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Novas placas de Brasília contrariam lei e trazem propaganda da Fifa

Com marcas da entidade na estrutura, painéis ignoram a legislação do DF; contrariando a proibição, uso é autorizado pelo Conselho Nacional de Trânsito

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Por Seleção Universitária
Atualização:

Placa indicativa próxima ao Estádio Mané Garrincha tem um terço de seu espaço tomado por propaganda da Fifa Foto: Estadão

João Bosco Lacerda - Seleção Universitária - especial para o Estado

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BRASÍLIA - Novas placas de sinalização com a marca oficial da Copa do Mundo chamam a atenção do brasiliense. Encomendadas pelo Comitê Organizador Local da Copa (COL) como "forma de padronizar a informação e garantir a identidade visual do evento", os painéis, instalados desde abril, custaram R$ 1,7 milhões aos cofres públicos de Brasília. Para que sejam utilizadas após o evento, este valor ainda será aumentado.

De acordo com a Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o conjunto de 577 placas instaladas pelo Departamento de Estadas e Rodagens do Distrito Federal (DER-DF) e pela Secretaria de Transporte do DF (STDF) ajudam na orientação dos turistas estrangeiros que vierem acompanhar os eventos, já que mostram as principais localidades da cidade com indicações em português e inglês.

 

Contradição

As placas contam com a marca da Copa do Mundo Fifa na estrutura, o que é proibido pela legislação do Distrito Federal - lei 3035/2002. No entanto, a resolução 407/2012 do Contran autoriza a utilização temporária da publicidade durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.

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Contudo, para que sejam utilizadas depois desses eventos, as placas terão que ser reajustadas, de acordo com o Plano Diretor de Sinalização do Distrito Federal. A Secretaria de Transporte informa que, pensando nisso, as chapas com as informações foram feitas com película removível. Assim, a estrutura metálica poderia continuar a ser utilizada.

 

Alto custo

De acordo com a Subsecretaria de Infraestrutura do DF, a troca de películas custa R$ 96 reais por metro quadrado. Como foram instalados cerca de mil metros quadrados de placas em Brasília, segundo a STDF e o DER, a readaptação custaria cerca de R$ 100 mil adicionais aos cofres públicos.

Além disso, aspectos visuais precisariam ser trocados. "Os textos escritos dentro das placas têm metade do tamanho indicado pelo Plano Diretor de Sinalização do Distrito Federal", explica o professor de arquitetura Universidade de Brasília (UnB) Joe Rodrigues, que usou o Plano como tema de sua tese de mestrado.

De acordo com Rodriguez, o fundo branco utilizado nas placas por determinação do Conatran também é inadequado, uma vez que a reflexão de luz atrapalha a visibilidade das placas por causa da cor. "Por isso, a legislação internacional aconselha o uso do verde e do azul no fundo das placas. Acredito que o branco tenha sido usado para destacar a propaganda da Fifa", critica.

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Aplicativo que simula placas Fifa vira febre na internet

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Com quase 62 mil acessos e quase 50 mil placas fictícias criadas, a aplicativo "Gerador de placas da copa" é uma febre das redes sociais. O estudante de Ciência da Computação da Universidade de Brasília João Paulo Apolinário criou o programa que permite ao usuário fazer uma réplica das chapas originais, com o texto principal e tradução livres.

O aplicativo surgiu depois que Apolinário viu as notícias que apontavam erros de tradução nas placas do Rio de Janeiro e de Brasília. "Logo começaram a aparecer montagens na internet com traduções engraçadas. Então, resolvi criar um aplicativo para quem não sabe manipular imagens também fazer uma placa."

Apolinário não teve lucro imediato com o gerador, mas recebeu nove propostas para trabalhar na criação de programas e sites. "É sempre bom ter no portfólio um produto com toda essa visibilidade", disse.

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