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Faculdade de Direito fica sem a lei das calçadas

Por Jerusa Rodrigues
Atualização:

Há 1 ano e 7 meses diretor pede conserto de passeio do Largo de São Francisco

 

Por Jerusa Rodrigues*

 

 

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Apesar das multas elevadas que podem ser aplicadas a quem não adequar a sua calçada à legislação da cidade de São Paulo - R$ 322 por metro linear -, a padronização dos passeios e, com isso, o fim das irregularidades parecem distantes do dia a dia do paulistano. Principalmente quando a responsabilidade é da administração pública. Nem mesmo a calçada da Faculdade de Direito da USP, edifício tombado pelo patrimônio histórico do Estado de São Paulo, conseguiu manter-se ilesa.

 

Após realizar uma obra para a passagem de fibra ótica no local, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) deixou a calçada da tradicional faculdade repleta de buracos. "O acabamento foi muito mal feito, deixando a calçada em um estado deplorável", relata o professor titular e diretor da Faculdade de Direito da USP, José Rogério Cruz e Tucci. "Além disso, a via oferece riscos aos transeuntes, uma vez que as pedras estão totalmente soltas."

 

A Coordenação das Subprefeituras informou que a responsabilidade é da CET, que não respondeu ao jornal. Tucci revela que, desde a sua posse, em fevereiro do ano passado, busca uma solução para o problema. "Já entrei em contato com o diretor de Operações da CET e com o diretor de Planejamento, que prometeram providenciar o conserto imediato, mas nada foi feito até hoje."

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Segundo o professor de Relações e Consumo da FGV-Direito Rio, Fabio L. Soares, neste caso, o poder público não só tem a obrigação de realizar a manutenção da calçada, como, em caso de queda e prejuízo por acidente, indenizar o cidadão. "Além disso, o descaso na manutenção e no conserto da via pode ser motivo de questionamento na Ouvidoria da Prefeitura e da CET, inclusive com ações de reparação de danos."

 

Apesar de a Subprefeitura Pinheiros prometer à leitora Maria Tereza Murray o conserto da calçada  da Rua Joaquim Floriano, na  esquina com a Rua Dr. Renato Paes de Barros, no Itaim-Bibi, para dezembro de 2013, até hoje nada foi feito. "Reclamei a primeira vez em novembro de 2013!" A  Subprefeitura Pinheiros informa que fez os reparos nas bocas de lobo e a manutenção de áreas verdes no local. "O local permanece do mesmo jeito, com o espaço esburacado e sem acabamento", reclama.

 

De acordo com Soares, questões que envolvem calçadas públicas e particulares ainda são polêmicas, porém poucos sabem seus direitos ante a administração pública ou ao particular, dono da calçada. "Neste caso, por estar em um passeio público, a responsável é a Prefeitura", explica. "A cidadã poderá recorrer à Ouvidoria do Município, que tem autonomia para alguns ajustes ou mover ação contra a Prefeitura, inclusive com base na Lei 10.294/99 conhecida como lei de  Proteção e Defesa do Usuário de Serviços Públicos.

 

Acidente. No dia 31 de agosto a aposentada Doralice C. Gamero, de 62 anos, caiu e sofreu luxação no pulso e cotovelo, após tropeçar numa tampa desnivelada da calçada da Avenida Padre José dos Santos, em frente ao número 42. "Só não aconteceu algo mais grave com a minha mulher por ser domingo, pois ela caiu na faixa da direita reservada aos veículos", revela o aposentado Mauro R. Gamero, de 63 anos.

 

A Subprefeitura Pinheiros informa que vistoriou o local e notificou a concessionária de telefonia, responsável pela instalação da tampa, a realizar o reparo necessário.

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Segundo o advogado Josué Rios, tanto a Prefeitura como a empresa de telefonia são solidariamente responsáveis pelo problema. "A primeira, por omissão, tanto que só fez algo após a provocação do jornal; e a segunda, por instalar o equipamento de forma a pôr em risco quem passar pelo local", diz. "Enquanto o caso permanece aguardando solução, a municipalidade e concessionária do serviço público responderão pelo dano material e moral a que deram causa."

 

fotos:

1) José Rogério Cruz e Tucci  (calçada no Largo de São Francisco)

2) Maria Tereza Murray (Rua Joaquim Floriano)

 

2.749 multas foram aplicadas nos 8 meses deste ano, segundo a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras.

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*texto ampliado de matéria originalmente publicada na versão impressa do jornal O Estado de S. Paulo, em 15/9/2014

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