político no rádio e na TV em todo o território nacional, precisa ver como fica a situação do candidato que já é, por natureza, uma piada: humor involuntário pode?
Se a proibição de programas que "ridicularizem" candidatos for levada ao pé da letra, francamente, metade do material produzido para o horário reservado à propaganda política não passará pelo crivo da censura imposta aos veículos de radiodifusão.
Só se acrescentarem ao termo da lei um adendo ressalvando que fica garantido ao político em campanha o direito de se expor à vontade ao ridículo, desde que não tenha contratado nenhum humorista para tal.
Mais seguro para preservar a imagem de todos seria proibir logo de vez qualquer tipo de palhaçada na campanha política nas ondas do rádio e da TV. Tirando a bancada dos gaiatos de cena no horário gratuito, melhoram muito as chances de controle sobre o escárnio popular.
Mas nem por decreto pode-se obrigar o eleitor a levar a sério quem não faz a menor questão de sê-lo. Proibindo a piada, só vão conseguir tornar a campanha ainda mais chata do que promete.