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Quem joga, sabe

'Wolfenstein: The New Order' honra linhagem de bom game de tiro

Histórico game, que deu origem ao estilo de tiro em primeira pessoa, renasce em 2014 em grande estilo

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

Por Murilo Roncolato

Wolfenstein: The New Order é o produto mais bem acabado da Id Software, que se alia nessa produção à MachineGames (The Chronicles of Riddick e The Darkness) para lançar um game de tiro em primeira pessoa completo e atraente pela sua história.

 

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Para quem não está familiarizado com a série Wolfenstein aqui vai um pequeno histórico. O título nasceu como Castle Wolfenstein em 1981, era apenas um 2D jogado em Commodore 64, MS-DOS, Atari e Apple II. O visual visto de hoje é engraçado, mas não há como exigir nada muito mais sofisticado de uma game daquela época.

Em 1992 é que vem a virada. A Id Software assume o título e lança sua versão em 3D. Os corredores, as passagens secretas, relíquias, cachorros e soldados mecanizados já estavam todos presentes ali. Wolfenstein 3D é considerado até hoje o primeiro FPS de verdade (Doom seria publicado só no ano seguinte).

 

Nove ano depois, surge Return to Castle Wolfenstein (2001). Nele, o jogador tem controle total da mira (antes só se podia mexer o cursor horizontalmente), os cenários estão bem mais próximos do que estamos acostumados hoje em dia. O sucesso foi enorme, principalmente pelo seu multiplayer, que chegou a ganhar uma continuação dois anos depois com Return to Castle Wolfenstein: Enemy Territory, contando com muitos players até os dias atuais.

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Em 2009, sai Wolfenstein, com design e jogabilidade melhoradas, representava o Wolfenstein da nova geração de videogames. Mais cinco anos e chegamos a The New Order. O início do enredo é igual para quase todos. Sim, ao longo desses anos, as diferentes versões de Wolfenstein podem ser consideradas meras atualizações, mas de uma história que não falha, nem envelhece: você é um soldado americano que deve derrotar o exército nazista e derrubar Hitler.

No último título, a tal "nova ordem" se refere aos alemães vencedores da segunda grande guerra que, possuidores de uma tecnologia roubada de um grupo pretensamente secreto, agora dominam o mundo com seus robôs, armas, veículos e construções super avançadas. O general Deathshead aparece novamente como o vilão máximo que deve ser derrotado. Em seu castelo, B.J. Blaskowicz ao tentar escapar, cai no mar e acorda sem controle do seu corpo. Assim fica por anos e, quando acorda, quer se vingar. Ao longo da história, se unirá a um grupo de resistência que colocará seus planos em ação para derrubar a ordem alemã.

 

É claro que a história deve ser boa para prender a atenção e nos colocar em um contexto que faça sentido (o fato de Wolfenstein existir há tanto tempo com o mesmo enredo é prova de que cumpre sua missão nesse quesito). Mas o elemento mais importante do novo Wolfenstein é sua jogabilidade.

Todas as horas jogadas valem a pena pela diversão. É o bom e velho fps em ação, somado a pequenos trechos de stealth que equilibram o tiroteio com um pouco de estratégia. Soldados (embora sejam burros muitas das vezes) e cães (elementos-surpresa bem fáceis de se lidar) são bons inimigos. Como chefões, no entanto, surgem grandes robôs que dão bastante trabalho -- alguns o farão ter vontade de mudar o nível de dificuldade, embora isso acabe com seu amor próprio.

 

Há pelos menos três pontos muito problemáticos em The New Order. Apesar deles, o game tem vendido bem, foram quase 500 milhões de unidade desde que lançado ao mercado em maio deste ano.

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1) Dificuldade

Como já comentei, há partes realmente muito difíceis em The New Order (evidente que isso depende do nível de dificuldade, tome o médio "Bring'em on" para esta análise). Embora os soldados padrões sejam tapados (às vezes, eles avistam o personagem, exclamam algo como "Quem está aí?!", mas continuam sua rota normal e ignoram sua presença) há trechos absurdos, robôs aparentemente indestrutíveis em locais com poucos esconderijos. Morreu? Ok, é só esperar, reviver e tentar de novo. Mas aí vem o segundo problema.

 

2) Ressuscitando

Morrer em qualquer game é desagradável. Morrer em Wolfenstein é a pior coisa que poderia te acontecer. Parece exagero, mas é o sentimento que me despertava toda vez que Blaskowicz ia ao chão e a tela ficava preto e branco. O problema não é a morte em si, mas o tempo que leva para o personagem "ressuscitar" e ter uma nova chance a partir do último checkpoint. Toda vez que acontecia comigo, ao jogar sozinho, a vontade era de arremesar o controle longe. Perto dos amigos, enquanto mostrava como o jogo funcionava, dava desespero olhar para suas caras de tédio enquanto esperavam a ação recomeçar. Nesse ponto em específico, o pessoal da Id Software e da MachineGames tem algo a aprender com o vietnamita Dong Nguyen, criador de Flappy Bird. Quanto mais rápido vier a chance de tentar de novo, mais vontade de jogar teremos.

3) Multiplayer

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É impossível que tenham se esquecido do sucesso do multiplayer de Return to Castle Wolfenstein. A série é um fps de sucesso e todo criador de fps sabe que, ao lado dos RPGs, o gênero é certeza de sucesso quando se permite a interação dos jogadores online em equipe ou mandando bala entre eles. O fato de em pleno 2014 a Bethesda (editora de Doom 3 e The Elder Scrolls Online) lançar um game de tiro da altura do Wolfenstein sem multiplayer é, no mínimo, estranho. Nos EUA e no Brasil, Wolfenstein habita a mesma faixa de preço de outros títulos como Watch Dogs e Mario Kart 8 (US$ 40 e R$ 200). Bancar um título como este sabendo que a diversão termina logo que você, sozinho, finaliza o último dos chefões, requer mais coragem do que teve Blaskowicz durante toda a saga.

 

Respondendo à pergunta de "Como é possível que a Bethesda tenha publicado um jogo sem multiplayer?", o diretor criativo da MachineGames, Jens Matthies, diz à GiantBomb que eles confiaram na palavra dos desenvolvedores que queriam focar no single-player. (Informação importante: a Bethesda pertence à ZeniMax Media, empresa que, em 2009, comprou a Id Software; até então, Wolfenstein era da Activision).

Veja o trecho completo da resposta: "Muitos publicadores/publishers contam um número de coisas que eles podem dizer: 'isso é o que está incluso no jogo'. Mas isso é o que faz da Bethesda única. Tudo o que eles querem é um produto de qualidade. Se o jogo é bom, eles podem vender o jogo, e é isso o que eles se preocupam. Quando nós falamos a eles que o melhor jogo que poderíamos fazer era um single-player porque manteríamos a equipe toda focada na experiência central do jogo, eles lidaram bem. Você espera que vai dar tudo certo quando começa uma parceria com uma nova editora, mas não tem certeza até de fato dar certo. Este foi um dos momentos em que soube que estávamos com as pessoas certas."

Matthies adiantou também que pretendem fazer uma sequência para The New Order. Não deu nenhuma previsão, como de praxe, mas podemos aqui fazer algumas especulações: Wolfenstein: The New Order levou três anos e meio para ser concluído e foi publicado cinco anos depois de Wolfenstein, que, por sua vez, surgiu depois de sete anos de Return to Castle Wolfenstein. Se esse intervalo continuar a diminuir é possível que iremos embarcar em novas missões contra os nazistas logo mais, em 2016.

//www.youtube.com/embed/rE1FAdw2P2M

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Wolfenstein: The New OrderDesenvolvedor: BethesdaJá disponível no BrasilPreço: R$ 199,90Plataforma: PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e PCs

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