Um calendário mais suave é apenas uma das questões colocadas na mesa. Há duas outras mais importantes talvez: clubes mais bem estruturados financeiramente e sete rodadas por mês para cada time. São, na prática, quatro domingos e três meios de semana, tendo ao menos uma semana por mês livre para trabalhos específicos e recuperação do efetivo. Nada mal. A saúde financeira dos clubes implica salários em dia para todos os atletas, de modo que nenhum deles tenha de acionar a justiça para conseguir seus direitos e também queira se transferir para os 'bons pagadores'. Quem não se lembra do que aconteceu com o técnico Paulo Autuori no Vasco? Ele só deixou o comando do time do Rio para trabalhar no São Paulo porque não via a cor do dinhiero em São Januário. Lá, o mês tinha 90 ou mais dias. O mesmo ocorreu com Dedé, que foi para o Cruzeiro.
É claro que CBF pode e deve ajudar a televisão a resolver e a dar soluções para todas essas reivindicações. Sabemos o peso da TV nesse negócio chamado futebol. É inegável que a CBF tem representativa. E todo mundo sabe que não são os Estaduais que vão salvar a pele dos clubes menores nem da maioria dos jogadores que tentam sobreviver com a bola nos pés. Tudo isso passa por uma reformulação geral, inclusive, nas competições, na quantidade de torneios e de clubes em cada divisão. Com uma Série A menor, talvez com 18 clubes, é possível ter uma Série B mais forte, também com 16 time, por exemplo,de modo a fazer 'nascer' uma Série C mais interessante. Somodados, esses três campeonatos teriam 50 equipes mais bem estruturadas e fortes, com elencos melhores e por mais tempo na vitrine. Mais: se cada um desses time tivesse 30 jogadores no elenco, estaríamos falando de 1.500 empregados durante toda a temporada.
De nada vale então pensar somente em atrasar o início de um torneio se a CBF ou quem quer que seja não dê condições para que os clubes sejam fortes, organizados e com caixa para um ano pelo menos, sem precisar passar o pires a cada rodada. Portanto, já que as reivindicações estão na mesa, não custa nada enxergar mais longe. Também vejo com bons olhos a contribuição de ex-atletas que se propõem a pensar e ajudar nessa organização do futebol. Ídolos que já estiveram em campo, como Paulo César Caju, Rai, César Sampaio, Zico, Júnior e muitos outros que poderiam, de alguma forma, contribuir para melhorar. A hora é essa.
UM DIA VOU FALAR ISSO PRA ELEEssa é para o presidente da CBF, José Maria Marin 'O senhor tem a chance de entrar para a história do futebol brasileiro se apostar nas coisas certas e mudar o que precisa ser mudado, mas não pense pequeno.'