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Quem joga, sabe

9 jogos brasileiros que serão lançados para PlayStation ainda em 2015

Conversamos com cada um dos estúdios brasileiros para saber mais detalhes sobre seus jogos e o que podemos esperar de projetos futuros

Por Murilo Roncolato
Atualização:

Por Murilo Roncolato

Conversamos com cada um dos estúdios brasileiros para saber mais detalhes sobre seus jogos e o que podemos esperar de projetos futuros

 

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Para quem sabe o quão difícil é manter um estúdio independente de games no Brasil, é sempre um motivo de orgulho ver jogos nacionais ganhando destaque em grandes plataformas. Foi o caso de Freekscape, do estúdio paulista Kidguru (não mais entre nós), quando se tornou, em 2010, o primeiro game brasileiro para PlayStation Portable (PSP). Quatro anos depois, foi a vez do Streetkix, da Ilusis, estreando em PlayStation Vita e em PSP. No dia 7 deste mês, a mesma Ilusis emplacou outro título - Krinkle Krusher - no Vita, mas também em PlayStation 3 e, ineditamente, em PlayStation 4.

Rodrigo Mamão, da Ilusis, diz que o retorno tem sido positivo e cumprindo o que eles esperavam. "Estamos tendo notas como 7/10. Mas é muito recente, teremos mais reviews vindo dos EUA, que é o nosso grande mercado. E agora estamos esperando um dev kit da Microsoft para publicar também em Xbox One", diz. Só depois de levar o game para todas as plataformas, o estúdio começará a tocar novos projetos.

O ritmo de lançamentos brasileiros, no entanto, deve aumentar. Até o fim deste ano, serão nove novos títulos que passarão a fazer parte das plataformas PlayStation da Sony - e mais um previsto para o comecinho de 2016. Uma explosão, principalmente quando se leva em conta que, segundo a Sony, em quatro anos (2010-2014) foram apenas dois. Não por acaso, hoje, os brasileiros no programa de incubação da Sony voltado para a América Latina representam cerca de 50% do total de estúdios.

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Confira a lista de jogos que estrearão na PS Store em 2015:

 

? Toren (PS4)

  O jogo, com fortes inspirações em Zelda e games puzzle, acompanha a história de Moonchild, uma princesa que deve chegar ao topo de uma torre (daí o nome do jogo) para se salvar.

Esse é o primeiro título do estúdio gaúcho Swordtales. Toren nasceu de um projeto acadêmico em 2011. De lá para cá, a equipe se sustentou por meios próprios e de apoio da Lei Rouanet. O game finalmente deve sair neste ano para PlayStation 4 e Steam. "Esse é o nosso plano, vamos fazer um anúncio oficial nas próximas semanas", diz o produtor Vitor Severo.

Segundo Severo, o processo de entrada na Sony é bem difícil e segue um controle mais rigoroso. "Na Steam ou em plataformas mobile não existe essa preocupação. Mas Sony e Microsoft cuidam muito disso porque se começam a pipocar jogos ruins, fica feio para elas." Para entrar no PS4, o jogo passou por uma bateria de testes na Sony que levou dois meses.

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A Swordtales não deve parar após a publicação de Toren. Novos projetos estão previstos para rolar no futuro, dependendo "só de alguns detalhes". "A nossa vontade é continuar desenvolvendo jogos. Temos três na mão que estamos escolhendo. Essa escolha vai depender do sucesso do Toren."

 

? Better Late Than Dead (PS4)

  A Odin Game Studio nos disse, em primeira mão, que vão lançar seu jogo Better Late Than Dead, sobre o qual estão debruçados há pouco mais de um ano, também para PlayStation 4 no último trimestre de 2015.

+ VEJA MAIS: Brasileiro 'Better Late Than Dead', da Odin, sairá no PS4

Trata-se de um jogo de sobrevivência realista com singleplayer (baseado em história) e multiplayer que deve conter, segundo o diretor Alexandre Kikuchi, "uma mistura de Náufrago e Jogos Vorazes". Para tirá-lo do papel, a empresa desembolsou, por enquanto, cerca de R$ 250 mil. Volume superior ao do projeto anterior, do game Enforcer, que demandou pouco mais de R$ 150 mil.

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O game, hoje parte de publisher britânica especializada em simuladores Excalibur, passou por mudanças depois do lançamento do gringo Stranded Deep, também de sobrevivência, na Steam. Para se distinguir do novo concorrente, mudou seu formato, e aí veio a vontade de emplacar o título em um console. "Conversamos com a Sony, eles gostaram da ideia e agora estamos para receber os dev kits", diz Kikuchi.

O game terá um acesso antecipado no Steam em junho. O objetivo é coletar as impressões da comunidade de jogadores para acertar os últimos detalhes antes de publicar uma versão final para PC e, em seguida, para a PS Store.

A Odin, criada em janeiro de 2013 em São Paulo, corre ainda com outros três projetos em paralelo, um deles inclusive um RPG independente de publisher, que devem ser, todos, lançados ainda neste ano - para isso, a equipe cresceu agora de seis para oito profissionais.

 

 

? Chroma Squad (PS4/Vita)

  Esse é um daqueles títulos difíceis de explicar em poucas palavras por sua originalidade (há um post inteiro no Que Mario? sobre ele aqui). Em Chroma Squad, o jogador dirige um estúdio de televisão que roda uma produção com sentais, super-heróis japoneses, famosos desde a década de 1970, conhecidos aqui através dos Power Rangers. No jogo, o objetivo é criar cenas - baseadas em lutas por turno - que gerem a maior audiência possível.

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O game nasceu das mãos da Behold, estúdio na estrada desde 2009 que ganhou fama principalmente depois do sucesso de Knights of Pen and Paper. O fundador da empresa, Saulo Camarotti, diz que o cronograma para novo título envolve lançamento para PC através da Steam no dia 30 de abril, tablets Android e iOS "no meio desse ano" e, finalmente, PS4 e Xbox One no final do ano.

"Como lançar em outras plataformas antes, vamos chegar para console com tudo testadinho já", diz. "Essas plataformas [Xbox e PlayStation] estão investindo muito acreditando que a inovação está vindo dos independentes. E os brasileiros estão chegando com tudo, aproveitando essa abertura de portas."

 

? Aritana e a Pena da Harpia (PS4)

  Com o índio Aritana como protagonista, nesse game de plataforma o jogador deve desenvolver o personagem enquanto busca um ingrediente - a pena de uma harpia - para curar o cacique de sua tribo. No caminho, ele deve fugir de Mapinguari, um monstro folclórico da origem amazônica.

Pérsis, fundador do estúdio paulistano Duaik (seu sobrenome), pretende lançar o game para PS4 ainda neste ano, mas tudo dependerá do desempenho das vendas na plataforma do rival Xbox One, com a qual tem um contrato de venda exclusiva do Aritana por seis meses.

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"A gente pretende lançar a versão para Xbox no mês que vem. Dessa forma, entre novembro e dezembro a gente pode ir para PS4 também", diz Duaik. "Mas se a venda não for interessante no Xbox One, a gente vai repensar."

Pérsis tem motivos para estar receoso. O estúdio teve uma má experiência colocando o game para venda através do Steam, onde o título é comercializado por R$ 26. "Ficamos três anos e meio desenvolvendo o Aritana. Ganhamos destaque no Steam, a distribuição foi ótima, mas a gente foi muito pirateado. Quanto mais a gente investia em marketing, mais a pirataria aumentava."

Segundo Duaik, 97% das cópias foram pirateadas. "A gente praticamente não vendeu jogo, mas distribuímos 30 mil cópias." Por essa razão, farão um "relançamento" para Xbox One, com uma série de novidades no jogo. Mas já adianta que se não vender bem no Xbox One, cogitará usar o dinheiro que investiria para PS4 em outro projeto.

"Temos outras coisas na manga. A gente criou maturidade com o Aritana. Depois de levar tanta porrada, a gente não vai cometer os mesmos erros na próxima vez", diz Duaik, que adianta que levará novos projetos para a Brasil Game Show desse ano, um inclusive baseado em realidade virtual, para Oculus Rift.

 

? HTR+ High Tech Racing (Vita)

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  Esse simulador de corridas de autorama levará sua técnica e realismo para a telinha do PS Vita até o fim de maio. Ao menos isso é o que espera Marivaldo Cabral, do estúdio QUByte. Essa será a segunda vez que o HTR é submetido para avaliação da Sony. A anterior se deu em dezembro, mas a Sony apontou erros técnicos e de jogabilidade que impediam o jogo de ir para a plataforma. Corrigidos esses erros, o estúdio vai tentar mais uma vez.

"Tem um rigor maior, de fato, e isso é bom para nós. Esse vai ser o nosso primeiro jogo autoral para console,ganhamos experiência com isso", diz Cabral.

A QUByte também acabou de receber dois dev kit da Microsoft, o que deve permitir ao estúdio apresentar seu jogo, com diferenciais em relação à versão do Vita, para Xbox One em alguns meses. Em parceria com o estúdio brasileiro Reload, o HTR também deve ir para Nintendo 3DS que, segundo Cabral, é algo mais complexo. "Nossa expectativa é setembro de 2015, vamos ver."

O simulador já está presente na loja brasileira Splitplay (por R$ 14,50) e na Steam (R$ 37). Segundo o fundador do estúdio, a resposta do jogador da versão para PC "foi muito boa", mas lamenta que a pirataria tenha "rolado solta".

"A cada uma cópia vendida, a gente tinha 20 mil piratas. Pensamos hoje que seria melhor ter colocado alguma restrição porque o volume de cópia irregular foi absurdo. É como se 90% do que temos de HTR rodando hoje fosse pirata."

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O estúdio promete o anúncio de mais um projeto "com gameplay mais desafiador" até o meio deste ano.

 

? Get Over Here (PS4)

  Esse game, que mistura elementos de Towerfall e Bomberman, foi lançado em março para Ouya, chegará na Steam logo mais e deve chegar para PlayStation 4 até o fim do ano. "A gente vai tentar garantir esse prazo mandando com dois meses de antecedência, porque caso a Sony aponte alguma falha, dá tempo de arrumar e mandar de volta", diz o programador Leandro Carlos, da Reload Game Studio.

O estúdio paulistano surgiu através da união de amigos de faculdade em 2010. Juntos, lançaram três títulos de destaque: Cheesecake Cool Conrad, Run for Rum - ambos já na Steam por R$ 10,50 - e Get Over Here.

"A versão do Get Over Here na Steam a gente vai soltar antes da BGS", adianta Carlos. "Lá, vamos ter o Get Over Here para jogar no PS4 e pretendemos já ter publicado o Cheesecake para Vita também."

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? Cheesecake Cool Conrad (Vita)

  Como disse Leandro Carlos, da Reload, Cheesecake chegará em outubro para Vita e "dependendo de como for" pode parar no PS4 também. Segundo o programador, a experiência de publicar o título na Steam em outubro do ano passado foi positiva e a expectativa é de repetir a dose. "Como estratégia, colocamos o preço do jogo mais baixo. Como resultado tivemos boas vendas, boa receita e menos pirataria."

Em Cheesecake, o jogador dirige o personagem Cool Conrad que deve coletar partes da rainha "Ice Cream", devolvê-la a salvo para o rei "Banana" e, assim, conseguir o consentimento para se casar com a princesa "Cheesecake". Para isso, ele deve pular de planeta em planeta, evitando obstáculos (como cupcakes). O jogo permite co-op de até quatro jogadores.

 

? Starlit Adventures (Vita)

 Starlit Adventures é uma grande aposta da Rockhead Games, estúdio gaúcho criado em 2010, que tem hoje na direção o cofundador e produtor da antiga Ubisoft Brasil, Christian Lykawka. Inicialmente, o jogo será lançado em junho para iOS e Android.

Mas logo em julho, provavelmente no dia 31, Starlit também irá para PS Vita, o primeiro título do estúdio a entrar na plataforma portátil da Sony. Trata-se de um jogo de plataforma vertical com puzzles que acompanha a história da dupla Bo and Kikki, este último uma "starlit", que devem recuperar as estrelas do céu, espalhadas pelo vilão Nuru ao redor do mundo.

Segundo Lykawka, "outras plataformas já estão nos planos [para Starlit] mas ainda não temos confirmação sobre datas". "A empresa está totalmente focada no projeto Starlit neste momento, foi um jogo que levou mais de dois anos para ser feito, por isso queremos deixar ele com o máximo de polimento possível."

 

? RUN (PS4)

  O primeiro game da Torch Games a ganhar vida chega para PlayStation 4 e Xbox One em novembro, embora "problemas possam ocorrer", previne o programador Julio Trasferetti, de São Paulo. "Mas estamos fazendo o máximo para ser na data." RUN também deve ser lançado para PC (Windows, Mac e Linux).

A equipe, formada em junho do ano passado, conta com sete pessoas. Todos de países diferentes, mas todos muito jovens. Julio, que criou o conceito do jogo em abril passado, tem 20 anos; Daniel Zaidan (do Brasil, de Minas Gerais), tem 18; Braden Parkes (EUA), tem 22; Béla Szábo (Hungria), tem 27; Thomas Frost (França), tem 24; Sara Naji (Marrocos), tem 21; e Alexander Nestoratos (Grécia), tem 22.

"Eu fui procurando o pessoal na internet, através de fóruns, Facebook e outros sites", diz Trasferetti. O trabalho acontece remotamente, enquanto dividem as horas de desenvolvimento com estudo e outros trabalhos. "É bem legal, são diferentes cabeças no mesmo projeto. A experiência é bem bacana."

Trata-se do maior projeto de Julio Trasferetti, que trabalha profissionalmente com jogos desde os seus 16 anos.

RUN conta a história de um ex-agente chamado Isaac Wain que é afastado do cargo depois de descobrir que sofre de esquizofrenia. "Com isso, ele começou a beber, usar drogas e ter conflitos com a família por causa da sua cabeça maluca", conta Julio. "Em certo ponto ele foi acusado de ter matado a própria mulher e a filha (mas o jogador não sabe ao certo, já que quem conta a história é o próprio Isaac) e ele vai preso."

De dentro da prisão, com elementos de stealth no estilo de Metal Gear Solid, ele vai se relacionar com prisioneiros e funcionários para tentar escapar.

 

 

E ficou para 2016...

   

? Ninjin: Clash of Carrots (PS4/Vita)

  O jogo dos paulistas da Pocket Trap estava previsto para ser lançado em 2015, inclusive pela própria Sony. Mas o projeto foi adiado e deve finalmente chegar ao mercado em março do ano que vem. Henrique Caprino, responsável pelo estúdio, explica que o adiamento se deve a mudanças no jogo. "O jogo ficou bem maior. O gameplay principal era associado com mobile, o Ninjin ficava sempre correndo...", diz. "Agora está meio parecido com Zelda, com mais cara de console." Segundo Caprino, um trailer com a cara nova do jogo deve ser lançado no mês que vem.

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