PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

PEDRA É... PEDRA

Por Sonia Racy
Atualização:

Antes de iniciar a palestra-debate no Instituto FHC, na terça-feira, o ex-presidente brincou com a plateia. "O Arminio (Fraga) vai nos dar as soluções econômicas e o Sergio (Abranches) o caminho político. Quando terminarmos, é só sair daqui e implantar as medidas", disse, provocando risos. Foi o único momento bem-humorado do evento. Diante de uma sala lotada, o que o economista e o consultor político mostraram, mesmo, foi muita preocupação... e desânimo quanto à possibilidade de uma correção de rumo.

PUBLICIDADE

Fraga atribuiu o momento do País a um "mix perverso de ideologia com incompetência". A atual crise, ressaltou, não é cíclica, é muito mais profunda. FHC recorreu ao olhar de sociólogo: "O Estado faliu por incompetência do gerenciamento do processo decisório". E a sociedade "embarcou na megalomania também". Cabe lembrar que ela, a sociedade, tem parte nesse processo, advertiu. Exemplo? O Plano Real só foi possível porque houve coesão de lideranças e capacidade política para convencer o País. Mas não é nada simples, hoje, repetir a receita: o sistema político, fragmentado, perdeu eficácia. E o que se tem é "um governo de cooptação, apoiado na ideia de hegemonia".

O historiador Bóris Fausto, testemunha de tantas crises, assinalou da plateia: "Ouvir vocês falarem me deu um enorme desânimo..." Reação à sucessão de frases inquietantes. Como a de Arminio, para quem "não fazer nada não significa empurrar com a barriga e sim empurrar para o buraco". Ou, ainda: "Pode piorar um pouco. Aliás, pode piorar muito" - seguida de uma ironia - "será que FHC existiu?" - e do alerta de FHC de que só tem reforma "se tiver liderança".

Enfim, o que se ofereceu à plateia foram visões de um populismo macroeconômico (gastar o que não se tem) e microeconômico (as tarifas e subsídios). Ao final, talvez como consolo, FHC lembrou, em contraposição a quem levantou questões de corrupção endêmica, que houve alguns avanços. "Senão, estaríamos falando em nomes de generais... em lugar de juízes".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.