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Opinião|Troca de emprego requer transparência

Trabalhador aceita ouvir oferta de emprego mesmo estando satisfeito no trabalho

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Atualização:

Edilaine FelixESPECIAL PARA O ESTADO

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Contratado em uma empresa de consultoria há dois meses, o analista de gestão de energia Carlos Mendonça, de 23 anos, sente-se feliz e satisfeito em novo seu trabalho. Mesmo assim, uma companhia do ramo lhe ofereceu outra oportunidade de emprego.

Primeiro, o departamento de recursos humanos dessa organização telefonou para ele duas vezes no mesmo dia. Vinte e quatro horas depois, o gerente da área ligou reafirmando a proposta. Ele ouviu, agradeceu a oferta, mas disse não.

Casos como o de Mendonça foram captados por uma pesquisa feita pelo Portal Catho e apontam para uma situação mais comum do que se imagina em tempos de pleno emprego. O estudo, baseado em 5.385 entrevistas, mostra que 91% dos profissionais empregados estariam abertos a discutir uma nova proposta de trabalho (veja tabela abaixo). Mas, se uma situação semelhante ocorrer, como se portar para não se "queimar" com seu chefe, sua empresa e até ficar mal visto no mercado?

 

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 Foto: Estadão

 

O coach Homero Reis vê uma inabilidade geral de funcionários em procurar o gestor sobre assuntos que são considerados tabus: aumento salarial, insatisfação no emprego e novas oportunidades. Para ele, quando o funcionário recebe uma proposta, deve tomar cuidado com a barganha: "É indevida e pouco saudável para a carreira".

Mendonça, que é estudante de engenharia, procurou o chefe e contou que estava sendo assediado. Para Reis, ponto positivo para ele: o ideal é sentar com o chefe e informar a situação. "A boa negociação inclui transparência e honestidade."

A pesquisa também revela que 40% dos entrevistados com menos de um ano de casa estão abertos a aceitar convites, mesmo satisfeitos com o emprego atual. Segundo o gerente de marketing da Catho,Luís Testa, os números indicam que as empresas devem estar mais engajadas na satisfação de seus funcionários, inclusive novatos

Para o jovem Mendonça, pesou em sua decisão de se manter na empresa o companheirismo do gerente. "O meu atual gerente me contratou de imediato, assim que soube da situação delicada pela qual eu estava passando na empresa antiga, que estava até atrasando salários. Ele foi parceiro, isso vale muito."

Quando procurou seu gerente para falar sobre a proposta, Mendonça conta que o gestor logo quis saber se lhe faltava alguma coisa na companhia. "A intimidade que eu tenho com ele me ajudou a contar o que estava acontecendo", relata.

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O sócio-fundador da consultoria de recursos humanos LAB SSJ, Alexandre Santille, acredita que o ideal é ter um canal aberto com o gestor. Segundo ele, diante de um mercado "comprador de mão de obra", não há muito problema mudar de empresa, desde que o processo de troca seja transparente.

"O seu gestor pode ajudá-lo, constatar que não há espaço na organização para você ou que há uma nova possibilidade. Essa é a tendência do mercado, relações mais transparentes", reforça.

 

Santille. Para consultor, manter canal aberto com o gestor é estratégia ideal em tempos de mercado de trabalho aquecido (Foto Divulgação)  Foto: Estadão

O analista de gestão afirma que, em nenhum momento, pensou em mentir para o chefe. "Eu gosto da área em que atuo e valorizo o relacionamento e a transparência. Isso é parte do meu desenvolvimento profissional."

Já Kátia, nome fictício, é jornalista e não está satisfeita com o trabalho na empresa de comunicação onde está desde de setembro último. Está procurando outro emprego, mas não contou nada para seu chefe. "Eu vim para essa vaga indicada por uma amiga e, como tinha acabado de ficar desempregada, decidi aceitar", diz a jovem de 25 anos.

A jornalista não tem reclamações pontuais da empresa e do chefe. "Não contei nada porque fui indicada por uma amiga. Tenho receio de magoá-la e de estremecer nossa amizade. Mas também acho que posso me prejudicar no ambiente de trabalho, não sei como a empresa avaliaria essa minha posição", diz.

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A jovem é enfática ao afirmar que não gosta do trabalho que desenvolve, e não vê perspectivas de progresso na empresa atua. Recém-formada, Kátia já passou por algumas empresas de comunicação e ainda não se encontrou, mas tem certeza: "Não quero este trabalho".

Kátia tem participado de entrevistas e não precisou faltar, atrasar ou inventar desculpas, graças ao seu horário de trabalho, que lhe permite ter uma boa parte das tardes livres.

Ela admite que o seu chefe até já falou em uma promoção, mas ela não se animou, pois passaria a ter uma carga horária maior, prejudicando a busca por uma nova colocação. "Não vou desistir de encontrar uma vaga em que me encaixe."

Para o gerente de expertise da empresa de recrutamento Hays, Eduardo Abreu, contar para o chefe que está procurando emprego é sempre uma situação delicada e depende do relacionamento que o profissional tem com o gestor. De acordo com Abreu, o mais indicado é o funcionário dizer que está sem perspectivas e que vai buscar novas oportunidades.

Embora a pesquisa da Catho aponte que 73% esperam no mínimo ouvir uma boa oferta salarial para discutir uma nova proposta de emprego, Abreu diz que o trabalhador brasileiro quer mesmo é estar feliz e satisfeito no ambiente de trabalho.

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