Primeira Classe

Pilotos perdem espaço na lista dos atletas mais bem pagos

Com a queda de interesse na categoria, cai também a receita com publicidade

Rafaela Borges

30 de jun, 2015 · 12 minutos de leitura.

Pilotos perdem espaço na lista dos atletas mais bem pagos
Crédito: Com a queda de interesse na categoria, cai também a receita com publicidade

Foto: Chris Wattie/Reuters

 

Aqui na redação, estávamos debatendo os motivos que estão levando os pilotos – não apenas da F1, mas do automobilismo em geral – a perderam espaço na lista dos mais bem pagos atletas do mundo. Falta de interesse do público no esporte a motor foi o fator mais apontado pelos repórteres e editores do Jornal do Carro.

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(No Instagram: @blogprimeiraclasse)

Mas por que o automobilismo já não atrai tantos fãs? O motivo mais aparente parece ser a falta de um grande ídolo, um herói, a exemplo de Ayrton Senna ou mesmo o controverso heptacampeão Michael Schumacher.

A falta de adequação do esporte ao motor à realidade midiática das redes sociais também contribui para este fenômeno. No caso específico da Fórmula 1, os pilotos são mais discretos que jogadores de futebol ou mesmo tenistas. Lewis Hamilton até mostra bastante sua vida pessoal no Instagram, por exemplo. Já Fernando Alonso, que tinha conta na rede de fotos, a deletou; hoje se limita a fazer alguns comentários no Twitter.


Sebastian Vettel, o tetracampeão, não tem sua vida social exposta em situação nenhuma. Sem conta em nenhuma rede social, ele raramente se deixa fotografar fora de um fim de semana de Grande Prêmio. Tanto que jamais foi visto uma imagem de sua filha Emily, nascida no ano passado.

Até na época da Mercedes, Schumacher colocou F1 no top 10 do ranking (Foto: Fernando Hernadez/AP)

Ainda no caso da Fórmula 1, são notórias as quedas de audiência e de público nos autódromos. A categoria, também atrasada quando o assunto é rede sociais e com regras de cada vez mais difícil compreensão, não consegue cativar mais o público jovem.

Esses fatores se refletem diretamente na lista dos mais bem pagos atletas do mundo, divulgada pela revista Forbes. Nela, aparecem só seis representantes do automobilismo, quatro da Fórmula 1, que é o reflexo do esporte a motor, e dois da Nascar. O primeiro colocado, como no ano passado, é Lewis Hamilton, o piloto que, além de ser o atual campeão, expõe além da média da categoria sua vida pessoal.


Porém, no contexto dos 100 mais bem pagos, Hamilton é apenas o 15º colocado. A posição é até melhor que a do ano passado, quando ele foi 19º. No entanto, é um desempenho ruim quando comparado ao início desta década e, principalmente, aos primeiros dez anos do século.

Na primeira metade da década de 2000, Michael Schumacher ocupava regularmente o segundo lugar na lista dos atletas mais bem pagos do mundo, atrás apenas de Tiger Woods. É a prova de que a categoria tinha um apelo muito maior, já que, nesta conta, estão incluídos os ganhos com publicidade.

Federer: US$ 58 milhões dos US$ 67 milhões faturados são provenientes de ações de publicidade e marketing (Foto: Ahmed Jadallah/Reuters)

E, no caso de Schumacher, estamos falando de um atleta extremamente controverso, seja por algumas atitudes antidesportivas na pista, por ser considerado uma personalidade pouco carismática ou, ainda, pela “acusação” de fazer mal à competitividade da categoria, já que só ele vencia os campeonatos naquela época. Ainda assim, ele era um dos atletas mais bem pagos do mundo.


Em sua segunda passagem pela categoria, de 2010 a 2012, Schumacher jamais obteve uma vitória. Seu melhor resultado foi o terceiro lugar no Grande Prêmio da Europa de 2012, em Valência.

Ainda assim, ele continuou representando o automobilismo no top 1o da lista dos atletas mais bem pagos – em 2011, ocupou a nona colocação.

E, naquele ano, bem como nos anteriores, havia grande variedade de pilotos de diversas categorias do esporte a motor, até mesmo o motociclismo. Exemplo é Valentino Rossi, da MotoGP, que apareceu na 13ª posição em 2011. Pilotos da Fórmula Indy também eram presença constante.


Isso, agora, parece ter ficado do passado. A Nascar ainda se sustenta, mesmo que em posições inferiores do top 100, por ser hoje a categoria mais importante do automobilismo nos EUA. E, naquele país, o marketing esportivo é muito forte. Tanto que a maioria dos listados pela Forbes é de nacionalidade americana.

EVOLUÇÃO ABAIXO DA MÉDIA

Floyd Mayweather, o mais bem pago, faturou US$ 300 milhões (Foto: Steve Marcus/Reuters)

Quando se observa os números, é notável que os salários da categoria evoluíram, bem como os ganhos totais. Hamilton faturou US$ 39 milhões nos últimos 12 meses, de acordo com a Forbes. É bem mais que os US$ 27,5 milhões de 2013.


Naquele ano, o piloto mais bem pago do mundo era Fernando Alonso, então na Ferrari e agora na McLaren. Ele havia faturado US$ 30 milhões. Na mais atualizada lista, ele ocupa o segundo lugar quando se considera apenas os representantes no automobilismo e o 17º considerando todos os atletas – faturou US$ 34 milhões.

Na lista de 2015, Sebastian Vettel, da Ferrari, é terceiro entre os pilotos e 21º entre todos os atletas, com ganhos de US$ 33 milhões. Seu companheiro de equipe, Kimi Raikkonen, é respectivamente quarto e 32º, com US$ 27 milhões.

Os valores arrecadados pelos três primeiros colocados entre os pilotos mais bem pagos do mundo são superiores aos de Michael Jordan, o terceiro colocado em 2002, com US$ 30 milhões. (Naquele ano, Schumacher, o segundo, faturou US$ 60 milhões).


Então, é possível dizer que os salários na Fórmula 1 não “pararam no tempo”. Porém, a receita com publicidade sim. A categoria não conseguiu acompanhar, nesse quesito, os outros esportes, nos quais a receita publicitária é cada vez maior.

Para comparação, o quinto colocado entre os atletas mais pagos, Roger Federer, faturou “apenas” US$ 9 milhões em prêmios/salários no período de aferição. Já com publicidade, ele arrecadou outros US$ 58 milhões. No caso de Hamilton, foram US$ 36 milhões em salário e somente US$ 3 milhões em receitas publicitárias.

Já o boxe se tornou uma mina de ouro, mas não por causa de publicidade, e sim das premiações. Tanto que Floyd Mayweather, com US$ 300 milhões faturados nos últimos 12 meses, não é apenas o atleta mais bem pago; é também a celebridade que mais ganhou dinheiro no período, à frente de nomes da música e cinema, entre outras áreas.


O segundo lugar entre os atletas ficou com outro boxeador, Manny Pacquiao. Já o jogador de futebol Cristiano Ronaldo apareceu na terceira posição. O futebol, aliás, ganha espaço. Em 2002, nenhum representantes deste esporte aparecia no top 10. Agora, Lionel Messi é quarto. Nos dois casos, as receitas publicitárias ultrapassaram os US$ 20 milhões.

Também no top 10 estão representantes do basquete, golfe e tênis.

Veja quais são os atletas mais bem pagos do mundo


1 – Floyd Mayweather (boxe) – US$ 300 milhões

2 – Manny Pacquiao (boxe) – US$ 160 milhões

3 – Cristiano Ronaldo (futebol) – US$ 79,6 milhões


4 – Lionel Messi (futebol) – US$ 73,8 milhões

5 – Roger Federer (tênis) – US$ 67 milhões

6 – LeBron James (basquete) – US$ 64,8 milhões


7 – Kevin Durant (basquete) – US$ 54,2 milhões

8 – Phil Mickelson (golfe) – US$ 50,8 milhões

9 – Tyger Woods (golfe) – US$ 50,6 milhões


10 – Kobe Bryant (basquete) – US$ 49,5 milhões

11 – Ben Roethlisberger (futebol americano) – US$ 48,9 milhões

12 – Rory Mcilroy (golfe) US$ 48,3 milhões


13 – Novak Djokovic (tênis) – US$  48,2 milhões

14 – Zlatan Ibrahimovic (futebol) – US$ 39,1 milhões

15 – Lewis Hamilton (Fórmula 1) US$ 39 milhões


16 – Ndamukong Suh (futebol americano) US$ 38,6 milhões

17 – Fernando Alonso (Fórmula 1) – US$ 35,5 milhões

18 – Gareth Bale (futebol) – US$ 35 milhões


19 – John Lester (basquete) – US$ 34,1 milhões

20 – Derrick Rose (basquete) – US$ 33,9 milhões

21 – Sebastian Vettel (Fórmula 1) – US$ 33 milhões


32 – Kimi Raikkonen (Fórmula 1) – US$ 27 milhões

55 – Dale Earnhardt Jr. (Nascar) – US$ 23,6 milhões

61 – Jimmie Johnson (Nascar) – US$ 22,7 milhões 


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