Encontrar uma Kombi de seis portas por aí é difícil. Cruzar com um exemplar como a saia-e-blusa 1973 branca e azul do empresário Torquato Durazzo é algo digno de registro. Além de impecavelmente conservada, a perua exibe acessórios de época garimpados no Brasil e no exterior, o que a torna ainda mais especial.
Por ser rara, a Kombi de seis portas é cobiçada por colecionadores de diversas partes do mundo e muitos dos exemplares remanescentes estão deixando o País. Esse modelo foi fabricado somente no Brasil, a partir de 1961, e sobreviveu à grande reestilização ocorrida em e 1976, mas não são muitos os exemplares que sobreviveram. A Alemanha também teve um modelo de seis portas na década de 50. O utilitário, porém, só era oferecido na versão furgão (sem vidros laterais).
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Com suas três fileiras de bancos, o utilitário brasileiro tinha como finalidade primoridial o transporte de passageiros. Na propaganda veiculada na época, a Volkswagen definia o consumidor ao qual seu produto se destinava: “Táxis, lotações, agências de turismo, hotéis, companhias de aviação e escolas”, além, é claro, das famílias numerosas, algo bem mais comum nos anos 60.
A principal diferença do modelo 201 – código que o utilitário recebeu na Volkswagen do Brasil – em relação às outras Kombis, além das duas portas na lateral esquerda, são as colunas que separam as portas, e em ambas as laterais, o que inviabilizava o transporte de grandes volumes.
A perua só saía de fábrica com acabamento da versão Luxo, o que incluía frisos externos em alumínio, estribos, pintura em duas cores, forrações internas integrais e revestimento diferenciado dos bancos. Por tudo isso, ela era bem mais cara que a Kombi convencional, de quatro portas, o que tornou seu mercado mais restrito. A impossibilidade de carregar volumes maiores, por causa das colunas laterais, era outro fator restritivo do modelo.
Na pequena coleção de antigos de Torquato Durazzo, no entanto, a Kombi tem lugar especial. “Demorei muito para encontrar esse carro, e foi difícil convencer o antigo dono a vendê-lo, mas era um sonho que eu tinha desde a juventude, quando trabalhava com vendas e usava uma Kombi para atender meus clientes”, diz o empresário.
A perua de Durazzo nunca passa despercebida. Além da beleza da conservação – a mecânica é toda original, com o tradicional motor a ar 1.500 – e da combinação de cores, ela carrega mimos como auxiliar de quebra-vento em acrílico azul, aro de buzina, prolongador de alavanca de câmbio e de freio de mão, todos cromados, pneus com faixa branca, grades protetoras nos faróis e lanternas, tapetes de época e, em breve, segundo o dono, ganhará cortinas. “Desse carro nunca vou me desfazer. Não há dinheiro que pague”, diz.
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