Primeira Classe

SUVs compactos: novatos começaram mal

Creta e Tracker com motor 1.4 turbo, que acabam de chegar às lojas, não conseguiram reunir atributos para superar os campeões do mercado. Saiba por quê

Rafaela Borges

24 de jan, 2017 · 7 minutos de leitura.

SUVs compactos: novatos começaram mal
Crédito: Creta e Tracker com motor 1.4 turbo, que acabam de chegar às lojas, não conseguiram reunir atributos para superar os campeões do mercado. Saiba por quê

(Foto: Sergio Castro/Estadão)

 

O comparativo desta quarta-feira (25), entre os SUVs compactos (leia aqui), foi um dos mais complicados que já escrevi, em quase 14 anos de carreira no jornalismo automobilístico. Os carros, especialmente os desse segmento, estão cada vez mais parecidos. Para chegar ao veredicto, o auxílio da equipe do Jornal do Carro, portanto, foi crucial. Os integrantes de nosso time, aliás, aproveitaram para escolher seu “jipinho” preferido, independentemente de o modelo estar nesta reportagem (confira aqui as opiniões).

Publicidade


No entanto, foi fácil chegar a duas conclusões: os utilitários-esportivos compactos têm muito a evoluir e as mais recentes novidades da categoria não causaram boa impressão.

Sobre a primeira conclusão, o fato é que nenhum dos cinco modelos (Kicks, Renegade, HR-V, Creta e Tracker) reúne três atributos importantes: boa construção, lista com todos os equipamentos fundamentais para carros dessa faixa de preço e motores modernos e eficientes.

Em construção e equipamentos fundamentais, o Renegade é imbatível. Com um motor mais moderno (algo que ocorre nas versões a diesel, que, no entanto, têm preços mais altos), o Jeep nadaria de braçada na categoria.


Já o Tracker conseguiu, enfim, trazer um propulsor primoroso ao segmento. E aí chegamos aos detalhes da segunda conclusão, sobre as mais recentes novidades do segmento – Creta e Tracker com novo motor, ambos lançados neste mês.

O Chevrolet, apesar do excelente desempenho obtido com seu novo 1.4, não evoluiu em mais nada. Enquanto o Kicks nem parece ter sido construído sobre a base do March, o Tracker passa a impressão de ser um Onix. Mais sofisticado, certamento. Mas, ainda assim, um Onix.

Nos EUA, o Tracker tem controle eletrônico de estabilidade (ESP). Aqui, não. Opção da marca. A Chevrolet optou por dar ao carro o motor mais moderno da categoria e oferecer no modelo o serviço de concierge OnStar. Isso sem aumento de preço.


A manutenção da tabela, aliás, é ótima notícia. Mas não em detrimento da segurança. Com segurança não se brinca, e o ESP é um equipamento fundamental para evitar acidentes, ao corrigir a trajetória das rodas. Em dias de chuva, por exemplo, pode ser a diferença entre sofrer ou não um acidente.

Além disso, a partir de 2018 o ESP será obrigatório em todos os novos projetos de carros vendidos no Brasil. A partir de 2020, todos os modelos zero-km comercializados no País precisarão ter, de série, esse item. Então, chega a ser inaceitável a ausência do ESP em um carro de quase R$ 90 mil – até Ka e Logan, entre outros modelos mais em conta, trazem a tecnologia. Caso assim, só mesmo o do Toyota Corolla.

Assim, na minha opinião, a Chevrolet errou. Errou feio. Seria melhor cobrar um pouco mais pelo carro (de R$ 2 mil a R$ 3 mil extras) e dar ao cliente, ao menos como item opcional, o ESP. Assim, o consumidor poderia escolher se quer o preço mais baixo ou a tecnologia de segurança.


O inédito Creta, aguardado com muitas expectativas, não as cumpriu. A esperança era de que o Hyundai chegasse como um “jipinho” ágil e bem construído. Porém, seu motor, apesar do duplo comando variável de válvulas, é, na verdade, um projeto bem antigo.

A potência é a mais alta dos modelos desse comparativo, mas o desempenho é bem inferior ao que os 166 cv prometem. Isso aliado a um consumo alto demais. A decepção é inevitável.

Alguns integrantes da equipe do Jornal do Carro também criticaram bastante o acabamento. Parecia mais legal nas fotos. Isso porque os materiais usados, apesar de bonitos, não são referência de qualidade.


O fato é que Creta e o renovado Tracker chegaram depois. E quem chega depois tem sempre de trazer algo a mais. No caso dos novatos, eles vieram sem, de fato, inovar de verdade. Assim, ponto para o Nissan Kicks, que pelo custo-benefício – e também pelas falhas dos rivais – é, ao menos por ora, a melhor opção da categoria.

Para finalizar, se eu tivesse de comprar um desses cinco modelos, seria, ironicamente, o “lanterna” Tracker. Mas essa sou eu: não resisto a um carro ágil e com uma boa central multimídia. Eu, porém, compraria o pacote com ESP opcional, como o sugerido, se a Chevrolet o oferecesse.

Mas a verdade é que, na hora da escolha, vale mensurar o que é mais importante para você, pois os cinco carros têm virtudes, mas nenhum deles é perfeito.


Então veja com olhar cirúrgico o quadro de notas de seu comparativo e confira qual é o modelo que vai melhor nas características que são mais importantes para você. Espero que essa reportagem os ajudem a fazer uma boa escolha!

 

Newsletter Jornal do Carro - Estadão

Receba atualizações, reviews e notícias do diretamente no seu e-mail.

Ao informar meus dados, eu concordo com a Política de privacidade de dados do Estadão e que os dados sejam utilizados para ações de marketing de anunciantes e o Jornal do Carro, conforme os termos de privacidade e proteção de dados.