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Dilma pede coragem aos governantes para fazer as mudanças necessárias

Herton Escobar e Giovana Girardi, enviados especiais ao Rio

Por gabrielacupani
Atualização:

A presidente Dilma Rousseff abriu oficialmente há pouco a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, pedindo audácia e coragem aos representantes dos 193 países presentes à cúpula para conduzir o mundo para as mudanças necessárias para atingir o desenvolvimento sustentável.

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Dilma reforçou a posição brasileira desde o início das negociações de que o foco tem de ser no ser humano e na manutenção em especial do princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas. E mais uma vez ressaltou que o mais importante passo dessa mudança será a erradicação da pobreza.

A presidente lamentou que no processo final de negociação do documento "O Futuro que Queremos", que durou do dia 13 até ontem de madrugada, não foi possível determinar novos recursos para isso. "A promessa de financiamento do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento com vistas à adaptação e mitigação ainda não se materializou, apesar do esforço de algumas nações. Os compromisso de Kyoto não foram atingidos. O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, consagrado na Rio-92, tem sido recusado na prática, sem ele não há consenso possível sobre mundo mais justo e possível."

Dilma disse ainda que "o Brasil reconhece que há várias conquistas de 92 que ainda permanecem no papel". E pediu aos presentes: "Temos responsabilidades para mudar esse quadro". A crise financeira e as "incertezas que pairam sobre futuro", afirma a presidente, "dão significação especial para a Rio+20", uma vez que os modelos de desenvolvimento atuais "esgotaram a capacidade de responder aos desafios contemporâneos".

Ela admitiu que neste cenário "é forte a tentação de tornar absolutos os interesses nacional", mas também clamou aos líderes para que isso não aconteça.

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"Sabemos que o desenvolvimento sustentável é a melhor resposta para a mudança de clima. Implica crescimento da economia para que se possa reduzir pobreza, significa criação de emprego, distribuição de renda, significa garantir acesso à educação, saúde, significa tornar nossas cidades cada vez mais sustentáveis, reduzir desmatamento, usar de modo sustentável a biodiversidade, proteger rios e florestas, gerar energia limpa."

Disse que a conferência tem de gerar compromissos firmes para o desenvolvimento sustentável e que os líderes têm de ser ambiciosos.

O texto aprovado ontem pelos delegados, disse, acima de tudo traz a decisão de não retroceder de nenhuma forma os compromissos assumidos em 92, mas que também consagra avanços importantes, como o objetivo de erradicação da pobreza, a adotação dos objetivos do desenvolvimento sustentável, "que darão foco e orientação aos nossos esforços coletivos". Mencionou ainda a criação do fórum de alto nível, de caráter universal, para acompanhar implementação dos ODS, o fortalecimento do Pnuma, "que sai da Rio+20 dotado de melhores condições para exercer sua função", e o programação de 10 anos para promoção de padrões sustentáveis de produção e consumo.

"O Futuro que Queremos não se construirá por si mesmo, estamos no limiar de um momento, que exigirá mais dedicação, mais responsabilidade. Caberá a nós demostramos capacidade de liderar e agir. Temos plena consciência que o futuro das próximas geração depende de nossas decisões."

Logo depois de Dilma, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, elogiou o documento produzido pelos diplomatas na Rio+20. "Fizemos história esta semana", disse. "As negociações foram longas e duras, muito difíceis, mas fizemos progressos significativos, especialmente nos estágios finais."

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Ao mesmo tempo, Moon cobrou  urgência dos governantes. "Não podemos esquecer que tempo é o recurso mais escasso de todos. Estamos ficando sem tempo", disse. "Agora é a hora de tomar o grande passe final. Temos de dar sequência à Rio+20 com compromissos e ações fortes. Agora é a hora de agir."

 

 

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