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Setor de idiomas ganha espaço com Copa

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Peixoto. "Espero estar com bom vocabulário quando a competição chegar. Vou estudar inglês até o final de 2013; depois quero começar a aprender espanhol" ( Foto: Epitácio Pessoa/AE)

Cris Olivette

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A realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no País está impulsionando o mercado de ensino de idiomas. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que em 2011 o setor de educação movimentou R$ 3,1 bilhões, registrando crescimento de 11%. "A necessidade de os brasileiros aprenderem uma segunda língua vai continuar aquecendo o setor nos próximos anos, mantendo o crescimento acima de dois dígitos", diz o diretor administrativo da ABF, José Semenzato.

Para conquistar esse público, as escolas usam de criatividade. A Flash! Idiomas, instalada há 21 anos no Centro do Rio de Janeiro, criou o curso "Inglês de Bandeja", com aulas voltadas para garçons e maîtres de restaurantes que pretendem atender turistas durante os jogos.

"O curso tem duração de 20 horas e ocorre no local de trabalho, focando a conversação", diz a coordenadora Allyne Turano. "A proposta é ensinar como servir, atender bem, os nomes de alimentos, ingredientes e dos objetos de um restaurante." Allyne conta que a escola criou projeto semelhante para taxistas e funcionários de hotéis.

Em São Paulo, a rede de franquias do Centro Britânico lançou o curso Hello Brasil, voltado para as necessidades de comerciantes, taxistas, garçons, policiais e outras categorias. "Firmamos parceria com a Polícia Militar e com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), dando 40% de desconto para profissionais dos dois órgãos e 20% para o público geral", diz o gestor da rede Bruno Gagliardi. "Esperamos crescer 35% em faturamento este ano e 60% até 2014." O garçom Ranielson Almeida, de 21 anos, aproveitou o desconto e está estudando inglês há quatro meses no Centro Britânico. "Estou achando muito bom, já dá para desenvolver um pequeno diálogo com os clientes."

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O aluno do quarto semestre de hotelaria Fabrício Paulino Peixoto, de 22 anos, estuda na UNS Idiomas há 13 meses. "Espero ter um bom vocabulário quando a competição chegar. Dentro de seis meses concluo o curso, mas vou continuar estudando para praticar até o final de 2013. Depois, quero aprender espanhol", diz o jovem, que trabalha num hotel em Moema como chefe de garçom. O gerente de franquias da UNS, Carlos Coelho, diz que em 2012 houve aumento significativo na demanda. "As matrículas cresceram de 10% a 15 % sobre a média comum da rede."

O gerente de plantão de uma unidade do McDonald's instalada na região Central de São Paulo, Washington Botelho, de 41 anos, resolveu estudar inglês no início deste ano.

"Por trabalhar no Centro, já tenho muito contato com estrangeiros, mas na época da Copa o fluxo aumentará ainda mais e quero estar preparado para dar um bom atendimento." Botelho está animado com o curso da Millenniun Línguas e conta que, entre os colegas de classe, há um garçom, uma vendedora e uma pessoa da área de turismo.

Um dos sócios da Millennium, Pérsio Burkinski diz que a escola oferece cursos presenciais e online com aulas ministradas por professores estrangeiros. Segundo Burkinski um diferencial do curso está na metodologia própria, chamada de método psicolinguístico. "O programa ajuda os alunos a lidarem com obstáculos emocionais, como medo, timidez e dificuldade de falar em público."

A rede de idiomas Yázigi criou o To The Point, voltado para profissionais do turismo. "Já formamos uma turma de 15 alunos e estamos montando outra", conta a coordenadora pedagógica de uma unidade instalada no bairro Botafogo, no Rio. "É um curso bem situacional, que aborda temas do universo do turista. Damos uma formação para que esses profissionais possam fazer uma comunicação básica."

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Na zona leste de São Paulo, onde está sendo construída a Arena Itaquera, a demanda por aulas de inglês também tem aumentado. "Da janela de casa vejo o estádio. Decidi,então, começar a estudar inglês para poder ajudar os turistas estrangeiros que vão circular pelo bairro na época da Copa", conta o aluno da unidade Itaquera da Wise Up Alexandre Gargi, de 16 anos. A coordenadora administrativa da Wise Up, Graziela Zaminiani, diz que a demanda tem crescido, assim como todo o entorno do futuro estádio.

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'É preciso ter gente preparada para dar suporte aos negócios'

"Muitos imaginavam que o setor de escolas de inglês já estava estagnado em termos de crescimento", diz a diretora executiva do grupo Bittencourt, Claudia Bittencourt. A empresa oferece soluções para desenvolvimento, gestão e expansão de negócios. "Mas com a realização dos grandes eventos esportivos no País, e mesmo pela crescente necessidade das empresas de terem executivos com fluência em inglês, vemos que ainda há bom espaço para a expansão do segmento."

Segundo o diretor administrativo e financeiro da Associação Brasileira de Franchising (ABF), José Semenzato, o setor de escolas de idiomas possui cerca de 20 redes que estão no mercado há mais de duas décadas, com crescimento razoavelmente estável nos últimos anos. "Já no setor de educação como um todo, o número de redes cresceu 10% de 2010 para 2011, com aumento de 5% no faturamento."

Semenzato diz que, ao analisar apenas o setor de escolas de idiomas, é possível identificar que entre 2010 e 2011 houve expansão de 11%. "Temos, portanto, um crescimento potencial em faturamento no setor de escolas de idiomas. O que demonstra que está havendo mais entrantes na mesma base. Isso quer dizer que mais pessoas estão se matriculando praticamente na mesma base de escolas já instaladas."

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Esse quadro, no entanto, deve sofrer alteração quando ocorrer a consolidação dos dados referentes a 2012. "Pela minha experiência, acredito que em 2012 haverá crescimento acima de 10% tanto no faturamento quanto no número de alunos matriculados", avalia Semenzato.

Segundo ele, o mercado está muito sensibilizado da real necessidade de se aprender um novo idioma e se preparar para os dois megaeventos que teremos pela frente. Já na opinião de Claudia, em termos de franquias de idiomas, o interesse de novos franqueados está em alta.

O diretor da ABF concorda com Claudia ao afirmar que, além do efeito Copa do Mundo, também tem aumentado muito a necessidade de os profissionais brasileiros se manterem atualizados e conseguirem realizar negócios, principalmente em inglês. "Cada vez mais as empresas estrangeiras estão vindo investir no Brasil e isso faz aumentar a necessidade de se aprender outro idioma. É preciso ter gente preparada para dar suporte aos negócios."

Segundo Semenzato, pesquisas demonstram que apenas 11% dos profissionais conseguem se comunicar sem dificuldade em inglês. "Os indicadores de pessoas que falam um segundo idioma no Brasil são baixíssimos, o que vai impulsionar o crescimento do setor nos próximos anos de forma expressiva, com certeza acima de dois dígitos."

Os dois especialistas dizem que o mercado de ensino de idiomas vai se sustentar depois que os grandes eventos passarem e que ainda há espaço para quem deseja entrar atuar nessa área.

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