Mais de 100 líderes debaterão metas de desenvolvimento sustentável

Efe

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Por gabrielacupani
Atualização:

Mais de 100 chefes de Estado e de governo participarão de quarta, 20, a sexta-feira, 22, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), na qual será apresentado um texto pactuado de última hora pelas delegações e qualificado por alguns negociadores como pouco ambicioso.

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Os líderes começaram a chegar nesta terça-feira ao Rio de Janeiro para se somar às reuniões oficiais da ONU e a alguns dos eventos paralelos que começaram desde semana passada com a participação de aproximadamente 50 mil pessoas.

Sede há 20 anos da Cúpula da Terra, o Rio de Janeiro decretou recesso escolar a partir desta quarta-feira para facilitar o trânsito das delegações em meio aos congestionamentos provocados pelas manifestações diárias das ONGs que participam da Cúpula dos Povos, principal evento paralelo à Rio+20.

A cúpula será inaugurada à tarde pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e pela presidente Dilma Rousseff, que depois oferecerá uma recepção aos demais líderes participantes.

Alguns líderes têm agendas paralelas à cúpula, como o presidente da Bolívia, Evo Morales, que participará de um encontro com indígenas.

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O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, que discursará nesta quarta-feira na plenária da cúpula, viajará na quinta a São Paulo para se reunir com empresários, com o prefeito Gilberto Kassab e com o governador Geraldo Alckmin.

Há várias reuniões bilaterais programadas entre os líderes. Também está prevista uma pequena cúpula de presidentes e primeiras-ministras mulheres, na quinta-feira.

A visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, causou mais uma vez polêmica e motivou protestos de grupos defensores dos direitos humanos e da comunidade judaica, que pediram que ele não seja recebido na Rio+20.

Os líderes mundiais devem debater e aprovar o documento chamado "O Futuro Que Queremos", que estabelece metas e objetivos para um novo modelo de desenvolvimento que garanta que o crescimento econômico seja acompanhado de redução da pobreza, inclusão social e proteção ao meio ambiente.

O texto-base para a cúpula só foi concluído na madrugada desta terça-feira pelos negociadores das 193 delegações que estão no Rio de Janeiro desde quarta-feira passada. Foi imediatamente criticado pelas ONGs, que o classificam como "tímido".

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O documento estipulado tem como base uma proposta apresentada pelos delegados do Brasil, que reduziu significativamente o número de parágrafos do original negociado inicialmente em Nova York, e eliminou as partes que geravam mais divergências.

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O Brasil assumiu a coordenação das negociações no sábado depois que o comitê preparatório coordenado pela ONU fracassou em sua tentativa de alcançar um documento pactuado devido às divergências em diversas áreas e à negativa dos países desenvolvidos a concederem mais recursos para o desenvolvimento sustentável por causa da crise econômica.

"A Rio+20 se transformou em um fracasso épico. A conferência falhou em termos de igualdade, de ecologia e de economia", afirmou Daniel Mittler, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace.

Segundo negociadores brasileiros, os assuntos mais polêmicos foram superados com textos conciliadores sem muitas especificações.

As divergências em torno do plano de promover o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ao nível de agência especializada da ONU foram resolvidas com um novo texto que simplesmente exclui a ideia - que daria mais autonomia e orçamento próprio à entidade.

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O assunto que mais gerava divergências era o dos "meios de implementação", ou seja, os recursos necessários para financiar os projetos de desenvolvimento sustentável e a transferência de tecnologia.

Após se descartar uma proposta dos países pobres para a criação de um fundo com US$ 30 bilhões anuais, o texto cita como fontes fundos de origens diversas.

"Esta cúpula poderia ter terminado antes de começar. Os líderes mundiais que chegam nesta noite devem começar de novo. Quase 1 bilhão de pessoas que passam fome merecem algo melhor", criticou a ONG internacional Oxfam.

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