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Alimentário: exposição para quem come arte

O Paladar levou o trio Neide Rigo, Mara Salles e Ana Soares à exposição Alimentário, que ocupa a Oca do Ibirapuera até o fim de março com obras de arte, escritos e filmes sobre o jeito brasileiro de comer

Alimentário: exposição para quem come arteFoto:

História, afetividade e cultura alimentar. Esse trio de palavras é a cara do trio gastronômico Ana Soares, Mara Salles e Neide Rigo. As chefs do Mesa III e do Tordesilhas e a colunista do Paladar visitaram a exposição Alimentário, que ocupa a Oca do Ibirapuera até o fim de março. E ficaram impressionadas.

 
 
 
 

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Alguma vez na vida você deve ter tomado um drinque com cerveja. Se esqueceu é porque talvez ele tenha sido bebido naquele momento da empolgação, quando alguém sugeriu fazer um submarino, famoso “embriagador” preparado com a cerveja que está à mão e o Jägermeister da prateleira. Essa história mudou. Coquetéis com cerveja estão na moda e evoluíram da empolgação sem juízo para receitas criadas por barmen mundo afora. 

As três passearam por baixo da instalação Antes que eu te Engula Carrocelflower, de Ernesto Neto. Cada estame da gigantesca flor é uma bolsa cheia de tempero, exalando aromas de cozinha. Ao lado, a projeção do filme Poliedro de Frutas (Pedro Paiva e João Maria Gusmão) virou a cabeça de Ana. A mesa de frutas descascadas driblava a gravidade. “Aquilo tudo fica girando e dançando. Diz muito para mim”, exaltava a chef.

Em frente ao Abacaxi com Formiga Amazônica, foto do prato de Alex Atala, Neide dá uma lição sobre saúvas. “Se a içá sobrevive ao voo, funda um formigueiro que dura oito anos. Por isso, é melhor comer mesmo.” Mara ficou fascinada pelas instalações no chão. Abaixou para observar os vidros recobrindo vísceras (de madeira) em Ruína e Charque, de Adriana Varejão. “Pirou na paçoca” com a lombada do doce em Quebra-Mola, de Débora Bolsoni. E adorou o cheiro da piscina de dendê Bipolar 2, de Ayrson Heráclito.

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Na boca. O biscoito-arte fez o trio pensar na efemeridade do trabalho de um chef. FOTOS: Fernando Sciarra/Estadão

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Faltou luz na Oca no meio da tarde. Mas o pique não diminuiu e a visita continuou no escuro, com a luz do celular de Felipe Ribenboim, um dos idealizadores da mostra. Que bom que, antes, deu para ver o filme Casa de Farinha (Geraldo Sarno/Thomaz Farkas). As três se sentaram no banquinho e ficaram imóveis por 13 minutos vendo camponeses nordestinos transformarem a mandioca em pó, passo a passo. Nem um pio.

O biscoito Arte, de Regina Silveira, foi o primeiro a recepcionar as visitantes, e ficou como o momento mais marcante. Foi fotografado sobre um prato à espera de ser devorado com garfo e faca. “A gente faz coisas belas, mas tão efêmeras que me questiono se constituem arte”, diz Mara. “Em um prato, posso priorizar a estética ou o sabor. Não gostaria de sacrificar nada, mas, se precisasse, com certeza sacrificaria a estética.” Os idealizadores da exposição tentaram resolver a questão da efemeridade de duas maneiras. Uma é trocar periodicamente alguns alimentos, como as frutas cítricas que dão cheiro e vida à pintura Natureza-Morta, de Estevão Roberto da Silva. Outra forma é exibir criações de chefs pela fotografia. Imagens de Sergio Coimbra registram o trabalho de Alex Atala (D.O.M.), Helena Rizzo (Maní), Rodrigo Oliveira (Mocotó) e Thiago Castanho (Remanso do Bosque). Desde que foi inaugurada no Rio, no ano passado, a exposição tem entre seus objetivos mostrar a comida de restaurante ao lado da história alimentar brasileira. Escritos e gravuras, filmes e fotografia podem ser mostrados ao lado de temperos e dadinhos de tapioca. Ao fim, as três comeram réplicas do biscoito de Regina Silveira. “Se é de comer, eu como”, diz Neide.

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Cheiros. A flor de aroma feita por Ernesto Neto tem um tempero em cada estame. FOTO: Gabriel Bilo/Estadão

SERVIÇO | AlimentárioOnde: Oca – Parque do Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº)Quando: 9h/18h (fecha 2ª). Até 29/3Quanto: Grátis

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 5/2/2015

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