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Inovação devastadora

O livro 'Big Bang Disruption' mostra como avanços da tecnologia aceleram o processo de inovação

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Por Renato Cruz
Atualização:
 Foto: Estadão

O ciclo da inovação se acelerou. O avanço na capacidade de processamento dos chips, de armazenamento de dados e da velocidade das redes de comunicação afeta todos os setores da economia. Empresas são varridas do mercado de uma hora para outra, como danos colaterais de produtos e serviços que muitas vezes nem foram lançados para concorrer com os delas.

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Esse cenário foi chamado de "inovação devastadora" por Larry Downes e Paul Nunes, consultores da Accenture, no livro Big Bang Disruption (Portfolio/Penguin). A ruptura do título se refere ao impacto dessas tecnologias, e o "Big Bang" é uma referência à teoria sobre o surgimento do universo.

Apesar de boa parte dos exemplos vir do mundo dos aplicativos móveis, os autores mostram como novidades dessa área acabam afetando os mais diversos tipos de empresas. É o caso, por exemplo, de um restaurante tailandês em Nova York. Qual é o impacto dos aplicativos nesse tipo de negócio?

O restaurante era próximo do hotel onde estavam. Os autores não tinham nenhuma referência a respeito dele e resolveram consultar um aplicativo com resenhas de consumidores. Na porta do estabelecimento, havia outras pessoas fazendo a mesma coisa. As avaliações eram boas e eles resolveram tentar. Resenhas ruins fariam o restaurante perder muitos clientes, sem que o seu dono soubesse.

Gordon Moore é um dos fundadores da fabricante de chips Intel. Ele talvez seja mais conhecido por ter formulado a chamada Lei de Moore, pela qual a capacidade dos processadores dobra a cada dois anos. A memória e a conectividade avançam num ritmo semelhante. Como a tecnologia da informação é insumo para todas as atividades econômicas, não tem como uma empresa deixar de ser afetada.

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Antigamente, havia três tipos de inovação de ruptura: a que vinha de cima, com um produto caro e sofisticado, e acabava se popularizando; a que vinha de baixo, com um produto barato de desempenho pior, e que, com o tempo, adquiria mais capacidade e dominava o mercado; e produtos especializados, que combinavam características específicas para atacar um segmento ainda inexplorado.

Segundo os autores de Big Bang Disruption, as inovações devastadoras fazem as três coisas ao mesmo tempo: são mais sofisticadas, mais baratas (às vezes gratuitas) e mais especializadas. Daí vem seu poder de destruição.

Um exemplo disso é o que o celular inteligente fez com o mercado de mapas, guias de ruas e navegadores GPS. Em 1991, um GPS automotivo da Garmin custava US$ 2,5 mil nos Estados Unidos. Atualmente, o consumidor pode baixar gratuitamente um aplicativo como o Waze, em que mapas e condições de trânsito são atualizados em tempo real. E o smartphone nem foi lançado para competir nesse mercado.

Barbatana

A adoção de uma nova tecnologia costumava ser representada por uma curva de sino, em que as vendas começavam lentas, aceleravam até chegar num topo e depois decaíam num ritmo parecido ao da sua ascensão. Em tempos de inovação destruidora, no entanto, esse gráfico parece mais uma barbatana de tubarão. Por um período parece que nada está acontecendo, depois o mercado dispara, para então ter uma queda abrupta, ainda mais acelerada.

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Solução

Uma estratégia para evitar as consequências da inovação devastadora é se antecipar a ela. Os autores contam o caso da Philips Lighting, que anunciou, com uma década de antecedência, que deixaria o lucrativo mercado de lâmpadas incandescentes. Além disso, começou a trabalhar para que governos criassem leis para tirar essas lâmpadas das prateleiras. Com isso, conseguiu que todo o mercado adotasse seu cronograma.

No Estado de hoje ("Inovação devastadora", p. B11).

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