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Macrometrópole paulista terá 58 novas barragens até 2035

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Por José Tomazela
Atualização:

  O Plano Diretor de Aproveitamento de Recursos Hídricos para a Macrometrópole Paulista prevê a construção de 58 barragens no Estado de São Paulo para garantir o abastecimento dessa região até 2035. Os reservatórios vão cobrir cerca de 50 mil hectares de vegetação e áreas de proteção ambiental, como trechos da Mata Atlântica considerados Reserva da Biosfera. A área afetada equivale a um terço do território do município de São Paulo.

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 O plano, encomendado pelo governo atual, explora todas as alternativas disponíveis de abastecimento para fazer frente à expansão econômica e populacional das regiões metropolitanas do Estado. Se executados, os novos projetos quase dobram o número de barramentos existentes nos rios paulistas. Em todo o Estado, foram construídas 69 barragens principalmente para geração de energia elétrica - algumas têm mais de 100 anos. Entidades ambientais criticam os barramentos porque, além de caros, inundam matas, reduzem a biodiversidade e interferem no ciclo da vida aquática.

 Apenas as barragens de Duas Pontes e Pedreira, nos municípios de Amparo e Pedreira, respectivamente, irão inundar 1,9 mil hectares, a maior parte em Área de Preservação Permanente (APP). O governo de São Paulo contratou os estudos dos impactos ambientais das represas nos rios Camanducaia e Jaguari ao custo de R$ 16 milhões. O objetivo é aumentar a oferta de água para as Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e reduzir a dependência das bacias do Sistema Cantareira, que enfrenta grave crise hídrica.

  Está prevista a construção de um sistema adutor para levar água do reservatório de Pedreira ao Rio Atibaia, que abastece a região de Campinas. As obras dependem de licenças ambientais. Uma audiência pública já foi realizada pelo Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) em São Paulo para discutir os projetos. O início de operação dos reservatórios está previsto para 2018. O espelho de água do reservatório de Duas Pontes, terá 3,93 km2 e capacidade para armazenar 43 bilhões de litros. O de Pedreira, com espelho d'água de 1,81 km2, armazenará mais 32 bilhões de litros.

 O PCJ considera a obra importante para o desenvolvimento da região. Parte da água será usada pela Refinaria de Paulínia (Replan), da Petrobrás, que acaba de ser ampliada. O DAEE autorizou a Replan a retirar 3,5 metros cúbicos de água por segundo do Rio Jaguari, tributário da bacia. A construção das barragens foi uma das exigências do PCJ para aprovação do empreendimento.

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IMPACTOS - O Grupo de Ações e Estudos Ambientais (Gaea), de Amparo, alerta para o risco de serem cobertas pelas águas formações geológicas históricas, além de remanescentes de florestas primárias de grande importância para a biodiversidade regional que inclui animais ameaçados, como onça parda, lobo-guará e lontra. Cerca de 300 hectares de matas que estavam sendo recuperados serão alagados.

  A maior intervenção está prevista para a bacia do Rio Paranapanema, visando ao transporte de água da Represa de Jurumirim para abastecer as regiões de Campinas e Sorocaba. Estão projetadas 12 barragens para a formação de uma cascata de reservatórios. O problema é o elevado impacto ambiental, afetando 22,3 mil hectares de matas. Para transportar água do Rio Piracicaba, próximo da foz com a Represa de Barra Bonita, serão necessários dez barramentos.

  Outros sistemas de grande porte, com seis barragens cada, preveem a reservação de água de afluentes da margem esquerda do Rio Paraíba para reforçar o abastecimento da região de São José dos Campos, e dos rios Juquiá/São Lourenço, no Vale do Ribeira, para abastecer a Grande São Paulo. Serão construídos 79 km de adutoras para levar a água da Represa do França, no Juquiá, para Cotia. Está previsto o transporte de água do mesmo Juquiá para a Represa de Itupararanga, que abastece a região de Sorocaba. Entre Itu e Jundiaí devem ser construídas três barragens - uma delas, a do Rio Piraí, está em fase de licenciamento.

 O Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) informou ter convocado uma audiência pública para apresentar o projeto das barragens de Duas Pontes e Pedreira, denominado Sistema Produtor Regional do PCJ. Durante o evento, marcado para esta quinta-feira (18), em São Paulo, serão prestados esclarecimentos, bem como colhidas sugestões e contribuição visando à licitação e contratação das obras.

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