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MEIs crescem e viram microempresários

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Atualização:

Figura jurídica criada em 2009 já tirou mais de 2,7 milhões de empreendedores da informalidade. Mais de 47 mil já mudaram de enquadramento

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Cris Olivette Dois anos após se formalizar como microempreendedora individual (MEI), Luciana de Jesus percebeu que o faturamento da padaria Teka Luiza Pães e Doces, fundada por ela em 2009, estava ultrapassando o limite permitido aos MEIs - R$ 60 mil por ano. "Fui orientada pelo Sebrae a contratar um contador e mudar o enquadramento para microempresa, a partir de novembro do ano passado." O crescimento do negócio é comprovado pela produção de pão francês. "No início eu vendia entre 200 e 300 pães por dia, hoje são 1.200." Assim como Luciana, 47.294 MEIs se tornaram microempresários nos últimos três anos, segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Enquanto dados da Receita Federal apontam que desde julho de 2009, quando foi criada a figura jurídica do MEI, até agora, foram mais de 2,7 milhões de formalizações. Para Luciana, que agora administra a padaria em conjunto com o marido, Alexandre Maciel da Silva, foi uma satisfação ver o negócio evoluindo. "Mas isso também acarretou muito mais trabalho. Agora, nossa responsabilidade é dobrada e a cobrança dos clientes também." O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, explica que o faturamento de uma microempresa pode chegar a R$ 360 mil por ano em estados como São Paulo e Rio. "Em Estados com menor participação no PIB, o limite é um pouco inferior." Além do faturamento maior, os encargos tributários também são outros. "A microempresa tem a carga tributária atrelada ao faturamento bruto, que vai de 4% a 11,61% para o comércio, de 4,5% a 12,11% para a indústria, e de 6% a 22,9% para serviços, dependendo da faixa de faturamento", diz Barretto. Ele acrescenta que a microempresa também deve fazer a declaração anual mais detalhada do que a do empreendedor individual, informando o faturamento, a ocupação e outros itens. "Também deve cumprir outras exigências, que variam conforme o Estado e o Município." No entanto, o que pode parecer complicado para alguns, para Kelvis Barros Rocha foi uma solução. "Dificuldade eu sentia antes, quando não tinha nota fiscal nem outros documentos. Era ruim para trabalhar, porque o negócio informal não oferece credibilidade e fica difícil conquistar clientes. Depois que me formalizei como MEI, as coisas melhoraram muito", garante o dono da ótica Brasil Ocular. O piauiense trabalhou na informalidade por mais de dez anos vendendo frutas, verduras e legumes pelas ruas de Teresina e cidades do interior do Piauí. Em 2010, juntou suas economias e mudou com a família para Brasília. "Assim que cheguei, comprei algumas armações de óculos e saí vendendo pelas ruas, mas logo me formalizei como MEI." Rocha fez curso de mecânica ótica, aprendendo a fabricar lentes e a montar óculos. "Depois disso, consegui fechar algumas parcerias. Hoje, tenho uma loja e trabalho só com atacado fornecendo para 150 óticas." Desde o início do ano, Rocha passou a ser microempresário, mas faz questão de ressaltar as conquistas que obteve como MEI. "Consegui dar entrada em um casa e financiar um carro, além disso matriculei meus quatro filhos em escola particular." O "Perfil do Empreendedor Individual (EI)", estudo divulgado pelo Sebrae no início do mês, mostrou que a formalização resultou em aumento de faturamento, investimentos e melhoria no controle financeiro. Além disso, foi constatado que 70% dos MEIs pretendem crescer como empresa. É exatamente esse o objetivo de Claudinéia Aguiar Dias, que criou a Chocolates e Doces D'Klau em 2010. ( foto na capa do caderno) e se prepara para virar microempresária. "Meu projeto é montar uma delicatessen, mas quero estar bem estruturada e crescer sem tropeços", diz. Como parte dessa mudança, ela está fazendo cursos no Sebrae a fim de dominar assuntos como administração, marketing, logística, estoque etc.

Maioria atua em comércio e serviços, aponta estudo

Entidade traça panorama sobre segmento que é considerado a porta de entrada para o empreendedorismo

O Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) lançou na semana passada o "Perfil do Empreendedor Individual 2012". Esta é a segunda edição do estudo, que traça um panorama sobre o segmento de negócio que mais cresce no País. Com base nos resultados, o Sebrae estima que em 2014 o Brasil terá mais microempreendedores individuais do que micro e pequenas empresas no Simples Nacional. A pesquisa foi feita por telefone e ouviu MEIs de todo o País. Os resultados apontam que 55% dos entrevistas declararam ter tido aumento no faturamento, enquanto 54% aumentaram os investimentos, 52% passaram a ter maior controle financeiro, e 26% tiveram aumento nas vendas para outras empresas. Além disso, 70% afirmaram que pretendem faturar mais do que o limite do microempreendedor individual e virar microempresário. A distribuição de MEIS por Estado mostra haver concentração na Região Sudeste, mas com participação significativa de Estados do Nordeste e do Sul. As unidades da Federação com o maior número de microempreendedores individuais são: São Paulo (23,7%), Rio(12,4%), Minas s (10,1%), Bahia (7,7%) e Rio Grande do Sul (5,6%). Quanto ao setor de atuação, o comércio tem a maior proporção de microempreendedores individuais, com 39%. Seguido por serviços, com 36%, indústria 17% e construção civil, com 8%. Do total de MEIs registrados no Brasil, 54% são do sexo masculino e 46% do sexo feminino. Esse é o segmento de maior participação empresarial das mulheres.

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'Principal cuidado é saber gerir e planejar o negócio'

LUIZ BARRETTO, presidente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

Como o MEI deve se preparar para virar microempresário? Gestão é o melhor caminho. Como o empreendedor individual costuma trabalhar sozinho, ele não pode passar o dia em um curso, porque isso significaria perder um dia de faturamento. Assim, o Sebrae oferece oficinas de curta duração, via internet, e dicas enviadas por celular. O objetivo é melhorar a gestão do negócio, ter controle de caixa, de estoques, fazer bom planejamento, saber onde há possibilidades de inovar. Este empreendedor entende muito sobre o produto ou serviço que ele oferta, mas muitos não têm noção de administração, o que é fundamental.O que muda em termos de documentação da empresa? O empreendedor individual faz sua inscrição pela internet e já consegue o CNPJ. Quando se torna microempresa, é preciso levar a documentação à Junta Comercial, mas as exigências diferem em cada Estado.Quais as principais diferenças entre MEI e microempresa? Primeiro, é o faturamento que para o MEI é de até R$ 60 mil por ano, enquanto o da microempresa vai até R$ 360 mil no caso de São Paulo e Rio. Em Estados com menor participação no PIB, o limite é um pouco inferior. Além disso, o MEI paga contribuição mensal que inclui direitos da Previdência Social para ele, como aposentadoria, licença-maternidade, auxílio-doença etc. Já a contribuição tributária do microempresário se refere unicamente à empresa e seus funcionários. No Supersimples, em um único boleto, são unificados seis impostos federais (IRPJ, IPI, PIS, Cofins, CSLL e INSS patronal), além do ICMS (estadual) e o ISS (municipal). Os direitos previdenciários do proprietário são pagos à parte.Quais os cuidados que devem ser tomados? O principal é saber planejar e gerir corretamente o negócio, por isso é essencial buscar conhecimento. O Sebrae oferece cursos e consultorias, gratuitas ou subsidiadas, e também muito material online para orientar os empreendedores. Um erro muito comum é misturar as contas pessoais com as contas da empresa. À medida que a empresa cresce, a mistura se torna ainda mais prejudicial ao negócio. É preciso também saber planejar a empresa para períodos de venda menor, por exemplo, para ter capital de giro e manter as obrigações em dia.Existe restrição quanto ao número de funcionários? O MEI pode ter apenas um funcionário, já para a microempresa não há limite. As microempresas geram 6,8 milhões de empregos formais.

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