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Comida

Neide Rigo, Mara Salles e Ana Soares investigam o universo das misturas

Neide Rigo, Mara Salles e Ana Soares investigam o universo das misturasFoto:

“Aqui em casa nunca tem sopa e sobremesa. A comida é servida no fogão, a gente só põe a mesa quando tem visita. A nossa família não fala janta, fala jantar”, disse Joana, do Rio de Janeiro.

“Na casa dos meus pais, ‘mistura’ é o que acompanha arroz e feijão, geralmente a carne. Meu pai era português, mas não vivia sem feijão”,falou Beth, de Santos.

FOTOS: Tiago Queiroz/Estadão

Falas assim, sobre o universo da alimentação doméstica, abriram a aula do trio Mara Salles, do Tordesilhas, Ana Soares, do Messa III, e Neide Rigo, coluna Nhac!, do Paladar. Há quatro semanas, Neide lançou em seu blog um desafio com perguntas sobre como comem as famílias de diferentes cantos do País, seus rituais e, sobretudo, o que entendiam pelo termo mistura. As respostas, pontuadas por elementos como chuchu, creme de milho e bife, foram parar em um vídeo, exibido na abertura da aula.

Mistura “é a maneira de diluir a carne no prato, é tudo aquilo que não é o arroz e o feijão”, explica Neide. Pode ser carne, peixe, frango, verdura refogada. “O entendimento do termo ‘mistura’ não é uniforme no País, porque ele não é usado em alguns lugares”, explica Neide.

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O trio também falou sobre o resgate da cozinha trivial brasileira e o quanto ela tem a ensinar. “Tem gente que diz que essa cozinha não tem técnica. Cortar a abobrinha batidinha tem, sim, muita técnica”, diz Neide. Esse resgate passa pelo vocabulário à mesa, que inclui termos como janta e bife, para os quais, muitas vezes, se torce o nariz. “Mantive com orgulho o jeito de comer e de falar”, disse Mara.

Mistura. O trio não poderia ter escolhido maneira melhor de demonstrar as misturas brasileiras. Ao lado de dois panelões de feijão e arroz, Ana, Neide e Mara apresentaram as receitas preparadas por suas próprias famílias.

Por meio de 19 “marmitinhas”, elas contaram as histórias como a do milho novo refogado, da salada de quiabo temperada com caldo de feijão, do virado de jiló, da salada de almeirão temperada com limão e até do “macarrão da vizinha”, que Ana Soares fugia de casa para poder comer.

Quando a mesa já estava cheia, Mara Salles finalizou a receita de seu feijão, que, segundo a chef, pode ser bom, ou pode ser extraordinário, quando feito com banha de porco. O cheiro alcançou a plateia, onde estava o chef Endinho Engel, do Amado, na Bahia. Era hora de provar arroz, feijão, carne. De mistura, cada um podia escolher o que preferia. “Espero que cada um revisite o que tem de história na mesa”, disse Neide, para se despedir.

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