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Disseram que cheguei americanizada

Algumas das American IPAs provadas e que agora começaram a ser importadas para o Brasil

Fã de cerveja parece torcedor de futebol: pode discorrer por horas sobre a fórmula ideal para o seu time – ou cerveja. Discorda e discute. Mas basta colocar um copo com a cerveja de coloração levemente avermelhada e aromas herbais e cítricos – buquê clássico das american IPAs, diga ái-pi-ei – que todos param de falar para beber.

A india pale ale, nascida na Inglaterra, é símbolo do renascimento da cerveja nos Estados Unidos. Na ex-colônia, ganhou traços próprios e um prenome: virou american india pale ale.

 Foto: Estadão

Kit. Algumas das American IPAs provadas e que agora começaram a ser importadas para o Brasil. FOTO: Fernando Sciarra/Estadão

Esses nomes e sobrenomes podem parecer complicados, mas não são. Comece pelo ale. Ele quer dizer que essa é uma cerveja de alta fermentação (sua levedura fermenta em temperaturas mais altas que as da outra grande família cervejeira, as lagers) e, por isso, quase sempre, ela será mais expressiva. O pale fala sobre a cor da cerveja: significa pálido e remete a uma cartela de amarelos que pode ir do mais pálido mesmo até os mais dourados – no caso, as IPAs podem ser avermelhadas. Já o termo india remete à história do estilo, que nasceu para matar a sede dos britânicos que estavam colonizando a Índia.

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Aromática, explosiva, amargona, a american IPA é a anticerveja convencional. É potente, o oposto das american light lagers. Fisga todo mundo que decide conhecer cerveja. Acontece que, curiosamente, há uma carência de rótulos norte-americanos por aqui, pois o consumo local nos EUA é alto e as cervejarias pequenas só atendem à demanda regional. Quando a cervejaria cresce e começa a pensar em exportar, mira logo a Europa – e não o Brasil.

Mas essa escassez – em parte suprida pelas muitas cervejas brasileiras que seguem o estilão gringo de fazer IPA – está diminuindo. Novos rótulos estão sendo importados. Provei quatro belos exemplares na companhia de Raphael Rodrigues, do Allbeers, e Rene Aduan Jr., beersommelier.

ABC da IPA

O que é IPA?

A IPA é uma ale clara com dose extra de lúpulo – que é conservante. A ideia era garantir que a cerveja chegasse boa para os ingleses que moravam na Índia.

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American IPA

Símbolo do renascimento da cerveja norte-americana, é uma IPA com lúpulos muito aromáticos, cheiro de frutas cítricas e tropicais e notas herbais.

American IPA do Brasil

Há dois bons exemplos de IPA com algo brasileiro: a MaracujIPA, da 2Cabeças, que leva maracujá, e a Indica, da Colorado, com rapadura. Há outras tantas american IPAs, como a Júpiter, a Way, a Dama e Seasons (Green Cow).

BALLAST POINT SCULPIN Origem: San Diego, CalifórniaPreço: R$ 24 (355 ml) Foi a favoripa absoluta da prova (eram 13 rótulos). No nariz, uma banca de frutas sob o sol. A quitanda inteira apareceu: lichia, graviola, manga. É um nariz sorridente. E a cor e a espuma são lindas. Na boca, ficamos tão encantados, que anotei: “Redonda, amargo e doce dançam ciranda”. (E olha que ainda não estávamos nem no meio da prova, não havíamos bebido muitas). Combina com sushi.

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RUBICON IPAOrigem: Sacramento, CalifórniaPreço: R$ 37 (650 ml) Simples, mas bem resolvida. É uma american india pale ale com cada uma das letras. Nariz de cerveja que tem bastante lúpulo. Boca de cerveja que tem bastante lúpulo. Mas tudo equilibrado. Tem um final mentolado que é um sopro e ajuda na harmonização, porque dá vontade de comida indiana. Combina com frango ao curry daqueles de fazer em casa.

HOP ROD RYEOrigem: Healdsburg, CalifórniaPreço: R$ 20 (355 ml) Essa cerveja da Bear Republic é uma IPA com centeio, o que faz que seja mais licorosa. É uma cerveja robusta. Não espere frescor, ela não é assim. No nariz, frutas caramelizadas e cítricos. Na boca, uma pancada amarga. Combina com pratos potentes, carnes gordurosas ou ricas em colágeno. Um bife de tira assado no carvão: os tostados da crosta casam perfeitamente com os caramelos da cerveja.

LOST COAST INDICAOrigem: Eureka, CalifórniaPreço: R$ 21 (355 ml) É a mais rústica desta rodada. Rústica no sentido bom. Uma cerveja para caubóis sedentos. Se fosse um tecido, seria juta. No nariz, evidencia o equilíbrio entre os aromas de malte e os de lúpulo. Na boca, é uma cerveja fresca, viva, o amargo e o doce vibrando. Combina com pôr do sol e com escondidinho – melhor ainda se for um escondidinho de uma carne mais gorda, escondidinho de rabada.

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