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‘Gostei dessa cerveja. Parece vinho’

Sobre um convite a degustação de cervejas especiais

“Não gostei”, disse, na lata, a senhora a minha direita ao provar a cerveja que abria a degustação que conduzi no Festival de Tiradentes. Era uma cerveja clara, leve, fácil. Em seguida, ela me disse que só tomava cerveja convencional. Tremi. O rótulo de que ela não gostou seria minha aposta para convidá-la a provar cervejas especiais. A sequência era só porrada: cervejas escuras, amargas, maturadas em barril de madeira, tudo estranho.

O próximo copo era de uma porter defumada e ela arregalou os olhos, surpresa. Outra participante sugeriu marinar um frango naquela cerveja e servi-lo acompanhado com um copo da própria. A conversa animou e a senhora parecia entrar na brincadeira. Mas o terceiro exemplar a desagradou em cheio. Ela sentiu cheiro de chulé na black IPA. Eu também, mas pra mim era chulé bom, para ela era chulé mesmo.

Dali para frente, as próximas três cervejas eram imperial stouts maturadas em barril de carvalho. O envelhecimento em barril de madeira é o assunto do momento na cena cervejeira e rende exemplares complexos e intensos e, bem, difíceis. Previ uma derrota. Abri a primeira, servi e fiquei de olho. Ela provou e ficou de ti-ti-ti com a amiga. Ouvi sussurros de “vinho” e “jantar” e pensei: é, perdemos. Ela virou para mim e disse: “Gostei. Parece vinho. Dá para servir em um jantar”. Nunca iria imaginar que ela se encantaria justo com uma cerveja tão cabeça e reafirmar, desse jeito, a ideia de que todo mundo gosta de cerveja, só precisa descobrir qual.

 Foto: Estadão

FOTO: Christof Stache/AFP

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Madeira. Na foto, tanoeiro assina barril da fábrica Schmid, em Munique. A fábrica produz mil barris por ano, vendidos para cervejarias na Alemanha, Áustria, Suíça e EUA, país que, para variar, puxou a moda de maturar cerveja em barril. A moda chegou aqui e há bons exemplares.

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