PUBLICIDADE

Restaurantes e Bares

ZSan: um novo japonês heterodoxo

Veja como é comer no restaurante que tem o prestigiado sushiman Jun Yamauchi (o restaurante encerrou as atividades)

ZSan: um novo japonês heterodoxoFoto:

Botei na minha cabeça que, desde uma roubada monumental numa noite de fome anos atrás, nunca comeria de novo em restaurante que pesca clientes na porta. Virou uma regra: se tem alguém na entrada chamando os passantes, não entro. E eis que, semana passada, postado à frente da bela fachada do ZSan um simpático garçom tentava fisgar clientes na calçada da Oscar Freire. Eu já ia lá de qualquer jeito. O restaurante japonês recém-aberto, que trouxe o experiente sushiman Jun Yamauchi do Nagayama e que tem por trás um grupo de investidores também experimentado no comércio do comer e beber, merecia uma visita. Infringi minha lei… Crime e castigo.

Onde antes era o Alma María, ZSan tem entrada imponente e balcão de sushi convidativo. FOTOS: Gabriela Biló

Vamos lá. O ZSan, que funciona no espaço que abrigou o fugaz Alma María e depois o também breve Mozza, é muito vistoso. A portona de elementos vazados, emoldurada por uma estrutura de concreto, deixa ver o miolo da casa, de pé direito altíssimo e três andares. Parece um restaurante modernoso de Tóquio ou Osaka – com a vantagem de ser espaçoso, algo inconcebível no Japão. Logo à esquerda, na entrada, fica o sushibar. Voltarei a ele já, já.

Numa primeira visita, sentei no salão, com minhas companheiras de mesa. O Zsan se vende como um restaurante de cozinha japonesa fusion, o que ficou claro quando chegou o cardápio. Comprei a ideia: pedi coisas heterodoxas para uma casa japonesa, como uma porção de lula à dorê e uma de tortilla, sugestão de nosso garçom. Boas, as duas – mais a tortilla, com atum em cubos, que o molusco.

Mas é japonês? A entrada de tortilla de milho com atum é ponto alto do ZSan

PUBLICIDADE

Depois, fomos de combinado, o maior deles, chamado Zsan Degustação. O cardápio prometia sushis e sashimis variados. Mas a garçonete, quando perguntada, lascou o infalível trio: “tem atum, salmão e peixe branco”. Qual peixe branco? “Ah, peixe branco… Pera aí que eu vou ver”. Voltou com robalo e carapau. Pedimos a substituição do salmão, mas a troca não era possível.

A tal degustação chegou à mesa pouco variada, como a atendente antecipou. Os peixes vieram bem cortados. O arroz foi ponto alto, com boa liga e textura, ainda que com pouco vinagre. No geral, ficou certo gosto de decepção pelos R$ 179 do combinado de 43 peças.

Minhas esperanças ficaram para o sushibar, o balcão é o grande palco da melhor comida japonesa. É como a pequena área à espera de um Romário: o craque que num espaço mínimo, com frieza e precisão, define – fatia o peixe, manuseia o arroz, monta o niguiri. A variedade ali era boa, tinha sardinha, caranguejo centolla, uni (ovas de ouriço), buri (olho-de-boi). Tudo para se pedir aos pares. O nível do jogo era mais alto que o do salão. O buri gordo e a lula bem fresca estavam ótimos. Mas faltou o Romário.

A sardinha tinha espinho, o atum gordo, incômodas fibras. E a dupla de vieiras foi coroada por um azeite trufado que selou minha língua pelo resto da noite. Ficou, no fim, a sensação de que o Zsan para a meio caminho entre ser um japonês de consumo rápido, com hot rolls e coisas trufadas, e um sushibar de alto nível, mais ortodoxo. Tem o preço do último e o perfil do primeiro. Quem sabe com o tempo a casa define um rumo.

 Combinado simples de sushi

PUBLICIDADE

O MELHOR E O PIOR

Prove

A tortilla. É, pois é: o restaurante é japonês, mas a massa de milho crocante com atum semicru está entre o que há de melhor.

O arroz. Úmido e bem ligado, mas não empapado, algo raro.

Os saquês. A carta do fermentado traz variedade incomum por aqui (embora os preços, ave, dólar!, dificultem os tragos…)

PUBLICIDADE

Evite

A dupla de vieira. O delicado aroma do mar do bicho é afogado pelo óleo trufado.

O combinado Zsan. O menu diz degustação, mas a variedade é pouca e o salmão é muito.

ZSAN

Estilo de cozinha: japonesa, não tradicional (fusion, como dizem donos).Bom para: curtir o ambiente, no jantar.Acústica: A casa é grande, mas o barulho da conversa é controlado. O problema é a música pop/eletrônica, alta demais.Vinho: Oferta razoável, mas só uma opção com preço abaixo dos três dígitos. Taxa de rolha: R$ 60.Cerveja: Stella (R$ 9), Bohemia (R$ 8), Sapporo (R$ 19), Kirin Ichiban (R$ 14,50).Água e café: Garrafa de 300 ml a R$ 5,90. Expresso a R$ 6,50. Já que não serve água da casa, pelo menos o chá (R$ 6 a caneca) poderia ser cortesia, como é praxe em restaurantes japoneses.Preços: Entradas de R$ 8 a R$ 48; temakis de R$ 13 a R$ 31; sashimis (5 fatias) de R$ 16 a R$ 35; sushi (par) R$ 13 a R$ 33; combinados R$ 69 a R$ 179; pratos quentes R$ 31 a R$ 88.Vou voltar? Não tão cedo.

PUBLICIDADE

SERVIÇO - ZSAN Rua Oscar Freire, 439, Jardim Paulista Tel.: 3549-2893 Horário de funcionamento: 18h30/23h (seg. 19h30/23h30; sex., 18h/24h; sáb., 13h/16h e 19h/24h; fecha dom.) Valet: R$ 25 Ciclorrota na própria rua; não tem bicicletário* estabelecimento fechado

>> Veja a íntegra da edição de 8/10/2015

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE