E há outras que começam a se desenhar de forma diferente. O xeque-mate dado pelo Santos ao Real Madrid representa uma tendência no futebol brasileiro. Vai por terra o complexo de vira-lata de Nelson Rodrigues, embora São Tomé que sou ainda preciso de mais provas para acreditar na jogada de mestre do presidente Luís Álvaro. Algumas perguntas ficaram sem respostas nessa transação milionária. O fato é que o futebol brasileiro parece mesmo disposto a segurar bons jogadores e a trazer da Europa alguns atletas já manjados, mas ainda de grande apelo.
Neymar é o primeiro da fila que fica por muito, mas muito dinheiro mesmo. Estamos falando de R$ 2 milhões/mês. Mas não é o único que confirma a tendência ressaltada. O São Paulo foi buscar Luis Fabiano na Espanha. O atacante estava triste lá fora, queria voltar. Juvenal Juvêncio pagou. O Corinthians abriu suas portas para Adriano e se comprometeu a pagar salário alto por um jogador que sobrevive do passado, do que fez com outras camisas. Andrés Sanches já havia feito o mesmo com Ronaldo Fenômeno e sonha com Carlitos Tevez.
Jogadas como essas eram impensáveis anos atrás, quando os times passavam o pires e se vendiam por qualquer porcaria de dólares. O maior exemplo ainda é a venda de Kaká pelo São Paulo por míseros US$ 8,5 milhões. O futebol brasileiro está turbinado por novos patrocinadores, empresas dispostas a investir para lucrar depois. Os clubes também descobriram a força que têm e passaram a arrancar mais dinheiro das transmissões dos jogos.
O fato é que o dinheiro entra pelo ladrão. O maior problema é o despreparo dos dirigentes para gerir tamanha fortuna. Isso sem falar da falta de transparência que parece enraizada nas coisas do futebol, como na decisão do Santos de segurar o craque Neymar.