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O blog do Caderno de Oportunidades

Criar negócio em casa é saída para mães poderem ficar perto dos filhos

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Renata criou loja virtual e conta com a ajuda do filho Keven Antonio Foto: Estadão

Cris Olivette A rotina de passar diariamente mais de 12 horas longe de casa despertou em Renata Carvalho o desejo de encontrar uma alternativa para conciliar o ganho financeiro com a convivência com a família. "Saía de casa muito cedo e voltava quando as crianças já estavam dormindo."

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A luz no fim do túnel surgiu quando um amigo sugeriu que ela criasse uma loja virtual na plataforma Mercado Livre, onde ele já atuava. "Resolvi arriscar. Em 2010, montei a Reeluvin para vender produtos eletrônicos, de beleza e saúde. Nos primeiros três anos, conciliei o trabalho com a loja virtual. Há um ano, me dedico só ao negócio."

Hoje, a loja tem quatro mil clientes e a receita é suficiente para pagar as despesas. Renata afirma que tem horário certo para fazer as atividades da loja e as da casa. Além do prazer de ficar com a família, ela diz orgulhosa que também conta com a ajuda do filho, Keven Antonio, de 9 anos. Até a pequena Natasha, de 2 anos, contribui. "Quando o telefone toca, ela fala: é cliente mamãe, e fica quietinha."

Segundo a diretora da consultoria Vecchi Ancona, Ana Vecchi, o ponto principal para quem trabalha em casa é a disciplina. "Esse é o maior desafio. Tanto a empresária quanto os familiares devem criar uma disciplina. Uma dica é ter dois números de telefone, um comercial e outro residencial. Assim, é possível evitar que telefonemas particulares atrapalhem a rotina de trabalho. Outro cuidado é não desviar a atenção. Quando estiver trabalhando no computador, não entre, por exemplo, nas redes sociais."

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A coach bibiana dá dicas para mães empreendedoras Foto: Estadão

A coach Bibiana Teodori concorda e faz mais recomendações. "Para se sair bem trabalhando em casa é preciso ter bom planejamento e capacidade para gerenciar o tempo, além de manter o foco nas tarefas. "Quando estiver com os filhos, esteja realmente com eles, e quando for hora de trabalhar, trabalhe", ressalta. A dona do e-commerce Tonn Enxovais, Adriana Tonn, conta que quando terminou a faculdade de direito tinha duas certezas. "Percebi que não queria ser advogada e que não iria criar meus filhos em São Paulo." Antes de definir uma nova área de atuação, resolveu vender sua biblioteca pela internet e gostou da experiência.

"Em poucos meses vendi todo o acervo e tive um bom retorno, com investimento mínimo. Com o incentivo de meu marido, montei uma loja virtual de produtos para enxoval."

Adriana conta que a ideia do negócio surgiu quando a família foi morar no interior, perto de Ibitinga, cidade que concentra 40 indústrias do segmento. "Meu filho tinha menos de um ano quando comecei. Hoje, está com sete anos e participou de todo o processo de crescimento do negócio."

Adriana afirma que após o parto do segundo filho, o ritmo de trabalho já era bem acelerado e retomou o trabalho no dia seguinte. "Há um ano, moro em uma chácara e meu escritório é na sala, assim posso ficar perto das crianças. Tenho um galpão onde mantenho o estoque e duas funcionárias embalam as encomendas. Meu trabalho é meu terceiro filho." Segundo ela, a empresa possui 30 mil clientes cadastrados e mantém forte ritmo de crescimento. "Meu marido me ajuda muito criando processos para otimizar as vendas."

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Lia Mara, com as filhas Fernanda e Rafaella, na escola de circo Foto: Estadão

Mãe de quatro filhos, a professora universitária e pesquisadora Lia Mara Rossi conta que o desejo de ficar mais perto dos filhos foi um incentivo ao empreendedorismo. Há dois anos e meio, ela comprou uma franquia Dr. Resolve Reparos e Reformas, por ser uma operação home office. "Hoje, dou aulas apenas na parte da manhã. À tarde, cuido do negócio e das gêmeas, de 10 anos. A infância passa rápido. Quero ficar perto. Tem fases dos meus filhos maiores, de 22 e 20 anos, que nem lembro, e me pergunto onde eu estava. Não quero repetir isso."

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A empresária conta que recentemente, também comprou uma franquia Dr. Resolve Diarista. Não satisfeita com o volume de atividades, há quatro anos realiza trabalho voluntário como palhaça, na Santa Casa de São Paulo, onde dá aula. "Durante o curso de palhaça me apaixonei pelo circo. Por isso, há cinco meses montei uma escola de circo. É uma franquia do interior chamada Life Circo. Essa, é a primeira unidade na capital."

Segundo ela, a escola funciona à noite e oferece a opção de turma família, para favorecer o contato entre pais e filhos. "É legal porque posso levar as meninas. Enquanto trabalho, elas fazem aula de circo."

Para dar conta de tantas atividades, Lia conta com a ajuda de uma secretária e do marido. "Cuido mais da parte contábil e financeira. Já a relação com clientes e funcionários fica a cargo de meu marido."

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Sarah com a filha Mariana Foto: Estadão

Filha alérgica inspira criação de negócio

Os problemas alérgicos da filha, inspiraram a enfermeira Sarah Lazaretti a criar uma empresa especializada em produtos que previnem alergias, e têm formulações menos agressivas à saúde. "Minha irmã Julinha e eu criamos a Alergoshop em 1993, quando minha filha Marina tinha três anos. Desde bebê, ela sofria com vários tipos de alergias, e a única saída era recorrer aos produtos importados, que custavam muito caro."

Sarah conta que na época, Julinha, que é bióloga, fazia pós-graduação em imunologia. "Ela tinha muito contato com médicos imunologistas e alergistas, e já tinha observado que eles sentiam falta de produtos para alergia no mercado brasileiro. Isso reforçou nossa vontade de criar o negócio."

No início, a Alergoshop só vendia produtos importados. "Depois do primeiro ano, contratamos uma farmacêutica e passamos a desenvolver linhas próprias de hipoalergênicos e capas antiácaro. Hoje, contamos com uma química na empresa, que faz esse trabalho."

Sarah diz que atualmente a Alergoshop oferece cosméticos, produtos de limpeza e acaricida para ser usado em tecidos da casa. "Na primeira borrifada o acaricida mata 87% das colônias de ácaros. Trabalhamos com mais de 50 itens de fabricação própria. A linha Total Care, por exemplo, é isenta de 105 tipos de substâncias potencialmente alergênicas."

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Sarah afirma que no início, teve de conciliar os plantões noturnos, com o trabalho na loja. "No primeiro ano reinvestimos tudo no negócio. Em 1994, tive meu segundo filho e no início de 1995, deixei o emprego e passei a me dedicar à empresa. Hoje, temos 36 funcionários e crescemos 20% em 2013."

Segundo ela, Marina está com 24 anos e trabalha como assistente de marketing na empresa. "Em 2012, viramos franqueadora, operando em três formatos. Loja de rua, com investimento de R$ 161 mil e loja em shopping, que fica em R$ 171 mil. Também oferecemos a opção quiosque, que custa R$ 114 mil. Esses valores incluem a montagem da loja, capital de giro e estoque. Até o final do ano, esperamos abrir dez novas unidades." 

A empresária diz que ser mãe e empresária é muito legal. "Mas é preciso saber dividir muito bem o tempo, além de ter de contar com o apoio de uma funcionária, do marido, ou da própria mãe."

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