Primeira Classe

Senna torna-se ‘Rei de Mônaco’: foi há 23 anos

Ayrton não é recordista em títulos, vitórias, nem mesmo poles. Mas o posto de maior vencedor do GP de Monte Carlo ninguém ainda conseguiu lhe tirar. Confira essa e outras histórias da mais democrática (sim, acredite, é democrática) corrida do calendário

Rafaela Borges

24 de mai, 2016 · 9 minutos de leitura.

Senna torna-se 'Rei de Mônaco': foi há 23 anos
Crédito: Ayrton não é recordista em títulos, vitórias, nem mesmo poles. Mas o posto de maior vencedor do GP de Monte Carlo ninguém ainda conseguiu lhe tirar. Confira essa e outras histórias da mais democrática (sim, acredite, é democrática) corrida do calendário

Embora esse conceito seja subjetivo, pois envolve carros de épocas de diferentes, que exigem maneiras distintas de pilotar, Ayrton Senna é considerado por muitos fãs, quase todos os dirigentes de equipe e a maioria dos pilotos o melhor de todos os tempos na Fórmula 1. No entanto, ele nunca foi recordista em números.

(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

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Quando morreu, tinha três títulos, mesmo número de Nelson Piquet e Niki Lauda, entre outros. Já então, Prost, seu contemporâneo, tinha quatro. Fangio, cinco. 

Em número de vitórias, somava 41. Prost já detinha suas 51. Era líder, porém, em número de pole positions, mas mesmo esse recorde acabou sendo batido posteriormente – por Michael Schumacher. Porém, há um recorde que é apenas do brasileiro, e dificilmente alguém poderá superar nos próximos anos: maior vencedor da história do GP de Mônaco.

Senna venceu no principado seis vezes, a última há 23 anos. A efeméride, na verdade, foi celebrada ontem, 23 de maio. O ano era 1993, que marcou a última temporada completa do brasileiro na F1 – ele viria a falecer no GP de San Marino, terceiro do campeonato de 1994. 


A vitória foi como a McLaren, assim como outras quatro conquistas de Senna em Mônaco. Com a McLaren, aliás, ele ganhou cinco vezes seguidas, de 1989 a 1993. Além dessas, ele ganhou em 1987, com a Lotus.

Sua história em Mônaco, porém, começou bem antes. Foi em sua temporada de estreia, com a fraca Toleman  – que, no grid de hoje, equivale à Renault ou, com alguma boa vontade, Force India.

O ano era 1984 e Senna, sob chuva, ultrapassou diversos pilotos para chegar à segunda posição. Estava se aproximando do líder, Alain Prost. Porém, a direção de prova considerou que a chuva, forte demais, representava risco aos pilotos, e interrompeu a corrida antes.


Senna terminou em segundo, com Prost em primeiro. Há quem diga que, se a corrida continuasse como previsto, ele ultrapassaria o francês – isso em um circuito que é praticamente impossível de se ultrapassar. Mas há quem diga, também, que outro francês, René Arnoux, ultrapassaria o brasileiro.

A verdade? Nunca saberemos. Porém, a partir daquela corrida, os olhos dos dirigentes de equipes cresceram para cima do jovem Ayrton.

Com as sexta vitória, Senna ganhou aquele que hoje é um de seus mais lembrados apelidos: Rei de Mônaco. Ou, no mundo da Fórmula 1, onde inglês é o idioma oficial, Mister Mônaco. Mas por que essas vitórias são tão significativas, consideradas mais importantes que em qualquer outro circuito.


Porque Mônaco sedia uma corrida mágica, e especial. Para quem assiste a prova na TV, ela pode parecer chata – o que salva o público de cair no sono é a paisagem paradisíaca das ruas do principado. Porém, é consenso entre os pilotos: trata-se de um dos circuitos mais técnicos do calendário. Para vencer ali, a não ser que conte com a sorte, o piloto precisa ser realmente bom. E ninguém vence seis vezes contando com a sorte, convenhamos.

Com ultrapassagens quase impossíveis, curvas de velocidade baixa e retas praticamente inexistentes, a estreita pista de rua não é a preferida dos pilotos – que costumam eleger as rápidas Suzuka e Spa-Francorchamps como as prediletas -, por exigir uma concentração absurda. Ali, é muito fácil de errar. Os competidores respeitam o circuito, e uma vitória lá é sempre emocionante. 

Portanto, parabéns Senna, Rei de Mônaco. E que você mantenha esse importante recorde!


DEMOCRACIA

Realizada em um dos balneários mais caros e exclusivos do mundo, o GP de Mônaco é considerado uma corrida voltadas aos muitos endinheirados. Porém, se engana quem pensa assim. Estive lá no ano passado, para acompanhar a prova “in loco”. O que percebi? Trata-se da prova mais democrática do calendário.

Claro que os ingressos estão à venda, e são caros. Há arquibancadas e camarotes, muitos deles instalados em suntuosos hotéis cinco-estrelas ou barcos posicionados na marina do principado. Mas também dá para assistir a corrida, em uma ótima posição. E de graça!


Os seguranças até tentam impedir o público de se posicionar em alguns locais diante dos carros, mas, como trata-se de um circuito de rua, e em uma região cerca de montanhas, não há muito o que fazer: milhares de pessoas conseguem assistir à corrida sem pagar ingresso, e praticamente de camarote.

O público se aglomera nos morros que têm vista para a região dos boxes, chamada de pit lane. Então, conseguem acompanhar os trabalhos das equipes, inclusive durante os pit stops, e a largada da corrida.

Após os treinos – o primeiro, diferentemente do que ocorre nas outras etapas, é disputado às quintas – e a corrida, há festas, festas e mais festas. Fechadas, tendo em sua lista de convidados a nata do “jet set” internacional. Em hotéis, marinas, bares, restaurantes…


Mas e daí que o público comum não tem convite para essas festas? Nem precisa! Durante todo o período do Grande Prêmio, a maior parte da região da pista fica fechada à circulação de carros normais. E, quando os carros de Fórmula 1 saem, entram os DJs. São diversos, um atrás do outro. A pista, então, vira uma grande festa, que começa na parte da tarde e só termina na manhã seguinte. Ninguém precisa pagar nada para participar.

E assim é Mônaco, uma grande festa e um momento especial para qualquer fã de automobilismo. As peculiaridades desse Grande Prêmio fazem com que eu recomende essa experiência a qualquer pessoa que me peça dicas de viagem, mesmo as que não gostam de Fórmula 1.

Se não é pelo automobilismo, vá pela beleza da Riviera Francesa (e ainda dá para esticar na Itália, bem próxima) ou pela alegria que domina aquelas ruas no período. Ou pelo maravilhoso apito dos barcos ao encerramento da corrida, saudando o campeão – que, no ano passado, assim como nos dois anteriores, foi Nico Rosberg. 


O GP de Mônaco de 2016 será disputado neste feriadão, de 26 a 29 de maio. Para quem não estará lá, como eu, resta assistir pela TV! Fazer o que, né? Mas eu ainda volto! Podem apostar!

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