Durante três dias, a diversidade temperou as aulas e engordou nosso receituário com dezenas de pratos preparados pelos chefs. O que se viu – e comeu – foi um pouco de tudo. Alex Atala, do D.O.M., buscou referência no livro de Ofélia Anunciato, uma das primeiras culinaristas da TV brasileira, para fazer sua maionese de leite.
Jefferson Rueda, do Attimo, aplicou técnicas ultramodernas no preparo dos desprezados miúdos, dando ao bucho, ao mocotó e ao fígado tratamento de primeira. Rui Gomes, do Grand Hyatt, reinterpretou a moqueca (foto menor) e o escondidinho de carne-seca com abóbora, numa aula muito concorrida. Já o trio Mara Salles, Neide Rigo e Ana Soares recuperou a tradição ibérica de usar morcela, o embutido feito com sangue, no preparo de doces. E assim nasceu um pudim com castanha de caju, rapadura, leite, especiarias… e morcela.
Especialidades de outros locais ganharam toques brasileiros, como as tapas de Ligia Karazawa, as tortilhas de Lourdes Hernández, a doçaria francesa de Daniel Briand e o hambúrguer de Paulo Yoller.
E como todo mundo estava ali para comer, beber e conversar, diletantes e experts dividiram a plateia, pediram dicas e trocaram receitas. Sinal de que querem mesmo voltar à cozinha. Como num encontro de comadres, a aula de bolos brasileiros da chef Carla Pernambuco foi um bom exemplo. Receita de bolo nunca é demais.