Projeto Nova Luz prevê novos empreendimentos e recupreação de imóveis antigos; consulta pública sobre a proposta será realizada na sexta
A população da Luz, no Centro da cidade, poderá crescer em quase 80% até 2020. A projeção é de coordenadores do Projeto Nova Luz, consórcio de empresas privadas com a Prefeitura, que prevê um novo desenho urbanístico no entorno da Estação da Luz e na área entre as avenidas Ipiranga, Duque de Caxias e Rua Cásper Líbero. De acordo com a coordenadora de Projeto Urbanístico de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) do consórcio, Amélia Reynaldo, até a conclusão das obras, que deve ocorrer em dez anos, a população do bairro poderá saltar dos atuais 11.680 para mais de 20 mil moradores. "O projeto prevê a recuperação de imóveis já instalados e a construção de outros novos, voltados para diferentes classes sociais." O número chama a atenção por se tratar de uma região com potencial imobiliário considerado limitado por profissionais da área. "É um mercado obscuro, por isso estamos na expectativa", diz o advogado e corretor Cosme de Jesus Barreto, que atua na área há cerca de dez anos. "A maioria dos prédios é antiga, pede por reforma. Em geral, o preço do metro quadrado para a venda fica em torno de R$ 1 mil, o que é pouco, comparado a outras partes do Centro." Chefe da Assessoria Técnica de Planejamento Urbano da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU), Luis Ramos confirma a tese. "Mais de 50% do estoque imobiliário do bairro foi construído até a década de 1960. O resto data da década seguinte", diz, em referência aos imóveis verticais mais altos. A SMDU participa do Projeto Nova Luz. No início do século 20, a situação estava longe da degradação atual. A área era sinônimo de elegância, com construções como a Pinacoteca, aberta em 1905. A Nova Luz é um dos mais comentados- e aguardados-projetos urbanísticos da cidade. Para a região, há anos reduto de usuários de drogas como o crack, estão previstas nova infraestrutura urbana, mais áreas verdes, equipamentos culturais e novas moradias - populares e tradicionais. Ainda em fase de elaboração (veja abaixo), o projeto é inspirado em iniciativas urbanísticas semelhantes de cidades como Barcelona (Espanha) e Nova York (EUA). "É uma ação para recuperar uma área importante de São Paulo, que, a exemplo de áreas centrais de outras metrópoles do mundo, foi perdendo sua importância ao longo do crescimento da cidade", diz Amélia. Há dois núcleos de habitação previstos no atual projeto: um na região da Rua dos Andradas e outro próximo à Avenida São João. Segundo a coordenadora, o perfil dos possíveis novos moradores será variado, composto por famílias, jovens casais e solteiros de diferentes classes sociais. "A ideia é fazer uma mescla por meio de um projeto integrado, evitando isolar as moradias populares." Mantida a estruturação prevista no projeto em desenvolvimento, a paisagem da Luz vai mudar. Cauteloso, Ramos, da SMDU, não fala em desapropriações. "As possíveis intervenções em alguns imóveis poderão ser feitas até por meio de associação entre os incorporadores e os moradores." Amélia, coordenadora do projeto urbanístico da ZEIS, afirma que as alterações priorizam a população que já vive no bairro.
Audiência pública sobre proposta ocorre nesta sexta
Uma consulta pública sobre o projeto urbanístico da Luz será realizada na próxima sexta-feira, dia 14, no Auditório da Fatec (Avenida Tiradentes, 615), a partir das 18 horas. No evento, a população vai conhecer detalhes do projeto e ter a oportunidade de opinar. "Esta é uma versão preliminar, ele vai ser aprimorado de acordo com sugestões de moradores, comerciantes e entidades do bairro, além do público em geral", diz Luis Ramos, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Após a consulta, será elaborado um projeto final, com previsão de lançamento para abril. "Ele será, então, submetido à analise dos órgãos de patrimônio e de impacto ambiental. Após essa etapa, o edital será publicado, provavelmente até o final do ano, e a licitação de concessão será aberta", diz Ramos. A conclusão total do projeto está estimada em cerca de dez anos. Além da audiência, quem quiser conhecer o projeto pode visitar o posto de informações do Espaço Projeto Nova Luz, na Rua General Couto de Magalhães, 381, de terça à sábado, das 9 às 17 horas.
