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Quem joga, sabe

A quantas anda o mercado brasileiro para a Nintendo

Qual será o futuro da Nintendo no Brasil?  O Link tentou contato com o representante da Latame, a importadora oficial da Nintendo, por toda a semana, mas sem sucesso. Segundo nos foi informado, a cúpula da Nintendo está visitando o Brasil para avaliar o mercado, daí a impossibilidade de sermos atendidos.

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Por valmarfilho
Atualização:

Logo após a saída oficial da Nintendo do Brasil os direitos de distribuição foram outorgados para uma única empresa, a panamenha Latamel, que até hoje responde pela Nintendo no Brasil.

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A Latamel conseguiu construir uma boa rede de distribuição. Hoje, é possível encontrar produtos Nintendo na maioria das grandes lojas que vendem eletrônicos e games.

O único problema da Latamel: os preços cobrados. Um exemplo é o preço de lançamento que o Wii teve no Brasil. O console custava US$ 250 nos EUA, mas chegava no Brasil por R$ 2 mil. Por mais que os impostos sejam abusivos, nada justifica um preço tão elevado. A mesma política de preços altos era praticada com os jogos. E não há como competir com a pirataria ou mesmo o contrabando com preços tão pesados.

Alguns anos de mercado acabaram ensinando à Latamel como as coisas funcionam por aqui. O Wii ainda custa caríssimo, R$ 1.000, mas é metade do que já custou. Os jogos chegam quase simultaneamente ao lançamento nos EUA, custando caro, mas pelo menos eles vêm.

Alguns lojistas não gostam muito da política de preços imposta pela Latamel. Outros repudiam a dificuldade em importar diretamente os produtos da Nintendo por causa do controle que a empresa detém sobre nosso território. Mas é fato que, desde a saída da Playtronic, nunca tivemos tantos produtos Nintendo disponíveis.

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Até mesmo investimento em mídia a empresa tem feito. É comum hoje em dia assistir a comerciais dos produtos Nintendo nos canais a cabo. Pequenos eventos de divulgação dos jogos, como campeonatos, são corriqueiros.

É fato que a Nintendo sabe que o Brasil existe e que temos potencial de alcançar o topo de vendas na América Latina, em 2008, durante um evento da Latamel no Panamá, o Link teve a oportunidade de conversar com Regis Fill-Aime, presidente da Nintendo da América. Regis disse que o Brasil é de extrema importância para a empresa, e que existe inclusive a possibilidade de voltar a fabricar e distribuir diretamente os produtos por aqui se o mercado justificar.

Se tomamos por base o que aconteceu no México, pode ser que isso não esteja tão longe. A Nintendo só decidiu entrar no mercado mexicano para valer depois que a Microsoft assumiu o risco e se estabeleceu por lá. E como aqui no Brasil já temos a Microsoft fortemente instalada e agora a Sony vindo com força, é difícil não ficar atento ao mercado.

No passado, a Nintendo e o Brasil tiveram uma relação conturbada. Com o sucesso estrondoso do Master System e do Mega Drive, a Sega reinava em nosso país. Naquela época, a TecToy fazia um trabalho excepcional com a marca, e com uma ação sólida de mídia, conseguiu espalhar a noção de que o que ela vendia era a evolução. Todos queriam um videogame TecToy.

Mas, ao mesmo tempo, a Nintendo crescia explosivamente pelo planeta. Aqui no Brasil mesmo ela já fazia sucesso. Bem, não da forma como você imagina, mas fazia.

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Uma enorme quantidade de videogames e marcas variadas usava o hardware da Nintendo. E os jogos. Tudo devidamente pirateado, sem royalties para a Nintendo. Mas tínhamos os grandes jogos do Nintendo 8 Bits para quem quisesse. Queria jogar Super Mario? Era só procurar por Super Irmãos. Phantom System, Dynavision Plus, Top Game... todos esses consoles tinham um NES dentro.

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O Super Nintendo mudou o panorama do videogame no Brasil. Na década de 1990, foi o videogame mais popular. A qualidade gráfica, os excepcionais jogos, o apelo da marca Nintendo e especialmente a oferta quase ilimitada de cartuchos piratas fez muita gente optar pelo console. Por muito tempo, o Paraguai foi a única porta de entrada do Super Nintendo

A Gradiente, que já havia vendido o Phamtom System, acabou se aproximando da Nintendo e fez uma parceria para lançar seus consoles e jogos no nosso mercado. Com altos preços, mas fabricação local, a Playtronic, nome da empresa que solidificou a parceria, foi um marco no mercado nacional. Até então, a Sega era a única a fabricar consoles por aqui.

A Playtronic lançou o NES, o Super Nintendo, o Nintendo 64 e o Game Cube. Mas a insistência da Nintendo em utilizar cartuchos no período do Nintendo 64 foi erodindo a marca, que perdeu força para o PlayStation. O último suspiro veio com o Game Cube, que mesmo com excelente hardware não tinha como competir com a marca PlayStation, que mesmo clandestina conseguia arregimentar os jogadores.

As vendas fraquíssimas acabaram extinguindo a Playtronic. A Nintendo não havia ficado satisfeita com o fracasso. Para não perder o forte apelo que tinha como marca, a empresa colaborou com uma editora brasileira por muitos anos, para manter nas bancas uma revista oficial.

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Hoje, o momento é delicado para a Nintendo. Se deixar, a empresa perderá o momento de entrar com solidez e ficará sujeita a ser distribuída por terceiros. E a Nintendo é uma empresa orgulhosa de seus produtos, defende suas marcas com unhas e dentes.

Vamos ver o resultado dessa visita dos manda-chuvas ao Brasil, se haverá mudanças no cenário ou se a estratégia adotada vai se perpetuar.

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