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Por que a carne bovina está tão cara?

Nas últimas semanas, muita gente vem perguntando ao Suplemento Agrícola por que a carne bovina está tão cara. De donos de restaurantes até leitores e o pessoal aqui da redação. Comentaram que há até restaurantes adicionando alguns reais a mais ao preço do prato se ele contiver carne bovina. Pois vamos à explicação, então. Esta alta da carne está diretamente relacionada à lei da oferta e da procura, diz o consultor Alex Lopes da Silva, da Scot Consultoria. Simples: não há carne suficiente no mercado para atender a uma demanda crescente, daí os preços disparam no atacado e consequentemente no varejo. Em novembro, atingiu-se o valor recorde da arroba (que equivale a 14,69 quilos) do boi em São Paulo: R$ 115,00. Agora em dezembro, com maior oferta de animais para abate, a situação melhorou um pouco, e o preço da arroba recuou para cerca de R$ 100,00. Mas o consumidor não deve se animar tanto, já que o recebimento do 13.º salário, junto com as festas de fim de ano, devem puxar para cima novamente o preço da carne, pelo maior consumo. Vamos voltar, porém, uns cinco anos para entender melhor o que está acontecendo hoje. Em 2005/2006, o preço da arroba despencou, chegando, em 2006, ao menor valor dos últimos 50 anos, informa Lopes da Silva: R$ 49,00, nominais (isto é, sem considerar a inflação até hoje, mas já dá para ter uma boa ideia de como o pecuarista vinha sendo mal remunerado). A consequência dessa baixa de preços foi um movimento natural por parte do pecuarista: sem poder arcar com os custos de produção, e sobretudo sem dinheiro para manter seu rebanho de matrizes (as vacas que vão gerar os bezerros que virarão os bois que vão para o frigorífico), teve de se desfazer do rebanho. A preço de banana, não de carne. "Nesse período houve um abate intenso de matrizes", relata o consultor. Sem matrizes, sem bezerros de reposição e, consequentemente, sem carne lá na frente, sendo que o "lá na frente" é agora.  "Esta escassez e alta de preços já deveria ter sido sentida mais intensamente em 2009, mas a crise mundial freou sobretudo as exportações brasileiras, garantindo mais oferta interna de carne", diz Lopes da Silva. Mas agora, com a volta das exportações em ritmo intenso (entre janeiro e julho houve 34% a mais de exportações de carne bovina em relação ao mesmo período do ano passado), além do aquecimento do mercado interno, puxado também e mais uma vez pela inclusão da classe C como consumidora frequente de carne bovina, não houve produção que desse conta.  No campo, um fator sazonal veio contribuir para a escassez de animais: a época de seca, quando os pastos rareiam e os animais engordam com mais lentidão. Pecuaristas mais tecnificados acabam investindo no confinamento, engordando bois com ração e silagem.Mas confinar ainda não é praxe nos meses de inverno. A maior parte da boiada ainda fica no pasto. No fim de novembro, segundo Lopes da Silva, a venda para os frigoríficos dos últimos bovinos confinados, além da oferta de bois aquém do peso de abate (ofertados por pecuaristas dispostos a aproveitar o excelente valor da arroba) deram uma aliviada no mercado, que tem sido sentida até agora. "Esse movimento de baixa deve se reverter com as festas de fim de ano, porém", acredita Lopes da Silva, acrescentando que só lá por janeiro e fevereiro é que o preço da arroba deve recuar, já que, com as chuvas, o pasto estará abundante e consequentemente haverá maior oferta. Aí, a expectativa é que a arroba chegue a valer R$ 95,00. Até lá, para os carnívoros contumazes, o jeito é substituir a carne bovina pela de frango ou a suína, já que, embora estejam mais caras (a alta da carne bovina puxa a alta de outras proteínas animais), ainda custam menos do que uma boa picanha.

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