Televisão de 20 polegadas atraía dezenas de torcedores ao Café Palhares, no centro
Gabriel Gama - especial para O Estado de S. Paulo
BELO HORIZONTE - Há 48 anos, surgiu o primeiro bar em Belo Horizonte com transmissão ao vivo e em preto e branco dos jogos da Copa do Mundo de 1966. Era apenas uma televisão virada para a rua. Não muito grande que as atuais ultramodernas - cerca de 20 polegadas -, mas que atendia praticamente um quarteirão inteiro, entre as ruas São Paulo e Curitiba.
De geração para geração, o Café Palhares, localizado bem no centro da capital mineira, na rua Tupinambás, foi um 'quartel-general' do futebol em BH durante décadas, onde torcedores se reuniam em peso para discutir futebol e ver os jogos, tomando um chope ou um café.
Logo à frente do estabelecimento ficava o antigo hotel São Domingos, que hospedava a seleção brasileira, e o estabelecimento ainda era próximo das antigas sedes das principais rádios de esporte.
Segundo João Lúcio Ferreira, 58, um dos proprietários e filho do fundador do lugar, as calçadas ficavam tão apinhadas de gente que era preciso ocupar até a pista de carros. "Meu pai trouxe a TV dos Estados Unidos e era uma novidade na cidade. O movimento era enorme no café. Viramos o point para futebol por um bom tempo", conta Ferreira, que administra o café com o irmão Lúcio Ferreira. O bar passou por uma reforma depois da Copa de 1970, mas o espaço de 44 metros quadrados é o mesmo desde 1938, ano da fundação.
Além das transmissões, o Café Palhares chamava a atenção pelo quadro com todos os placares da Copa que ficava instalado na porta. Era muito útil, porque na época já existiam muitos jogos de apostas.
As décadas foram se passando e, na medida que o centro perdia o título da região mais boêmia da cidade para a Savassi, a quantidade de pessoas que iam ver os jogos diminuíram gradativamente.
Apesar do menor público, o café segue transmitindo os jogos como está sendo este ano. "É pela tradição. Continuamos tendo uma televisão e as pessoas que vem para cá ver as partidas assistem em pé como era antigamente", completa Ferreira.