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O dia a dia dos alunos do Curso Estado de Jornalismo Esportivo

Comunidade suíça de Salvador se divide sobre a Copa do Mundo

Equipe joga contra a França na Arena Fonte Nova, no dia 20/6

Por Seleção Universitária
Atualização:

Nova sede da SSBB em Salvador foi inaugurada em 2006 (Luiz Fernando Teixeira/Seleção Universitária) Foto: Estadão

 

Luiz Fernando Teixeira - especial para O Estado de S. Paulo

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SALVADOR - A seleção da Suíça vai enfrentar o time da França na Arena Fonte Nova, no dia 20/6, em partida válida pela segunda rodada do grupo E. Na capital baiana, os suíços encontrarão um grupo de imigrantes e descendentes, que frequentam a Sociedade Suíça de Beneficência da Bahia (SSBB), instituição de 157 anos.

De acordo com o cônsul suíço Daniel Kunz, há cerca de 850 descendentes de suíços em todo o Estado, a maioria na região sul, onde vivem da cultura cacaueira. Desses, cerca de 400 moram nos arredores de Salvador. "Não temos um número exato", confessa o diplomata.

Cristoph Deredinger, de 71 anos, é um deles. Filho de suíços, já morou na terra natal de seus parentes e desde a aposentadoria mora na Bahia. Ele explica que seus conterrâneos não têm o costume de se agrupar em comunidades. "Os suíços não têm o mesmo nível de coesão que outras comunidades estrangeiras. Faz parte da mentalidade suíça um certo isolacionismo social", afirmou.

Deredinger está empolgado com a Copa, mas reconhece que o evento causa polêmica por conta dos gastos. "Vou torcer tanto para a Suíça como para o Brasil. Tomara que não haja confronto entre as duas equipes. Compartilho as críticas da sociedade contra o exagero de gastos com a Copa. O noticiário dos jornais por lá também é bastante negativo. Ao mesmo tempo, sente-se o orgulho de ter uma seleção classificada para a Copa como cabeça de chave. E o pessoal de lá gosta de futebol!", disse o suiço.

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Outro que se empolga com a Copa é Florian Eckerli, estudante de 21 anos, que se mudou para o Brasil há 15 anos, quando seu pai resolveu montar uma pousada. Natural de Winterthur, Eckerli não tem dúvidas sobre para quem torcerá. "Pela Suíça, em primeiro lugar, depois para o Brasil. Para a Suíça, participar do mundial já é um marco, então é óbvio que as expectativas são outras", brincou Eckerli, que assistirá ao jogo da Fonte Nova.

"Eu já tinha ingressos para a fase de grupos antes mesmo do sorteio [que aconteceu em dezembro de 2013]. Quando soube que poderia ver a Suíça jogar fiquei muito feliz. Será a primeira vez que vejo um jogo da seleção suíça, já tive a oportunidade de ver um jogo do Brasil, na Copa das Confederações", afirmou Eckerli.

A própria SSBB fará de sua sede, a Casa Suíça, um lugar onde os descendentes poderão se reunir para assistir aos jogos, com telões e comidas típicas. São esperados não só os membros, mas também os eventuais turistas que vierem a Salvador.

Torcedores. Mas nem todos os descendentes apoiarão a Suíça, tampouco a realização da Copa no Brasil. Ítalo Delisle é um dos que não concordam com a realização do evento. Sua família deixou a Europa durante a Segunda Guerra Mundial e passou por Uruguai e São Paulo antes de se fixar na Bahia. "A Copa do Mundo no Brasil para mim é apenas mais um tipo de exploração do poder econômico brasileiro. É muito fácil ter superfaturamento de obras e é muito fácil de enganar um povo que não tem educação", declarou o estudante de 20 anos.

Apesar disso, ele se declarou um apreciador do futebol, e tem uma seleção para torcer. "No caso de um confronto entre os dois países, torcerei pelo Brasil por acompanhar mais o seu futebol. Pensei em assistir os jogos na Fonte Nova, mas desisti pelas condições de compra de ingresso e preços. Acabei me sentindo desestimulado também por questão de hipocrisia, já que sou contra a execução da Copa do Mundo e por isso não tenho motivos para ir a um estádio", finalizou.

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Há também os indiferentes. Verônica Hassler Benn, que tem raízes brasileiras e suíças, mora em Salvador há cerca de um ano e meio. Ela não deve torcer nem para nenhum dos países durante a competição, mas diz que ficaria feliz se qualquer um dos dois ganhasse. "Sobre a Copa, só posso dizer que de um jeito ou do outro vai dar certo, e que o nome do mascote é ridículo", minimizou.

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