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Veja iniciativas que combatem o desperdício de alimentos

Veja iniciativas que combatem o desperdício de alimentosFoto:

Gente bonita come fruta feia. Maçãs amassadas, cenouras tortas, batatas bulbosas. Se é feio, interessa à Fruta Feia, cooperativa portuguesa que combate o desperdício de vegetais fora do padrão vendendo-os a bons preços. O consumidor economiza – as frutas feias custam metade das bonitas – e o produtor ganha renda extra com a venda de produtos que seriam descartados. A ideia, que entrou em operação no fim do ano passado, deu tão certo que já tem uma lista de espera de mais de 2 mil consumidores. Fundada no fim de 2013, começou com oito fornecedores. Hoje, são 32. A iniciativa já evitou que 38 toneladas de alimentos fossem para o lixo.

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Miss Purê de Batata. Quando uma fruta feia vence as peneiras e chega às prateleiras, tende a ser ignorada pelos consumidores e estragar. Para mudar essa lógica, a rede de supermercados francesa Intermarché criou a campanha “Frutas e Vegetais Inglórios”. Com frases como “Esta batata ridícula pode ser uma Miss Purê de Batata”, a campanha ofereceu descontos de 30% nos vegetais feios e distribuiu sucos e sopas feitos com eles – para provar que eram tão bons quando os de frutas bonitas. Nos dois primeiros dias, a venda média foi de 1,2 tonelada, com aumento de 24% no movimento das lojas.

No Brasil, banquete de descartes. Por aqui, a Disco Xepa é exemplo de atitude antidesperdício. É inspirada em iniciativas do movimento Slow Food em Berlim e Paris. Na Europa, eles coletam alimentos descartados por mercados e feiras, ligam o som e fazem uma sopa. A versão brasileira, que começou ano passado com uma festa no restaurante Dalva e Dito, vai além e promove um banquete. A edição de maio, no Beco do Aprendiz (Vila Madalena), teve 30 voluntários, que distribuíram 300 refeições. No cardápio, cuscuz paulista, bolinho de arroz, caruru com sobra de quiabo, tomate confitado com praliné de pinhão e picles de rabanete. Tudo da xepa que iria para o lixo. Fabiana Urbal, Daniela Lisboa e Cássia Cazita, que trabalharam juntas nessa edição da Disco Xepa, decidiram levar a ideia ainda mais adiante e fundaram, há um mês, a Como Como. O misto de escola e espaço de convivência ocupa uma casa na Rua Dr. José de Almeida Camargo, na Vila Madalena, e oferece cursos e oficinas para combater o desperdício de alimentos e promover o consumo consciente e sustentável.

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O bom samaritano. Os restaurantes poderiam doar comida para instituições de caridade. Mas, por questões sanitárias, só é permitido doar frutas e hortaliças frescas ou produtos industrializados. Alimentos processados (ou seja, que passaram pela cozinha) não podem ser distribuídos. “Trabalhando em restaurantes, vi quantidades enormes de carne serem despejadas no lixo”, conta Urbal. Em 1996, foi entregue ao presidente Fernando Henrique Cardoso o Estatuto do Bom Samaritano, composto por quatro projetos de lei. O primeiro, o PL nº 04747/1998, isenta o doador da responsabilidade civil e criminal por danos que seus produtos causem. Ainda não permitiria que restaurantes doassem seus pratos, mas incentivaria supermercados e outras empresas a doar produtos próximos do vencimento. Hoje, o mais comum é descartar tudo por medo de responsabilização no caso de intoxicações alimentares.

 

Massimo Bottura

Revivendo Milão. Durante a Expo 2015 em Milão, as sobras das 400 toneladas de comida enviadas diariamente ao evento serão aproveitadas por chefs celebridades. Ideia de Massimo Bottura que chamou 40 chefs estrelados – entre eles René Redzepi, Gualtiero Marchesi, Ferran Adrià, David Chang e Gastón Acurio para fazer um banquete. As refeições serão servidas num teatro antigo revitalizado chamado Refettorio Ambrosiano. Durante o primeiro mês da Expo, as refeições dos chefs serão distribuídas a jovens estudantes e pessoas em situação de rua. Depois, o local se tornará um refeitório de caridade administrado pela Caritas.

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Só de sobras. O Real Junk Food Project, em Leeds, na Inglaterra, é um restaurante em que todos os pratos são feitos com ingredientes que seriam jogados no lixo. Tudo é doado por outros restaurantes, cafés e supermercados. A iniciativa é do jovem chef Adam Smith e a ele se juntaram outros jovens chefs e uma brigada de mais de 50 voluntários. O projeto funciona desde dezembro e menu muda todo dia. Um exemplo: queijo quente no pão, purê de lentilha, salada de pasta de grão-de-bico, batatas assadas recheadas, torta de carne. De sobremesa, gelatina e torta de chocolate. O preço? “O cliente faz um balanço entre o que foi servido e o que acha que vale e paga”, diz Connor Walsh, um dos responsáveis. “Quem tiver mais dinheiro e quiser pagar um pouco mais, ótimo; mas quem não tiver nada além da fome, come do mesmo jeito.”

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