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Futebol: bastidores e opinião

Os tigres famintos de Felipão

Luiz Felipe Scolari não surpreendeu na convocação da seleção brasileira. Os 23 jogadores já haviam sido anunciados informalmente, apenas foram oficializados nesta quarta-feira. Felipão mostrou lealdade ao grupo que conquistou a Copa das Confederações, triunfo que devolveu o treinador ao cenário internacional e também ao torcedor brasileiro desde que ele resolveu retornar ao Brasil em 2010.

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Por Luiz Prosperi
Atualização:

A lista também não teve uma grande injustiça. Poderia se discutir um ou outro veterano, como Kaká, Robinho ou Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Mas Felipão não quis dar chance aos mais experientes por entender que nessa Copa ele precisa de jogadores com vontade de vencer. Não quis correr o risco de levar "jiboias saciadas". Preferiu investir em "tigres famintos", como diz o filósofo Paulo Autuori.

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Felipão pagou para ver neste grupo que, segundo ele, tem fome de bola, fome de vencer. Gente que está disposta a tudo para fazer história. Bom lembrar que dos 23 convocados, 17 não disputaram ainda uma Copa do Mundo. O treinador fez o caminho inverso de Carlos Alberto Parreira que levou para a Copa de 2006 jogadores acomodados, contas bancárias polpudas e pouco comprometidos com a seleção.

A este blog, Felipão contou porque optou por jovens e com pouco lastro de Copa do Mundo:

"É impressionante a vontade deles em servir a seleção. Eles me ligam e me cobram:'Professor quando a gente vais e reunir novamente? Arruma um joguinho para a gente jogar, se encontrar. Essa vontade, essa gana, isso contagia. Eles estão com uma vontade danada de jogar pela seleção e conquistar a Copa. Isso pesa muito, é importante", disse Felipão.

Com o grupo definido, cabe agora ao treinador montar suas estratégias. E, ao que parece, ele vai repetir o modelo das Confederações quando a seleção jogou no pulso da torcida e na tática do abafa, pressão em cima do adversário. Essa comunhão deu certo no ano passado. Mas é bom ressaltar que agora a conversa é outra. Os adversários do Brasil certamente já estudaram essa tática e podem apresentar um antídoto contra esse rolo compressor. Felipão que se vire.

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É por isso que, olhando os 23 convocados, não se vê um jogador cerebral. Há muita disposição, entrega, um certo talento, e pouca gente para pensar nesse grupo. Dizem, e a história está aí para provar, que em Copas do Mundo é preciso um jogador cerebral, um acima da média. Tivemos Didi em 1958 e 62, Pelé e a constelação de 70, Romário em 94 e a dupla Ronaldo e Rivaldo em 2002. Agora, só temos Neymar e um monte de coadjuvantes.

A Copa também, ao que parece, vai ser de muito vigor físico, troca de passes e disposição. Em cima disso, a seleção de Felipão está bem-servida. Cabe ao treinador agora fazer esse time jogar. A sua convicção é de que fez o certo. Vai mandar a campo os seus tigres famintos.

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