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Inovação e tecnologia no mundo das startups

'A Campus Party quer ser a vitrine das startups mais inovadoras'

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Por Ligia Aguilhar
Atualização:

Quando a Campus Party chegou ao Brasil em 2008, seu principal atrativo era a conexão ultrarrápida com a internet. Temas como robótica, software livre e o desenvolvimento de games sempre estiveram presentes no evento, mas era possibilidade de reunir a comunidade da internet no mundo offline e fazer downloads em alta velocidade que davam o tom a cada edição.

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Com a melhora na qualidade das conexões domésticas e a ampliação do acesso à banda larga, a Campus Party precisou procurar novos atrativos além dos downloads rápidos. Houve quem cogitasse que o evento pudesse assumir um tom mais político, voltado para a governança da web. Mas foi em 2011, quando os concursos de negócios começaram a aparecer na programação, que começou a ser desenhada a guinada que o evento deu neste ano. A Campus Party quer se tornar referência em inovação e empreendedorismo.

No ano passado, diversas competições e palcos voltados para o empreendedorismo fizeram parte do evento. Mas pela primeira vez, neste ano, as startups foram parar literalmente dentro da Campus Party. O evento reunirá 234 startups selecionadas em sua área aberta de acesso gratuito. A área Startup & Makers, dentro do espaço Open Campus, pretende funcionar ao longo desta semana como uma "vitrine dos negócios mais inovadores do Brasil".

Quem faz essa afirmação é Marcelo Pimenta, responsável pela curadoria de empreendedorismo da Campus Party nos últimos anos. Um dos pioneiros da internet brasileira, Pimenta já criou negócios e projetos inovadores em grandes empresas. Atualmente é professor de uma disciplina sobre inovação na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), além de dar palestras em todo o País. Em entrevista ao Start,Pimenta falou sobre a visão da Campus Party sobre empreendedorismo e deu sinais de que o tema deve ser cada vez mais o foco do evento daqui pra frente.

Por que o empreendedorismo foi escolhido como foco da Campus Party este ano? O Brasil hoje vive um boom do empreendedorismo. Todo mundo quer empreender. E a Campus Party sempre foi muito voltada para esse tema e pioneira em muitas coisas. No ano passado, por exemplo, fizemos a primeira Maratona de Negócios, um tipo de ação que não existia e que passou a ser realizada em vários outros eventos depois da Campus Party. Então, queremos manter esse status, fazer o papel que ninguém mais faz na área de empreendedorismo. Há ainda outro detalhe: 2014 é um ano atípico no Brasil. Não sabemos como os negócios vão se comportar durante a Copa do Mundo, com exceção das empresas de turismo. Eu, que sou palestrante, estou sem nada marcado durante a Copa do Mundo porque as pessoas não querem se comprometer em levar um palestrante de São Paulo para Manaus... as passagens aéreas estarão caríssimas. Isso faz a Campus Party ter outra missão, que é antecipar a agenda de negócios. Este ano teremos uma área inédita, a Startups & Makers, para a qual selecionamos 234 das mais inovadoras jovens empresas do Brasil para mostrar seus produtos, encontrar novos talentos e investidores. O que nós estamos fazendo agora é uma celebração. Queremos mostrar para as startups que eles não precisam estar na garagem. Elas podem vir ao Anhembi e ganhar mercado.

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Podemos dizer que com essa edição a Campus Party está dando uma guinada empreendedora? Acredito que o histórico dos campuseiros mostra isso. Ele quer abrir seu negócio. Hoje existem vários incentivos públicos e privados para que isso aconteça. A tendência é que a Campus Party se torne cada vez mais um evento para essas empresas.

No que a Campus Party será diferente de outros eventos de empreendedorismo e startups? Qual outro evento recebe mais de 100 mil visitantes que gostam de inovação e tecnologia? Dessa vez a área Open Campus, aberta para quem quiser visitar, não está nem com metade do espaço ocupado por grandes empresas como em outras edições. Nós selecionamos startups para estarem lá. Não existe outro espaço no Brasil em que essas empresas possam falar da sua qualificação e mostrar seus produtos e serviços.

Qual o critério usado para selecionar as empresas para esse espaço?Procuramos empresas com até três anos, sem concorrentes fazendo a mesma coisa no mercado e com o negócio bem montado. Foi difícil selecionar porque tem muita coisa boa aparecendo. E também porque abrimos o formulário para pessoas de fora do Brasil se inscreverem. Estarão conosco startups do Chile, Argentina, Portugal... será um espaço inovador como nunca visto antes.

Como você avalia a qualidade das startups hoje existentes no Brasil? Há sempre uma queixa de que existem muitos copycats (cópias de modelos do exterior) e o foco da Campus Party é justamente em negócios inovadores... Vivemos um momento propício em que a quantidade de startups está crescendo e isso faz com que a qualidade caia, porque hoje falta medo de empreender, o que é bastante positivo. É natural que em meio a tantos negócios, poucos consigam gerar lucro. Grandes empresas de hoje, como a PayPal, são a quarta tentativa de negócio do empreendedor que as criou. Então, é positivo todo mundo estar se aventurando. O que nós queremos é oferecer workshops, palestras, debates e conteúdo para o empreendedor ter mais chances de sucesso.

Há dificuldades para as startups brasileiras inovarem? Inovar é sempre complicado, porque está relacionado com errar. Só erra quem tenta inovar. No Brasil existe uma cultura de linchamento do fracasso, além de questões que fogem do controle do empreendedor, como a carga tributária. Do ponto de vista dos jovens, eles não aprendem a empreender dentro da universidade. Nós queremos mostrar quem está se arriscando.

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Um dos pontos interessantes da proposta da Campus Party é colocar as startups não só em contato com potenciais investidores, mas também com potenciais candidatos a serem contratados por elas. Como pretendem estimular esse networking?Essa busca por talentos sempre aconteceu na Campus Party de uma maneira não estruturada. Hoje participam do evento alguns dos melhores programadores, designers e arquitetos. Nossa ideia foi criar um processo para que isso aconteça de forma mais eficiente. Os profissionais puderam preencher um formulário indicando os seus talentos e nós vamos passar para os potenciais empregadores por e-mail uma lista com todos esses profissionais.

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Qual a principal demanda dos empreendedores sobre temas a serem discutidos no evento? Cada vezeles querem saber mais de gestão de negócios e menos de tecnologia. A gestão talvez seja o ponto mais importante de uma empresa, porque um negócio com um bom gestor e sem tecnologia pode contratar o cara certo para resolver o problema, já se ela tem a tecnologia e não sabe como gerir, ela vai fechar, porque não sabe como vender e comprar.

Qual é o perfil do público que vai à Campus Party atualmente? Da área de tecnologia, a maioria são pessoas que querem iniciar o seu próprio negócio. Mas cresce também o número de empresas procurando um investidor. São remédios para dores diferentes. Por isso, na área fechada o foco é em como montar um negócio. Na área aberta, estão as empresas que querem saber como podem fazer seu negócio dar certo.

A Campus Party quer se tornar um evento referência entre os empreendedores?Acho que de certa maneira a gente já é. Qual outro evento de empreendedorismo temos no primeiro trimestre? Qual outro evento reúne oito mil pessoas? Acho que já somos referência. O que queremos agora é ser a vitrine das startups mais inovadoras do Brasil. O lugar onde as pessoas vão para conhecer a inovação.

Quer conhecer as startups que terão um espaço na Campus Party? Clique aqui.

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Veja a programação de empreendedorismo da Campus Party 2014.

 

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