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O blog do Caderno de Imóveis

Venda de imóveis novos em SP está aquém das expectativas, diz setor

Capital teve 2.147 negócios fechados em abril, recorde no ano, mas recuo ante 2013; Secovi-SP atribui menor ritmo à disputa eleitoral

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(Imagem: Ayrton Vignola/estadão) Foto: Estadão

GUSTAVO COLTRI

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Com 2.147 unidades novas vendidas no mês de abril, as comercializações na capital somaram 5.902 produtos no acumulado do ano, de acordo com levantamento do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). No mesmo período, os lançamentos somaram 6.266 imóveis, resultados que decepcionaram até mesmo o setor.

Analisando-se só as vendas, abril demonstrou mais fôlego em relação aos meses antecessores, ainda que tenha sido menos intenso do que em 2013. As negociações de imóveis novos no mês representam alta de 23,1% na comparação com março, mas também queda 38,44% ante os 3.488 imóveis escoados em abril do ano passado.

A maioria esmagadora das comercializações realizadas nos mês, ou 86,4% do total, refere-se a unidades com até seis meses de lançamento. Além disso, o indicador de Venda Sobre Oferta (VSO) de 12 meses fechado em abril atingiu 57,2% - em outros termos, esse é o porcentual de empreendimentos comercializados no primeiro ano em que foram ofertados aos consumidores finais.

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Mais comuns nos novos edifícios, os imóveis de dois dormitórios também foram os mais vendidos em abril, com 762 produtos negociados. Já as unidades de até um dormitório, responsáveis no mês pelo escoamento de um terço da quantidade de bens ofertados na cidade, também merecem destaque.

Na comparação com os resultados dos últimos seis anos somente em abril, os compactos de um dormitório foram os únicos a apresentar crescimento em 2014. Este ano, 716 unidades com essa tipologia foram vendidas na cidade, 71 a mais do que no ano passado, por exemplo. Todos os demais segmentos apresentaram os mais baixos números de venda desde 2009 no mercado paulistano.

A movimentação de valores no quarto mês do ano foi de R$ 1,317 bilhão e, desde janeiro, o montante chegou aos R$ 3,276 bilhões. Em 2013, R$ 1,889 bilhão foram movimentados em abril e R$ 6,756 bilhões no resultado acumulado no ano.

O valor das novas unidades também apresenta alta mais amena em 2014. Segundo economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, ele vem acompanhando a inflação oficial do País. "Isso significa um aumento aproximado de 3% no preço médio do metro quadrado", diz. O Secovi-SP não acredita haver qualquer fundamento para quedas substanciais nos valores no futuro próximo.

Setor. A entidade reconheceu o desempenho mais fraco do mercado em 2014, mas relativizou os resultados. Ela destacou, em sua avaliação sobre o cenário, os números de lançamentos e de vendas no ano passado, bem acima do esperado, e agora as eleições presidenciais.

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"Considerando-se os resultados atípicos no primeiro semestre de 2013, a conclusão é de que o desempenho do mercado imobiliário nos primeiros quatro meses deste ano foi aquém do esperado", divulgou, em nota, o sindicato. Os primeiros seis meses do ano passado foram, de fato, fortes - em junho, a oferta de lançamentos e o volume de vendas cresciam, respectivamente, 51% e 46% ante o primeiro semestre de 2012, -, mas o vigor do mercado em 2014 é fraco mesmo se comparado à média dos últimos anos.

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Entre 2009 e 2013, a cidade recebeu, em média, 6.679 novos produtos anualmente, ou seja, 6,18% a mais do que o verificado de janeiro a abril de 2014. Levando-se em conta as vendas de imóveis no município, a média é de 8.564 unidades. "A expectativa era a de manter a média dos anos passados, mas a influência que o cenário político-eleitoral brasileiro está tendo este ano não era esperada. Essa incerteza para a população tem uma interferência no nosso mercado", diz o presidente da entidade, Claudio Bernardes.

O acirramento da disputa pelo Palácio do Planalto, apontados em pesquisas, aliado a aspectos econômicos e até locais estariam postergando as decisões de compra dos paulistanos, segundo ele. "Não diminuiu o número de pessoas que vão visitar os estandes, mas caiu a quantidade de fechamento de negócios", diz.

Bernardes acredita que a cautela de compradores e empreendedores tende a se manter e talvez ate ganhar intensidade à medida que as eleições, marcadas para outubro, se aproximarem. "E também temos aqui em São Paulo a questão do Plano Diretor Estratégico (em aprovação na Câmara dos Vereadores)."

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Na opinião do Petrucci, o cenário econômico ruim do País desde o ano passado se manteve em 2014, mas passou a influenciar negativamente o mercado, o que não vinha ocorrendo. Ele destaca a inflação alta, a menor confiança dos brasileiros com relação ao mercado de trabalho - a despeito dos baixos índices de desemprego - e até as manifestações populares como fatores que impactam na decisão de aquisição de imóveis.

"A ouvir o que dizem economistas, o ano de 2015 será de ajustes no País. Isso está dando às famílias e aos empresários uma certa apreensão. Todo mundo acaba sem tomar grandes decisões, e a compra de imóvel é muito importante." Tanto Bernardes quanto Petrucci já admitem a possibilidade de resultados mais tímidos em 2014, mas não se arriscam a fazer novas previsões e ressaltam que o mercado imobiliário deve se aquecer no segundo semestre.

Grande SP.Considerando toda a Região Metropolitana de São Paulo, 10.203 novas unidades residenciais foram comercializadas entre janeiro e abril deste ano. Quatro em cada dez negociações estavam fora da capital.

O mercado dá em 2014 continuidade a uma trajetória de quedas no número de comercializações, puxada especialmente pelos vizinhos de São Paulo. Segundo o Secovi-SP, 24,5 mil unidades residenciais chegaram a ser negociadas em 2010 em toda a Grande SP. No ano seguinte, cerca de 10 mil imóveis a menos foram vendidos e, em 2012, 13.645 produtos foram escoados. Apenas no ano passado as empresas conseguiram elevar o número de aquisições para a casa dos 18,3 mil imóveis, até atingir em 2014 o pior resultado dos últimos anos na região.

Nos lançamentos, o movimento das incorporadoras parece semelhante. Até abril, 9.345 imóveis na planta foram colocados à venda na Região Metropolitana, 2,8 mil a menos do que no mesmo período do ano passado. Em 2010, as empresas chegaram a colocar nos estandes mais de 19,1 mil produtos.

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Analisando apenas o desempenho de abril, os resultados são um pouco melhores. Apesar de os 3.345 produtos lançados não superaram março, quando 3.908 imóveis chegaram ao mercado, o mês foi melhor do que o seu correspondente em 2012.

Nas vendas, diferentemente do movimento verificado na capital, houve queda na comparação mensal. Nos 30 dias de abril, 2.898 produtos foram comercializados, contra 3.193 de março. Essa também é a menor quantidade de negócios fechados desde 2010.

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