PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Futebol: bastidores e opinião

O legado de Ricardo Teixeira na CBF

Ricardo Teixeira tem residência fixa em Miami desde meados de 2012 quando apresentou sua renúncia à presidência da CBF, escorraçado por denúncias no Brasil e na Suíça com estreita colaboração dos chefões da Fifa.  Antes de abandonar o trono, Teixeira arrumou a casa para emplacar seu sucessor José Maria Marin e, por tabela, Marco Polo Del Nero.

Por Luiz Prosperi
Atualização:

Nesta quarta-feira, Del Nero se elegeu presidente da CBF para um mandato de no mínimo três anos, com a benção de Marin e apreço de Teixeira. Trocaram-se as cadeiras, mas não mudaram o jeito de pensar o futebol brasileiro. É a continuidade da continuidade. Era o que estava combinado desde 2012.

PUBLICIDADE

Não será surpresa se, após o pleito na CBF, Del Nero embarcar para Miami para agradecer ao mentor Teixeira. Quem sabe o encontro não aconteça no Rio mesmo, no restaurante Antiquarius, no Leblon, um dos preferidos de Teixeira e de seu patrono maior João Havelange. Teixeira costuma frequentar a casa.

Aliás, Teixeira tem vindo ao Brasil sem grandes sobressaltos e preocupação com a Justiça ou Polícia Federal. O ex-presidente da CBF circula pelo País amparado por um despacho da Polícia Federal onde não constam antecedentes criminais em nome de "Ricardo Terra Teixeira", pelo menos até dezembro de 2013 - conforme documento 072743/2013-78 da Delegacia de Defesa Institucional da PF.

Apesar do salvo-conduto para ir e vir ao Brasil, Teixeira tem sido alvo de uma série de denúncias e investigações de casos de propinas em amistosos da seleção brasileira e outras encrencas nos intestinos da Fifa.

Sem entrar no mérito do que a Justiça vai decidir a respeito das denúncias contra Teixeira, cabe agora, com a eleição de Marco Polo Del Nero ao posto maior da CBF, analisar o "legado" de Teixeira ao futebol brasileiro. E, de imediato, se conclui que ao longo de seu reinado de 25 anos no poder Teixeira não mudou a ordem nem o rumo do futebol no País. Seguiu à risca aos mandamentos de João Havelange de transformar esse esporte em um grande negócio dentro da CBF, assim como ele mesmo Havelange fez com a Fifa, entre 1974 a 1994.

Publicidade

A favor de Teixeira, a criação da Copa do Brasil, as conquistas das Copas de 94 e 2002, a instituição do Brasileirão de pontos corridos e o fortalecimento da marca da seleção brasileira no marketing esportivo internacional. Contra o ex-presidente, as CPIs que apontaram a sujeira que reina no nosso futebol, a política de comprar dirigentes das Federações com agrados, a pouca autonomia dada aos clubes, os casos de corrupção e desvio de dinheiro, entre outros negócios encardidos e denunciados pela polícia e Justiça.

Tudo isso junto não alcança a dimensão de a Copa do Mundo ser realizada no Brasil. Teixeira se aliou aos caciques da Fifa para trazer o Mundial ao País e conseguiu convencer o então presidente Lula de que o valia a pena receber o evento, em 2007. O que veio depois disso fica para um novo post desse blog.

A Copa, sem entrar no mérito da organização e dos gastos, vai colocar o futebol brasileiro em outro patamar dentro do campo. Sem a Copa, nossos estádios estariam aos pedaços carcomidos pelo atraso e o tempo. Com as novas arenas, o futebol passa a ter maior relevância e os torcedores maior respeito.

O futebol, o samba e o carnaval, com centenas de sambódromos construídos com dinheiro público pelo País afora, são patrimônio da cultura popular do brasileiro e, até por isso, merecem respeito. Com ou sem Teixeira, Marin, Del Nero...

 

 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.