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Bebida

Insiders, outsiders e modernos

Jean-Jacques (com Séverine e filhos) faz vinhos na França e Argentina


Alice, as crianças e o ‘cavalo que morde’
Foto:

Casal Bonnie

Região de Bordeaux: Pessac-LeognanVinho: Château Malartic-Lagraviére Jean-Jacques Bonnie é belga, formado em administração. Seus pais compraram o Château Malartic-Lagravière, e ele precisou aprender o ofício de fazer vinho. Foi para a faculdade em Bordeaux e conheceu Séverine, com quem se casou. Os dois moram na outra propriedade da família, o Château Gazin Rocquencourt. Jean-Jacques passa o ano viajando, pois produz os ótimos DiamAndes em Mendoza, na Argentina. Provei-os todos juntos, argentinos e bordeleses, de safras antigas e recentes. Os do Novo Mundo não se envergonharam frente aos europeus. O Malartic 2006 custa R$ 312 (Importadora Grand Cru, tel.: 3062-6388).

 

Alice, as crianças e o ‘cavalo que morde’  

Alice Cathiard-Tourbier

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Região de Bordeaux: Pessac-LéognanVinho: Château Smith Haut-Lafitte A inventora do conceito de Bordeaux Oxygène nem está mais diretamente ligada à produção de vinhos. Cuida do seu spa e hotel o Les Sources de Caudalie, que está grudado no château familiar e tem dois restaurantes, um deles com uma estrela Michelin. Claro que os vinhos servidos são os da família e, evidentemente, ela passa a maior parte do tempo lá, cuidando dos filhos gêmeos e dos cavalos que são usados na aragem da propriedade, inteiramente biodinâmica. A foto que bati ficou tensa, porque as crianças não paravam e ela sussurrava “este cavalo morde”, com medo, enquanto tentávamos juntar o grupo para a pose. Alice diz que antes, quando o Oxygène foi formado, eram todos solteiros e as festas eram mais comuns. Não ficaram sérios, mas o tempo ficou menor para se encontrarem. Ela tem o perfil perfeito de um membro outsider no Oxygène: os pais, campeões de esqui olímpico, enriqueceram com os esportes, investiram em supermercados e não estavam contentes. Passaram a vida ao ar livre, em atividades vigorosas. A administração de negócios trancados em escritórios parisienses não era o que almejavam. Descobriram o château à venda, desfizeram-se dos supermercados e investiram no vinho. As notas altas dos críticos, o reconhecimento do público, mostraram que estavam certos. O Smith Haut-Lafitte 2007 custa R$ 360 (Vinos & Vinos, tel.: 3129-8455)

 

Jean-Baptiste Audy e os pais  

Jean-Baptiste Bourotte-Audy

Região de Bordeaux: PomerolVinho: Château Bonalgue Se Alice Cathiard é a melhor representante dos que vieram de fora e viraram produtores de vinho, Jean-Baptiste é o arquétipo do outro perfil de membro do grupo Oxygène: o insider. Bordelês, terceira geração de família de negotiants (revendedores de vinhos, estabelecidos nos cais dos dois rios que cortam a região, o Dordogne e o Garonne), dirige hoje a empresa fundada pelo avô. Mas os Audys também foram picados pela mosca vinícola e compraram châteaux (o mais expressivo deles é o Bonalgue), além de exportarem diversos produtores minúsculos da região. Em uma manhã passada com ele, provei duas dezenas de vinhos que negocia, brancos e tintos. Destaco os que se encontram no Brasil, importados pela Ravin (tel. 5574-5789). O ótimo e elegante Château Bonalgue (no catálogo está o 2007, por R$ 328), um achado, taninos presentes, mas muito finos, carnudo, refinado. Já pode ser bebido, mas vai ganhar com a espera. Em um almoço com a família Audy, bebi um 1985, estava espetacular. Dos vinhos de negotiant, há o Château La Croix du Duc 2010 (R$ 55), muito frutado, para beber logo e bem fácil de consumir, até pelo preço. O mais classudo, Château Le Vieux Serestin 2006, por R$ 98. E meu favorito, top da minha degustação de bordeleses de bom preço, publicada na coluna meses atrás: o Rocher-Calon 2008, um excelente Pomerol, em que um toque de Cabernet Franc dá vivacidade à Merlot bem madura. Por R$ 104, é um exemplo de que vinho da região mais valorizada do mundo (estão lá o Pétrus, o Chéval Blanc e outros nomes assim…) não precisa explodir o orçamento.

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