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Movimentos, direitos, ideias

As dificuldades do MST ficam mais evidentes

Tornam-se mais evidentes, a cada novo levantamento sobre os conflitos agrários no País, as dificuldades que o Movimento dos Sem-Terra (MST) e outras organizações de defesa da reforma agrária enfrentam. Sua capacidade de mobilização cai de forma contínua e prolongada em todo o País.

Por Roldão Arruda
Atualização:

Estudo divulgado nesta terça-feira, 5, pelo Núcleo de Estudos Pesquisas e Projetos da Reforma Agrária (Nera), vinculado à Unesp, mostra o seguinte: em 2003, primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram registradas no Estado de Minas 46 ocupações de terra. Em 2011 foram 23, a metade do número anterior. 

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No mês passado, outro estudo, do mesmo Nera, havia retratado em Mato Grosso uma situação ainda mais dramática para esses movimentos. O texto dizia: "Em 2003 foram registradas 30 ocupações de terra em Mato Grosso, mas desde então essas ações dos movimentos sociais têm diminuído constantemente, de forma que em 2009 foram registradas somente três ocupações no Estado e no ano de 2010 nenhuma ocupação foi registrada."

Para onde quer que se apontem os indicadores e seja qual for o critério de aferição, a dificuldade irá aparecer. No mês passado, ao divulgar o relatório sobre conflitos no campo em 2011, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostrou um retrato nacional do problema. Disse que, entre 2003 e 2011, o número de acampamentos no País caiu de 285 para 30.

O MST surgiu em meados da década de 1980 e tem sido apontado como a principal organização do País em defesa da reforma agrária. Alguns estudiosos já disseram que se trata de um dos mais importantes movimentos sociais da história brasileira. Demonstrou enorme capacidade de mobilização nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso, quando reunia dezenas de milhares de pessoas para ocupações e grandes marchas pelo País. 

 Foto: Estadão

O movimento também desfrutava de forte dose de simpatia na sociedade. A principal personagem da novela O Rei do Gado, exibida no horário nobre da Globo, entre 1996 e 1997, era uma sem-terra, interpretada por Patrícia Pilar. 

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A que atribuir essa dificuldade de mobilização? No estudo do mês passado do Nera, os pesquisadores fazem referência a um conjunto de fatores. Começam citando "a violência contra camponeses e trabalhadores rurais", que acabam desarticulando os movimentos. Também citam o poder político dos proprietários e suas bancadas parlamentares, "que direcionam políticas públicas, leis e decisões contra os camponeses". Em terceiro lugar citam o desinteresse do governo pela reforma.

Por último, falam no crescimento econômico que o País experimentou nos últimos anos, mobilizando grande números de trabalhadores com pouca qualificação poessoal, que constituíam no passado o público dos movimentos. Diz o texto: "A conjuntura econômica do país nos últimos anos tem contribuído para a geração de empregos em setores que absorvem os potenciais beneficiários da reforma agrária, como a construção civil e a agropecuária."

 Foto: Estadão

 

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