PUBLICIDADE

EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Futebol, seus bastidores e outras histórias

Opinião|Clubes e Globo e CBF precisam repensar os direitos de transmissão dos jogos

Os times se vendem como se o futebol brasileiro fosse o mesmo de anos atrás, com craques e bem jogado. Está na hora também de mais emissoras terem os direitos de transmissão das partidas

Foto do author Robson Morelli
Atualização:

A reformulação que se propõe o futebol brasileiro passa também por uma renegociação dos direitos de transmissão dos jogos dos times com as emissoras de tevê, no caso a Globo, detentora dos contratos com todos os clubes, das Séries A e B. Para acabar com vícios do passado é preciso discutir com os homens que mandam no futebol, da Globo, da CBF e dos clubes. Seria muito interessante ter representantes das torcidas nessa negociação, mas nossos 'organizados' não se organizaram nesse sentido, de modo a ficar fora dessa discussão ainda por anos - enquanto continuarem pensando em se matar uns aos outros, estão longe de qualquer participação e responsabilidade nesse sentido. E assim deve ser.

PUBLICIDADE

O cenário dessas transações é o mesmo de temporadas anteriores: viciado e pobre. Os clubes, de modo geral, passam o pires e já se valem de antecipações de anos que não chegaram ainda no calendário. A CBF se omite desta discussão, apoiando as duas partes para ficar bem com os dois lados. Os clubes pedem sempre mais e a tevê paga por causa de sua necessidade de ter os contratos, de modo também a repassá-los para emissoras menores, que não lhe fazem frente. Corinthians e Flamengo são os mais bem pagos, na casa dos R$ 110 milhões por ano.

É muito dinheiro, quase sempre mal administrado porque os clubes estão sempre correndo atrás de mais. Uma boa folha de pagamento de um time grande gira em torno de R$ 6 milhões por mês.  Se usar esse montante das cotas de tevês só para pagar a folha, Flamengo e Corinthians tinham 18 meses de tranqulidade. Não estamos falando dos outros ganhos, como bilheteria e patrocínios. Portanto, não entra na minha cabeça essa falta de recurso constante.

O outro ponto é o desejo dos clubes de enfiar a faca nas emissoras, no caso a Globo. Os dirigentes dos times se vendem como se seus elencos fossem dignos de excelentes audiências, como são as equipes da Europa, por exemplo. Ora. O futebol brasileiro também passa o pires dentro de campo, sem craques,  com times de pouca qualidade técnica, sem entrosamento e de apenas momentos de graça. Pouco, portanto, para serem vendidos a peso de ouro. A audiência vem porque não tem nada melhor, essa é a grande verdade. Ou alguém acha que o Flamengo, na zona de rebaixamento, vale R$ 110 milhões por ano? Claro que não.

Essa reformulação também poderia abrir o direito de transmissão para as demais emissoras. Se a Globo paga sozinha R$ 110 milhões ao Flamengo, para continuar no mesmo exemplo, por que ela não pagaria apenas R$ 50 milhões e daria outras duas cotas no mesmo valor para outras emissoras interessadas? E aí cada um disputaria a audiência dos torcedores em casa por sua qualidade de transmissão e não pelo monopólio da programação.

Publicidade

Já que o Clube dos 13 não existe mais, implodido pela própria Globo, com a ajuda dos times, sobretudo do Corinthians, na época comandado por Andrés Sanchez, seria hora da criação de uma liga das equipes de modo a trabalhar melhor essa questão e mostrar que o futebol brasileiro, de fato, quer mudar. Porque do jeito que vai, um dia vão conseguir fazer com que o brasileiro prefira outra modalidade.

Opinião por Robson Morelli

Editor geral de Esportes e comentarista da Rádio Eldorado

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.