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Futebol: bastidores e opinião

CBF manda Dunga mudar a lista da seleção

Dunga deveria pensar duas vezes antes de bater o pé e franzir a testa. A seleção brasileira, antes de tudo, pertence a Marin e Del Nero.

Por Luiz Prosperi
Atualização:

Dunga perdeu a queda de braço com os clubes brasileiros ao anunciar nesta quinta-feira a convocação da seleção para os dois amistosos em novembro. Por ordem do comando da CBF, que foi pressionada pelos dirigentes dos principais times do País, o treinador não chamou jogadores que atuam no País. A lista dos 23 é inteira formada por "estrangeiros". A anterior tinha atletas de times do Brasil e foi alterada de última hora.

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Trata-se de uma derrota de Dunga. Para quem não se lembra, ele havia comentado na China, há pouco mais de duas semanas, que levaria em conta apenas os interesses da seleção, mesmo sob pena de prejudicar os clubes na próxima convocação. Falou grosso, na ocasião. E se encolheu todo na hora de colocar os nomes no papel.

Dunga teve de engolir a uma ordem de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, os dois presidentes da CBF (um no pleno exercício do cargo e outro, eleito para assumir em 2015).

Marin e Del Nero optaram por não comprar briga com os clubes. A chiadeira dos dirigentes está ligada ao calendário nacional. Eles não se conformavam em ter de ceder seus principais jogadores à seleção na reta final do Campeonato Brasileiro e decisão da Copa do Brasil.

Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, foi quem mais pegou pesado com a CBF. Chegou a dizer que notificaria a entidade se o São Paulo fosse obrigado a ceder jogadores para a seleção nos amistosos de novembro. Mesmo sem o espalhafato de Aidar, outros dirigentes de clubes também cobraram coerência da CBF. No fim da corda, Dunga pagou o pato.

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Toda essa polêmica não teria sentido se, por acaso, a CBF paralisasse os campeonatos em datas que a Fifa reserva para jogos das seleções. Na Europa, quando as seleções entram em campo, os campeonatos não têm jogos. Aqui os clubes são obrigados a jogar sem seus ídolos, de altos salários, que ficam a serviço da seleção brasileira.

Ridículo. A CBF não abre mão dos jogos da seleção porque fatura montanhas de dólares - nos últimos quatro amistosos, amealhou cerca de R$ 20 milhões. E pouco se lixa para os clubes brasileiros e o calendário nacional. Por isso, Dunga deveria pensar duas vezes antes de bater o pé e franzir a testa. A seleção, antes de tudo, pertence a Marin e Del Nero.

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